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Guia para Gestores de Escolas

Educar pela via do afeto

“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho.”  (Por Rubem Alves)

Para que serve a informação se não soubermos pensar sobre ela (estabelecer relações)? Como educadora não acredito que televisão e computadores possam por si só educar nossas crianças e jovens. Na minha opinião, para que haja conhecimento e que este evolua para um verdadeiro “saber” é preciso que se estabeleça uma relação humana. Apenas o homem pode conduzir o homem ao crescimento.

A educação, o aprender se dá na relação afetiva que professor e aluno estabelecem diariamente, não é piegas, e sim um vínculo entre seres humanos. É uma relação de afeto no contexto da educação (eu-tu-informação). O que passa pelo Coração fica guardado na memória, disse Adélia Prado.

Nós, educadores, precisamos ensinar nossos alunos a olhar para o seu entorno social. É necessário fazer com que os jovens desenvolvam o amor, a solidariedade e principalmente a tolerância com as diferenças.

Ensinar-aprender na minha concepção se dá através do toque, do olhar e, sobretudo, na lentidão diária da relação professor-aluno. Vários estudiosos afirmam que a principal “doença” do século é a solidão, e cabe a nós educadores tentarmos reverter este quadro. Através do ato amoroso que consiste em querer que alguém nos entenda, nos ouça e nos veja, isso é que chamo de relação afetiva, é o famoso olho no olho, o que já não é possível ocorrer quando se passa cinco horas (ou até mais) diante de um computador. O que representa o Orkut hoje na vida das pessoas? Nada mais do que um jeito novo de se relacionar e conversar com o outro. Na adolescência, muitas vezes o amigo é uma extensão de si mesmo.

Alguns de vocês já pararam para analisar a nova linguagem dos jovens, principalmente a que ocorre via computador? Eles falam e escrevem para alguém? Onde está o Sujeito dessas conversas? Ele realmente aparece ali? Ou é uma nova forma de não se expor? Uma forma de falar…falar… e não falar nada?

A informação é muito bem vinda, o acesso rápido é ótimo, desde que eles passem  por uma reflexão, caso contrário, corre-se o risco de reduzir o homem à condição de objeto. A relação humana é o que existe de mais bonito, só que se relacionar dá  trabalho, ela é construída no dia a dia, passo a passo, e não tem como ser diferente. É preciso tempo e investimento, construção e desconstrução.

Eu sugiro a cada um de vocês que parem o que estão fazendo e se perguntem: Como andam as minhas relações? Pais, marido, esposa, filhos, alunos? Enfim, como eu ando comigo mesmo?

É preciso fertilizar o campo do afeto, olhar para o lado e ver as pessoas que nos cercam, elogiar nossas crianças e  jovens, admirá-los,  pois o afeto precisa ser adubado e regado diariamente. Educar com afeto é investir no desenvolvimento de uma nova geração. De nada servirá a rapidez das informações se não houver uma evolução do pensar criticamente e do refletir sobre nossa existência. Quem sou EU?.

Por Jane Patricia Haddad *

 

jane*Jane Patricia Haddad é pedagoga, com especialização em Psicopedagogia, Docência do Ensino Superior e Psicanálise. Atuou por mais de 20 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora, é consultora institucional e conferencista. Autora dos livros: “Educação e Psicanálise: Vazio existencial” e “O Que Quer a Escola: Novos Olhares resultam em Outras Práticas”, ambos publicados pela editora Wak, do Rio de Janeiro. Atualmente cursa o Mestrado em Educação na Universidade Tuiuti no Paraná , onde seu tema de pesquisa é a Indisciplina Escolar.

Mais informações: [email protected]

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