Multidisciplinaridade ainda é pouco praticada nas escolas do país

 Na sala de aula, de que maneira os professores estão abordando com seus alunos o problema da escassez de água em diferentes regiões do país, especialmente a registrada no Sudeste, que há mais de um ano repercute nos noticiários? É bem provável que os professores de biologia tenham já explorado de alguma maneira esse assunto, com exercícios ou testes de conhecimento nas provas de avaliação. Mas, os professores de outras disciplinas já fizeram alguma coisa a respeito?

Para a pedagoga, mestre em Educação e diretora de serviços educacionais do Grupo Saraiva, Francisca Romana Giacometti Paris, este é apenas um exemplo de um tema do cotidiano que poderia muito bem ser explorado pelas escolas por meio da multidisciplinaridade. “Embora se fale muito sobre, o que notamos aqui no Brasil é que são pouquíssimas as escolas e educadores que de fato, e de certo modo, a praticam. As escolas ainda precisam avançar muito mais nesse sentido”, diz a educadora.

Em países onde o sistema educacional é bem mais desenvolvido, projetos multidisciplinares já são uma realidade há tempos em muitas escolas. Inclusive, notícias recentes publicadas pela imprensa estrangeira e que repercutiram no mundo todo até apontavam para o fim das disciplinas tradicionais nas escolas finlandesas, o que o governo tratou de negar logo em seguida, mas confirmando que há planos de aumentar os projetos de multidisciplinaridade em 2016.

Para Francisca, a multidisciplinaridade tem a capacidade de tornar o aprendizado bem mais atrativo aos estudantes. “Quando você percebe a relação de certa coisa com outras, isso se torna mais interessante, passa a fazer muito mais sentido, tem lógica, é melhor compreendido. O aluno que entende melhor sobre o que está sendo passado em sala de aula naturalmente se interessa mais. Enquanto a dificuldade leva muitas vezes ao desinteresse, que acaba resultando no abandono”, diz a pedagoga.

Mas é importante que as escolas também estimulem seus professores a trabalharem dessa forma, oferecendo condições e dando a eles o suporte necessário para isso. “A multidisciplinaridade acaba sendo também um ótimo exercício para os professores, pois é necessário que eles se planejem, troquem ideias e conhecimentos de suas áreas, para que possam elaborar de que maneira vão trabalhar juntos neste projeto”, completa a diretora de serviços educacionais do Grupo Saraiva. 

Em quanto tempo e qual é a quantidade de chuva necessária para que os principais sistemas de abastecimento de água dos grandes centros urbanos voltem a atingir níveis normais? É viável obras de transposição de rios como alternativa para ajudar a resolver o problema? Questões como essas podem ser trabalhadas com um projeto de multidisciplinaridade, abrangendo matemática, geografia entre outras disciplinas tradicionais. É preciso apenas que os professores a exerçam.   

  

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