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Guia para Gestores de Escolas

Conversa com o Gestor — Colégio Guilherme Dumont Villares

NA “ESCOLA FORMADORA”, UMA GESTÃO EMPREENDEDORA

Fundado há quase 30 anos sob as diretrizes de um plano diretor de gestão e educação, o Colégio Guilherme Dumont Villares sempre teve no planejamento um de seus pontos fortes. A escola cresceu conforme um plano de negócios previamente traçado pela sua mantenedora, algo raro nas instituições de educação básica, ao mesmo tempo em que desenvolveu toda uma expertise de formação de professores e alunos, constituindo-se em uma verdadeira “escola formadora”.

Por Rosali Figueiredo

A partir da definição de dez diretrizes para a execução do trabalho docente e contando com o apoio de um Laboratório de Ideias e Processos Inovadores, o Colégio Guilherme Dumont Villares vem aplicando neste ano um novo projeto, a Ação de Nova Mediação. O propósito é oferecer novas ferramentas ao professor, “para que estimule o desenvolvimento das potencialidades latentes dos alunos e faça com que cheguem a estabelecer operações de pensamento adequadas e a conhecer e a explorar o próprio potencial”, explica a diretora e mantenedora Eliana Baptista Pereira Aun. Segundo define Eliana, o Guilherme Dumont Villares se caracteriza como uma “escola formadora, de professores e de alunos”, pois na base de todo o seu projeto pedagógico se encontram dois objetivos bem demarcados: a transmissão e a consolidação de valores e a inserção dos estudantes nos grandes debates mundiais.

“Temos uma plataforma que contempla o desenvolvimento do ser dentro dos princípios fundamentais de Piaget, que dedicou sua vida a desvendar como se dá a aprendizagem e percebeu que esta acontece por sucessivas construções ao longo da fase de maturação. As capacidades estão latentes para serem estimuladas nos estudantes”, destaca a mantenedora. Desta forma, desde o princípio o Colégio Guilherme Dumont Villares investe na renovação dos métodos do ensino-aprendizagem, enquanto, por outro lado, está sempre lançando projetos capazes de estimular as potencialidades das crianças, jovens e adolescentes, bem como um comportamento pró-ativo, mais cidadão. Junto aos docentes, por exemplo, tem como filosofia permanente orientar e compartilhar a criação de estratégias e técnicas de abordagem inter e transdisciplinar. Junto dos alunos, busca constantemente proporcionar um significado para a aprendizagem, com base em “valores bem posicionados” e no seu envolvimento afetivo e intelectual com o que acontece no mundo.

As dez diretrizes da Ação de Nova Mediação pretendem, assim, orientar a atuação do professor para que consiga chegar aos estudantes, além de atingir “resultados compatíveis com o que o mundo pede”. “É um processo de formação de ambos, alunos e professores, que dá significado à aprendizagem.” Mas essa aproximação com o trabalho docente ganhou corpo ainda nos anos 90, quando o colégio lançou o Projeto Considere, ainda hoje o carro-chefe de suas ações. “Considerar (do Latim considerare) significa respeitar, estimular, reconhecer, dar importância, ter deferência, acatar, pensar em, ponderar, apreciar, observar, conceber, crer, ter em alta conta, refletir, meditar, examinar, deter a vista em, contemplar, raciocinar etc.”, segundo destaca um documento institucional do colégio. Ou seja, “o Considere resume todas as melhores expectativas que se possa ter num contato pessoa a pessoa”.

Concretamente, o Considere visa a superar antigas práticas pedagógicas, manter em movimento a descoberta de novas abordagens de ensino e introduzir programas educacionais capazes de dar suporte ao desenvolvimento das potencialidades e valores dos estudantes. No seu bojo, surgiram, nos últimos anos, iniciativas especiais, como o Núcleo de Educação para os Direitos Humanos, a parceria com o Sebrae (empreendedorismo) e o Projeto Vida, o qual apresenta aos estudantes, paulatinamente, informações e vivências relativas ao ambiente profissional.

Mais recentemente, veio a implantação do Laboratório de Ideias e agora da Ação da Nova Mediação (veja as diretrizes na página 20), cuja efetivação se dá junto aos professores por meio de quatro horas aulas remuneradas de atividades semanais, de jornadas de atualização pedagógica, e de apoio financeiro para que frequentem cursos de formação. “Nunca foi tão necessário o investimento no profissional, porque estamos lidando com uma geração que tem reações e é movida por estímulos absolutamente diferentes das anteriores. Fala-se agora em geração Z, posterior à Y (que já era dos chamados nativos digitais). A composição das redes neurais dos filhos dos nativos digitais é completamente atípica, eles apresentam inputs diferenciados e esperam ações diferenciadas”, analisa Eliana. Além disso, é uma geração acostumada a realizar suas atividades de maneira muito mais individualizada, obrigando a que as escolas tenham “um foco muito grande no aprendizado do convívio social”, complementa a diretora. Também é preciso trabalhar valores e disciplina, caso contrário “não consigo a sua inserção no processo de ensino-aprendizagem”.

UMA OPORTUNIDADE PARA SE DESCOBRIR AS APTIDÕES

Os espaços de aprendizagem do Colégio Guilherme Dumont Villares estão sempre tomados pelos alunos, mesmo nos horários das chamadas disciplinas eletivas, que complementam a carga curricular obrigatória da escola. Há dias em que 900 de seus quase 1.500 alunos retornam à instituição no horário invertido, para atividades de artes, música, xadrez, robótica, diferentes expressões corporais e modalidades esportivas, empreendedorismo, voluntariado, entre muitas outras.

