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Guia para Gestores de Escolas

Dica – Orientação Vocacional

Matéria publicada na edição 111 | Setembro 2015- ver na edição online

A Escolha da Profissão

Por Rafael Pinheiro

O Ensino Médio na educação de base e no ensino técnico demonstra uma preocupação que ultrapassa os limites das avaliações bimestrais: o futuro profissional. Com o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o vestibular se aproximando, a ansiedade e os anseios dos adolescentes se envolvem com dúvidas e questionamentos que a escolha de uma nova profissão pode oferecer.

Segundo dados do Censo de Educação Superior/2011, publicados no Portal Educação, revelam que houve 3.632.373 de matrículas: 1.243.670 de ingresso e 522.928 de concluintes no ensino superior no referido ano. Isso confirma que o número de matrículas e ingresso é muito superior ao número de concluintes. Entre as diversas variáveis que poderiam explicar essa diferença, estão pessoas que desistiram do curso por insatisfação com a escolha que fizeram.

A Orientação Vocacional (OV) ou Orientação Profissional (OP) “é um processo que visa auxiliar o jovem ou adulto a realizar escolhas de vida e carreira. No caso do jovem em fase de definição de sua profissão, auxiliá-lo a avaliar os diversos fatores que permeiam a questão da escolha e no caso do adulto, auxiliando-o a refletir sobre sua carreira e avaliar caminhos e possibilidades para esta”, diz Caioá Lemos, psicóloga e orientadora vocacional.

Esse processo pode contar com um conjunto de recursos, dinâmicas e técnicas que poderão auxiliar o orientador e orientando. Para os alunos do Ensino Médio, em especial, a orientação é importante ao jovem, “pois por sua própria condição de adolescente nem sempre possui a maturidade suficiente para tomar uma decisão de vida tão importante que é saber quem ele poderá ser como profissional no futuro”, afirma Caioá.

Entrevistas, dinâmicas, questionários, testes, roteiros de atividades e material informativo de apoio são ferramentas utilizadas para compreender os os caminhos profissionais que os adolescentes podem seguir. E, além dos alunos, é interessante integrar os pais em atividades vocacionais. “É muito importante envolver a família nesse processo, pois ela também poderá favorecer/auxiliar a operacionalização do projeto de vida e carreira que o jovem está planejando para si”, ressalta a orientadora vocacional.

EXPERIÊNCIAIS PROFISSIONAIS

Caioá Lemos acredita que bate papo com profissionais ou vivência em empresas com diversos cargos e funções podem auxiliar os alunos na escolha da profissão. “Muitos jovens relatam, após visitas a locais de trabalho e conversas com profissionais, que descobriram que não se veem trabalhando nesse tipo de local ou desempenhando determinado tipo de atividade, outros, já conseguem se ver e sentem-se mais seguros de suas escolhas”,

Alguns colégios na capital paulista têm disciplinas e até projetos em que os alunos podem vivenciar o cotidiano de trabalho em grandes empresas. O Colégio Franciscano Pio XII, instituição localizada no bairro do Morumbi, conta com uma disciplina, para o 2º ano do Ensino Médio, que auxilia o aluno em seu amadurecimento, para que sua escolha profissional seja feita de maneira mais consciente e eficaz.

Segundo a professora de “Orientação Profissional e para o Trabalho”, Patricia Heidrich Prado, a metodologia utilizada em sala de aula favorece a autodescoberta e identifica interesses e habilidades dos estudantes, tornando o processo prazeroso para o jovem que enfrenta essa decisão. “Facilita o momento da escolha do aluno e na elaboração de seu projeto de carreira, para que ele alcance sua realização pessoal e profissional”, diz.

As aulas abrem espaço para informações referentes ao mercado de trabalho, profissões e empreendedorismo.  Alguns conteúdos trabalhados são o autoconhecimento, as influências e a autonomia nas escolhas, as projeções futuras e o presente, gostos, profissões do futuro, criatividade, trabalho em grupo, atitudes empreendedoras, assertividade, entre outros temas ligados ao processo de orientação profissional. “É importante levar o aluno a reconhecer seu grau de preocupação frente a esse dilema, aliviando angústias com relação à escolha. Auxilia na maturidade psicológica para realizar uma escolha acertada, ajudando-os a explorar suas potencialidades”, afirma a professora.

O Colégio Mary Ward, situado no Tatuapé, aposta na orientação estimulando o aluno a buscar a realização pessoal e o bem da sociedade na busca de sua profissão. “A orientação é um momento de identificação de quem o aluno é, quais são seus sonhos, características, o despertar para as diferentes áreas e habilidades. Depois continuamos ao longo dos anos este trabalho, junto com palestras de profissionais e visitas em faculdades. Uma atividade interessante também são as oficinas oferecidas após as palestras, em que os alunos são estimulados a ‘trabalhar’ em uma profissão”, conta José Antonio Galiane, Coordenador Pedagógico do 9° ano ao Ensino Médio e Orientador Vocacional do Colégio Mary Ward.

O Colégio integra a família dos alunos nesta tarefa e promove palestras com os próprios pais dos estudantes. “Além disso, abrimos espaço para que os alunos consigam esclarecer dúvidas e conhecer as características de cada faculdade com os professores para tirar a pressão social da escolha da profissão e universidade”, destaca José.

Já o Colégio Humboldt, instituição bilíngue e multicultural (português-alemão), propõe aos alunos do Ensino Médio o projeto “Conversa com profissionais”, participando no primeiro semestre de palestras sobre a formação universitária, as competências pro­fissionais necessárias e as ofertas de trabalho com profissionais que atuam em diversas áreas do mercado de trabalho.

Neste semestre, eles terão a oportunidade de assumir um posto no mercado de trabalho, para muitos deles, o primeiro. No “Projeto Trabalho”, que já existe há 17 anos, os alunos poderão vivenciar durante uma semana o cotidiano de empresas para que conheçam a estrutura organizacional e hierárquica, os diversos departamentos, os processos de trabalho e a cultura organizacional, no próprio ambiente profissional. O projeto acontecerá em setembro deste ano e, em 2014, contou com a participação de grandes empresas, como HDI Seguros, Bayer S. A., Clínica Santa Isabella, Communica Brasil, Top Level Viagens e Turismo, Morumby Hotéis, Notas e Notícias Editora, Boyden do Brasil, Henkel, Editora Confiança, Emirates e Samtronic.

A escolha errada de uma profissão pode gerar uma insatisfação gigantesca, afetando, diretamente, aspectos emocionais, como tristeza, angústia, ausência de afinidades e carência do seu modo peculiar de ser e pensar. Buscar uma atividade profissional que realmente traga uma felicidade e um desejo em realizar tarefas pertinentes à profissão pode ser um processo a longo prazo para alguns – outros em períodos mais curtos. O essencial é reforçar o autoconhecimento, sentido/significado do trabalho e o alinhamento entre o pessoal e o profissional. Assim, o sucesso ocorrerá naturalmente.

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