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Guia para Gestores de Escolas

Para que serve o Conselho de Classe?

Conselho de Classe: bom senso, conhecimento, respeito e união entre os docentes

Para o professor, uma parte de seu ofício que ele não gosta é o Conselho de Classe, pois ainda se tem a ideia de que o conselho não servirá para nada, tendo em vista os sistemas de ciclos instituídos por vários municípios e estados, dando a entender que o aluno será aprovado. Nesta hora, muitos professores se perguntam: Por que eu me “mato” tanto durante o ano para chegar aqui e ter de mudar minha nota e não reprovar este aluno?  Um conselho de classe sem visão provocará discussões acirradas e eventuais conflitos entre profissionais que estão ali para o mesmo objetivo: progredir o aluno.

                Já trabalhei em diversas escolas entre públicas e privadas e o conselho sempre foi uma peça chave para dividir equipes e distorcer imagens de professores. O fato é que precisamos seguir as normas estabelecidas pelas leis gerais, depois pelas leis específicas que são da escola e do professor.

                Em vários conselhos, vi professores alterando notas com os olhos fumegantes de raiva e ódio por determinados colegas que não “respeitaram” seus pontos de vista e o mesmo começará a achar que existe um “complô” contra ele ou que os colegas pensam que ele não sabe avaliar. Verdadeiramente falando, isso pode ocorrer, mas para não chegar nesta situação, o educador precisa fazer várias reflexões antes de argumentar sobre a nota.

                Ao caminhar de minha carreira, juntei leis e procedimentos que fiz nestes momentos e percebi que dão certo, mas é necessário muito bom sendo e reflexão para se colocar em prática. Lembrando que o Educador precisa ter comprovação sobre sua linha de avaliação e ser preciso na hora de argumentar.

                Durante o bimestre o professor tem vários projetos, conteúdos e avaliações para a realização. Com tudo isso, se perde anotações essenciais para serem usadas em conselhos de classes, além de visões fragmentadas para a hora de argumentar.

                Antes de iniciarmos os procedimentos, quero deixar claro que mesmo com o sistema de ciclos, o professor poderá reprovar o aluno, desde que tenha todos os procedimentos efetuados para aquele aluno que não desenvolveu. Caso contrário, não se estresse e passe este aluno.

                Para sua nota não ser alterada nos conselhos parciais durante o ano e no conselho final, tenha em mãos tudo o que o aluno fez, lembre-se que ele precisa fazer caso contrário, não tem como o aluno ser avaliado e você não terá como reprová-lo.

                O aluno que não desenvolve não será reprovado pelo simples fato de caçoar da sua cara, de não fazer o que você pede e falar mais que uma matraca. O aluno que não desenvolve será reprovado por não trazer o livro didático, por não realizar as tarefas e por não atingir a nota básica de avaliação. E como você vai provar isso? Simples. No início do ano mostre que você é organizado e que está preocupado com o avanço dele. Deixe claro que todo material disponibilizado pela rede será usado e terá uma importância no seu desenvolvimento. Coloque normas suas se adequando com as normas da escola e das leis vigentes. Dê um prazo para o aluno se adaptar e comece a cobrar. Lembrando que o aluno só começará a seguir as normas se o material for usado de maneira que faça entender o conteúdo. Se ele sentir que aquilo não serve para nada, não trará mais às aulas. E seus esforços ficarão em vão.

                Após isso, toda vez que o aluno esquecer o livro didático, por exemplo, antes de fazer anotações, chegue a ele e mais uma vez diga que é importante para o acompanhamento do conteúdo. Tendo em vista que lá tem textos e exercícios que contribuirão para a sua intelectualidade. Desta forma, seguindo as normas, você fará anotações na caderneta, em um campo que existe no fim dela, chamada de Observações, ao anotar, seja argumentativo. Diga que orientou o aluno no começo do ano e mais uma vez neste dia, diga a importância do livro didático e no que ele contribui. Ao fim, peça para dois alunos assinarem como testemunhas das suas ações. Assim conseguirá comprovar.

                Seguindo esta linha, vamos supor que o aluno continuou não trazendo o material, não realizou as tarefas, esta também precisa ser anotada. Vá anotando tudo atrás da caderneta e com testemunhas, ao final o aluno terá uma nota inferior ao básico. Pois se não traz o livro, se não faz tarefa, suas avaliações serão a comprovação do não desenvolvimento dele, não as entregues, fique com elas até o final do ano. Quando chegar ao concelho de classe parcial do 1º bimestre mostre aos professores tudo que foi realizado, assim nenhum conseguirá trocar a sua nota, porque houve um acompanhamento preciso sobre o aluno.

                No segundo bimestre, o aluno continuou no mesmo ritmo, espere a avaliação mensal e se o aluno não desenvolveu, peça para a mediação ou coordenação chamar os responsáveis pelo aluno. Ao conversar, peça para o aluno estar presente. Mostre as avaliações e as anotações, diga que está preocupado e tente entender o que está acontecendo com este aluno. Ao fazer isso, faça um registro de visita e escreva tudo o que foi dito, desde você, coordenador, responsável e aluno. Faça assinar todas as avaliações que não conseguiu a nota básica e guarde-as com você, professor.