O colégio oferece 64 cursos eletivos, nas áreas de artes plásticas, musicais e cênicas, de ciências e tecnologia, de raciocínio lógico, de biotecnologia etc. “Eles proporcionam sondagens de aptidões e autoconhecimento, já que no acesso a essas oportunidades os estudantes desenvolvem sinapses cerebrais diferenciadas, estabelecem relações entre o fazer e a teoria”, explica a diretora Eliana. “As disciplinas eletivas são tão importantes quanto as obrigatórias porque dão significado ao conhecimento”, destaca. De acordo com a mantenedora, os cursos não geram ônus para os familiares.

Outro ponto de destaque da escola está na parceria com esses familiares, especialmente pelo trabalho da Associação de Pais e Mestres (APM), que cuida da gestão da cantina e das festas juninas e utiliza sua verba na melhoria da infraestrutura e dos equipamentos da própria escola, bem como na concessão de doze bolsas de estudos anuais por mérito aos estudantes. (R.F.)

O COMEÇO INOVADOR PELAS MÃOS DE UMA “EXECUTIVA DO ENSINO”

Graduada em Biologia e Pedagogia, com mestrado em Gestão Escolar, a mantenedora Eliana Baptista Pereira Aun já acumulava pelo menos 19 anos de experiência no desenvolvimento de projetos especiais em educação quando iniciou as atividades do Colégio Guilherme Dumont Villares. Foi em 1983, ano em que adquiriu uma escola de Educação Infantil da região do Portal do Morumbi e montou um plano diretor de implantação do colégio para um prazo de oito anos, em terreno parcialmente adquirido junto da família do empresário e filantropo Guilherme Dumont Villares.

Eliana, na época, já apresentava um perfil diferenciado de gestora em educação, pois entre os anos de 1975 e 1983, fizera parte da equipe de uma grande construtora brasileira que implantou grandes núcleos habitacionais junto a hidrelétricas como Itaipu, Eletronorte e Tucuruí, entre outras. Em Tucuruí, por exemplo, às margens do rio Tocantins, no Pará, Eliana coordenou a implantação de 18 unidades escolares, de educação básica e ensino profissionalizante, cuidando desde a edificação da estrutura física à formação e contratação de professores e ao desenvolvimento do projeto pedagógico.

Em Tucuruí, diz Eliana, chegou a se formar um centro de treinamento de mão de obra para toda a região Norte. Em sua gestão, a rede escolar local atendeu a 28 mil estudantes. A educadora era chefe da Divisão de Educação e Cultura da construtora, coordenava uma equipe de 80 pessoas, atuava como uma verdadeira secretária de educação do núcleo habitacional vinculado à hidrelétrica e vivenciou, no ambiente empresarial, um importante processo de formação em gestão. Eliana aponta que a experiência a ajudou a desenvolver “um olhar atípico de executiva do ensino”, pois na época “isso era algo extremamente utópico no contexto educacional”, sequer havia “cursos de graduação ou pós com essa perspectiva”.

Eliana aplicou todo esse know-how no empreendimento do Colégio Guilherme Dumont Villares, “o que deu o nosso diferencial”, observa a mantenedora. Em uma área de 12 mil metros quadrados, localizada na própria Avenida Guilherme Dumont Villares, a diretora seguiu passo a passo seu plano diretor de construção das duas unidades da escola (uma de Educação Infantil, outra de Ensino Fundamental e Médio) e implantação, gradual, de cada um dos ciclos escolares. “Estávamos nos instalando em um bairro onde havia escolas tradicionais e consagradas pelo tempo, então optamos por uma linha comedida, em que pudéssemos instalar gradativamente o nosso trabalho, porque a educação se constrói ano a ano, os cuidados têm que ser sempre os mesmos e os resultados são de médio e não curto prazo”, diz, acrescentando que estes devem ser, simultaneamente, “atitudinais e formativos”. Quando comprou a escola de Educação infantil, herdou somente 80 alunos, número que no ano seguinte saltou a 300, com a introdução da 1ª e 2ª série. “Crescemos cinco vezes em doze meses e, em 1989, um ano antes do estipulado pelo nosso plano diretor, chegamos ao Ensino Médio.” Atualmente com quase 1.500 estudantes, Eliana avalia que o colégio se consolidou pelo empenho persistente e diário de sua equipe ao longo de todo o período. (R.F.)

DIRETRIZES PARA A MEDIAÇÃO DOCENTE

1. Apoiar o processo educacional;

2. Trabalhar interdisciplinarmente e transdiciplinarmente;

3. Preparar e ministrar aulas visando à integração de procedimentos e de áreas do conhecimento e proporcionando aos alunos a vivência de situações-problemas;

4. Estimular o desenvolvimento da criatividade e inventividade do educando;

5. Ampliar, consolidar e dar continuidade às disciplinas eletivas;

6. Mapear eventuais dificuldades dos alunos de forma a identificar aqueles que somente reproduzem a aprendizagem e aqueles que conseguem aplicá-la e transferi-la;

7. Identificadas as dificuldades, estabelecer estratégias e técnicas diferenciadas que mobilizem a aula e auxiliem os estudantes a superar o estágio em que se encontram;

8. Nas avaliações, priorizar os descritores, os objetos do conhecimento, as habilidades ou as operações de pensamento;

9. Ter presente que o professor, mais do que ninguém, é aquele que detém a capacidade e a eficácia de ensinar e orientar os alunos;

10. Ensinar por competência significa desenvolver uma ação educativa que pressuponha a prontidão do alunado para desenvolver: conhecimento, habilidade e uso/aplicação. (Colégio Guilherme Dumont Villares)

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