O processo de inovação não precisa ser caro e complicado, além disso as escolas precisam ver os estudantes como clientes para entender suas necessidades
Por Leo Gmeiner
Para falar sobre inovação no segmento educacional é importante conceituá-la. Ademais, acredito que, ao discorrer sobre o assunto, trazer minha visão sobre o tipo de empresa que uma escola é, se torna fundamental.
Inovar não é como uma maçã que cai na cabeça e nos traz inspiração. Bem, isso também. Mas entendo inovar como a melhoria intencional de um processo, produto ou serviço, de forma que os torne mais eficientes, econômicos, acessíveis – ou tudo isso ao mesmo tempo. Outro ponto importante é entender que transformações têm o propósito de resolver problemas reais, com observação das dores do cliente, e, sobretudo, saber que exigem experimentação – o que nem sempre dá certo.
Escolas são empresas muito peculiares. Em linhas gerais foram fundadas por educadores que, em um certo ponto de sua carreira, entenderam que poderiam fazer melhor e saíram da sua zona de conforto, mas nunca deixaram (ainda bem!) de ser educadores.
E o que tenho visto e aprendido nesses últimos sete anos em que atuo com tecnologia no setor educacional, é que boa parte desses educadores-empreendedores não conseguem considerar os alunos como clientes, assim como, do mesmo modo, os médicos fazem com seus pacientes. Em ambos os casos o cenário é bastante compreensível considerada a natureza e o propósito de cada uma dessas atuações.
Talvez neste ponto exista um desafio para as instituições de ensino que ainda não conseguiram trazer inovação para o seu dia a dia. Vale reforçar que muitas escolas e universidades têm abraçado esses processos em busca de inovar, mas é algo que ainda precisa acontecer em escala. O isolamento, de certa forma, acelerou movimentos com esse objetivo dentro das escolas. Vejo, ainda, que é necessário existir processos contínuos para tal, com definição do que faz sentido para alunos, pais e instituição de ensino.
Apresento duas recomendações principais. A primeira é que as escolas se vejam empresas e entendam que o estudante, além de aluno, é cliente. Desse modo, ele é fonte primordial de insumos para inovações nas salas de aula. E que, da mesma forma, os pais também têm visões e desejos inestimáveis para que ocorram avanços, seja no campo pedagógico, em gestão e/ou no relacionamento com o cliente.
A segunda é lembrar que inovação não precisa ser complicada – e muito menos cara –, mas criativa. E que fazê-lo em uma empresa ou setor consolidado não é o mesmo que criar algo a partir do nada mas, sim, melhorar o que se faz com base em necessidades dos clientes.
Com o fim de buscar contribuir, compartilho, neste artigo, um canvas que elaborei, visando promover inovação consistente e com propósito.
Leo Gmeiner é fundador e diretor do School Guardian, primeiro sistema de segurança e logística escolar, líder do Comitê de Edtechs da Associação Brasileira de Startups, professor de Inovação e Empreendedorismo na FIAP e pai ao cubo.