                Mais uma vez no conselho, mostre tudo o que foi feito, se a equipe escolar entender que a nota deveria ser alterada. Com estes registros o conselho não tem como alterar, pois todos seguem os mesmos modos de avaliações e observações. Caso o conselho ou a direção insista na alteração, faça um comunicado e protocole na diretoria de ensino e quiçá na própria promotoria juvenil. Claro que isso não acontecerá, pois todos sabem que o professor está fazendo o que pode para alavancar o aluno. E todos estão nesse mesmo caminho.

                Ao final do ano, muitas escolas não querem reprovar por várias medidas que os administradores públicos fazem para que isso não acorra. Mas se você fez todo este caminho, não terá como ser mudado. Primeiro: os registros parciais foram mantidos e registrados. Segundo: que você está abastecido o suficiente para que se o aluno entrar com recurso seja barrado por várias anotações coerentes durante o ano.

                Mas como eu disse, precisa de muita reflexão. Não adianta dar avaliações orais que não trazem registros que comprovem a nota do aluno, porque assim você não ficará respaldada, quando for preciso apresentar seu trabalho com ele.

                Outra situação constrangedora que tenho visto em diversos conselhos é o fato de o aluno ter uma nota inferior ao esperado. Os professores dizem assim: “o quê? A aluna é boa e você deu 6? Muda isso!” – o fato de aluna ser boa ou ruim não fica claro se desenvolveu ou não. Pois se ficarmos dizendo isso não precisa de avaliação. Concordam? Como eu sei que ela é boa, darei a nota a ela.

                A ideia da avaliação é acompanhar o que o aluno se desenvolveu naquele conteúdo. Se o aluno for bom em matemática e ele não se saiu bem na avaliação da mesma, vale a pena conversar em particular ou passar mais exercícios para ele, identificando os seus erros para na próxima ser melhor. Se ele não atingiu a competência requerida naquele bimestre, por que dará nota? Quando chegar ao conselho, e for indagado o motivo da nota “baixa”, tenham em mãos todas as avaliações e competências que precisariam ser atingidas por ele. Diga o que foi feito para reverter isso. Assim não terá ninguém para contestar.

                Eu já votei para mudar notas de alunos, pois entendi que o colega não estava convicto de a nota aplicada seja realmente dele. Percebi que faltavam lacunas no modo de avaliação do aluno e ainda uma argumentação infundada. Por exemplo, como um professor, ao justificar a nota do aluno em matemática diz que o aluno escreve “mal”? O professor de matemática não tem competência para avaliar isso e nem habilidade de verificar o que é escrever “mal”, assim não se torna um argumento construtivo e mantenedor, já que um recurso do aluno para reavaliar sua nota dada e trazer este argumento, qualquer juiz mostrará que você não é apto a avaliar. Por isso, pense!

                Entendo que o conselho de Classe precisa reinar o bom sendo, pois precisamos ouvir o professor e entender qual foi à competência e habilidade passada no bimestre e o que foi feito para o aluno. Se o professor fez tudo que deveria e tem registro disso, o colega precisa respeitar. Caso contrário vote na mudança da nota, para que ao final, o professor não tenha problemas.

                O conselho precisa de conhecimento para votar. É necessário que a escola mostre no planejamento sua visão naquele ano e que queira um caminho traçado por todos. Assim, fazendo o mesmo caminho, não tem como haver discussão na reunião.

                Respeito ao colega e união é acima de tudo. Lembre-se que ele tem os mesmos conflitos que você. Lembre-se que ele tem o mesmo ideal que você. Então o respeite. Quando se tem respeito, se tem admiração. Isso comprova que a equipe está bem concisa e sabendo de seus objetivos.

                O conselho serve para se ter um raio-X da escola e saber qual o panorama geral. Qual disciplina os alunos têm mais dificuldades e qual aluno caiu e avançou. É um ótimo cenário para se identificar confrontos avassaladores em crianças, como exemplo, abuso. Se o aluno é considerado bom e suas notas estão abaixo do básico, é um alerta para a escola investigar, ali será descoberto que ela passou ou está passando por traumas familiares ou não.

                Outra coisa que se pode identificar no conselho, se o aluno está em confronto indireto com o professor daquela disciplina. Se o professor fez todas as anotações e o aluno só está com a nota baixa com ele, é hora de anotar e ir falar com ele particularmente, assim saberá o que realmente aconteceu.

                Conselho de classe é mais um cenário produtivo para se colocar ou verificar se a escola está nos trilhos, seguindo o caminho que escolheu para chegar onde o aluno precisa: ao sucesso.

miniatura-alex-de-frança Alex de França Aleluia é formado em Letras. Escritor de obras sobre Educação, as quais já foram elogiadas por especialistas na área. Foi coordenador pedagógico de franquias de multidisciplinaridades. Já trabalhou como Coordenador do Programa Escola da Família. Trabalhou em cursinhos e Faculdades. Hoje faz palestras voltadas à motivação educacional. Capacitação para professores e articulistas de portais voltados à Educação. É membro da Academia de Letras do Brasil. Acesse seu site: www.professoralexdefranca.wordpress.com Facebook: Prof. E Escritor Alex de França Aleluia Twitter: @escritoralexf

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