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Guia para Gestores de Escolas

A importância de avaliações como o PISA para a melhoria do ensino e desenvolvimento de um país

A Finlândia é considerada uma nação de destaque na qualidade da educação. É o que mostram os dados do PISA (Program for International Student Assessment), coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa é feita de três em três anos com o objetivo de avaliar o sistema de educação dos países participantes quanto ao ensino de Leitura, Matemática e Ciências. Na edição de 2009, participaram 20.127 estudantes brasileiros, sendo 239 da escola pública federal, 2.309 da escola privada, 16.250 da escola pública estadual e 1.329 da escola municipal. O Brasil ficou na 53ª posição entre os 65 países do PISA 2009.

Comparações como essa requerem cuidado extremo, devido às diferenças socioculturais que definem os métodos educacionais de cada nacionalidade. Porém, alguns aspectos podem servir de exemplo a qualquer sistema de ensino. Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação da Finlândia, quando esteve em São Paulo, em 23 de maio, para um seminário sobre o regime de educação de seu país, afirmou que se orgulha da imagem de sua nação: o maior recurso é o humano, a economia tem base no conhecimento e, tão ou mais importante que os bons resultados, é a equidade entre as escolas.

O PISA mostra que nem todos podem comemorar essa conquista. Para os critérios da pesquisa, estudantes com baixo desempenho são aqueles que não alcançam o nível 2, considerado o mínimo aceitável de proficiência em Leitura. Já estudantes com alto desempenho são aqueles que alcançam o nível de proficiência 5 em Leitura ou acima disso. Entre os países da OCDE, 17,7% dos estudantes estão abaixo do nível 2, 24% estão no nível 2, 28,9% ficaram no nível 3 e 20,7%, no nível 4 ou acima. No Brasil, 44,6% dos jovens avaliados estão abaixo do nível 2, 27,1% atingiram o nível 2, 15,9% ficaram no nível 3, e somente 6,1% chegaram ou passaram do nível 4.

Ainda vemos aqui uma diferença bastante relevante entre os resultados das escolas públicas e privadas. No PISA 2009, as públicas federais obtiveram média de 535 pontos em Leitura; as escolas privadas, 516; e as públicas estaduais, 403. Essas pontuações colocam nossas particulares e públicas federais entre as melhores do ranking internacional (Xangai-China foi a 1a colocada, com 536, e a Austrália ficou em 9o, com 515). Estudantes que reportaram ler mais tempo – entre uma e duas horas por dia – e leitores assíduos, que leem por prazer por mais de duas horas diárias, alcançam pontuação de 532 e 527 pontos, respectivamente. O mesmo acontece com as avalições em larga escala nacionais.

Um dos problemas brasileiros detectados pela pesquisa é o fato de que muitos alunos até chegam a se alfabetizar, mas não desenvolvem adequadamente suas habilidades de leitura e escrita ao longo do Ensino Fundamental. De acordo com o relatório do movimento Todos pela Educação, na última edição da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova ABC 2011), exame que verifica a qualidade da alfabetização das crianças que concluíram o 3º ano do Ensino Fundamental, apenas 56,1% dos estudantes aprenderam o que era esperado em leitura. Os resultados também variam entre as redes de ensino: os alunos da rede privada atingiram 216,7 pontos em leitura e, os da rede pública, ficaram com 175,8 pontos, de acordo com o relatório.

Entretanto, somente a observação das médias não leva à compreensão adequada da situação brasileira. Tais resultados devem atuar como ferramenta de auxílio ao cumprimento das metas governamentais estabelecidas. A avaliação do sistema permite ao País redirecionar investimentos para cumprir os objetivos firmados, redefinir prioridades e políticas educacionais, além de servir como indicador de qualidade para alunos e professores, ajudando as escolas que têm autonomia a reorientar o currículo.
A melhoria da qualidade de ensino é um processo complexo, que exige uma política bem estruturada, continuada e acompanhada, o que pressupõe participação do governo e da sociedade. É importante planejar o uso dos investimentos e elaborar estratégias de acompanhamento dos resultados. Além disso, os sistemas de ensino precisam se comprometer com o aprendizado, a fim de proporcionar desafios para que os estudantes possam desenvolver todo seu potencial. Escolas com bons resultados estabelecem padrões educacionais elevados.

Por Suely Nercessian Corradini*

 
SUELY-NERCESSIAN-CORRADINI
Suely Nercessian Corradini é diretora pedagógica do Colégio Vital Brazil, na zona Oeste de São Paulo. Possui graduação em Letras e em Pedagogia, mestrado em Educação, Arte e História da Cultura e doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, com o tema “Indicadores de qualidade em educação: um estudo a partir do PISA e da TALIS”.

Mais informações: www.vitalbrazilsp.com.br

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