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“A Inteligência Artificial é disruptiva”, diz diretora da Microsoft

A tecnologia, de uma forma geral, é um assunto comum nos ambientes escolares. Com o passar dos anos, a tecnologia educacional alcançou um espaço privilegiado nos debates sobre metodologias de ensino, automatização de áreas administrativas, utilização de equipamentos, etc. Em novembro de 2022, observamos um crescimento exponencial de debates sobre a Inteligência Artificial, sobretudo a partir da popularização do ChatGPT. Desenvolvido pela OpenAI (empresa fundada em 2015 nos EUA), o ChatGPT se tornou de forma veloz um fenômeno na internet. Disponível em quase 100 idiomas, o sistema de Inteligência Artificial alcançou a marca de 1 milhão de usuários cinco dias após o seu lançamento. E segundo dados analisados pela Similar Web, em janeiro último a plataforma registrou 100 milhões de usuários ativos, tornando-se, assim, o aplicativo com crescimento mais rápido da história. Antenada aos debates contemporâneos, a 28ª edição da Bett Brasil, maior evento de educação e tecnologia da América Latina que ocorreu em São Paulo entre os dias 9 e 12 de maio, integrou em sua programação oficial um painel intitulado “ChatGPT e Open AI – A transformação da Educação agora se impõe”.

Embora não seja um conceito novo, afinal a Inteligência Artificial foi criada na década de 1950 como um campo da ciência da computação que busca criar máquinas inteligentes, o que difere é a ideia de IA Generativa, que começou a ganhar destaque desde 2021. A IA Generativa é uma técnica de aprendizado de máquina para criação de novos conteúdos escritos, visuais e auditivos a partir de prompts ou dados existentes. Ou seja, a tecnologia trabalha a partir de banco de dados e pode prever padrões, fornecendo respostas rápidas e precisas, o que, na prática, podemos visualizar com a popularização do ChatGPT. Para adentrar na discussão durante o evento, um painel especial realizado pela Microsoft, parceira global da Bett, especialistas apresentaram as diversas formas possíveis de integrar Inteligência Artificial no currículo escolar. “A Inteligência Artificial é disruptiva, não permite mais que as coisas sejam feitas como antes. É preciso transformar. Não dá mais para fazer as coisas do mesmo jeito, é preciso olhar para essas ferramentas e soluções”, enfatiza Vera Cabraldiretora da Microsoft e moderadora do painel. “Os grandes avanços tecnológicos impactaram a educação de forma disruptiva. De certo modo, nós já utilizamos a Inteligência Artificial. Com a IA Generativa, nós demos um passo maior. É importante que todas as soluções tecnológicas sejam incorporadas na realidade das escolas”, completa.

Durante o encontro, Silvia Scuracchio, diretora pedagógica e head de inovação da Escola Bosque, apresentou os cases de sucesso da escola em relação à aplicação da tecnologia. A unidade utiliza IA em diferentes plataformas que funcionam como aceleradores de aprendizagem. Ela cita como exemplos programas de leitura avançada, treinador de discursos, fluência em leitura, gerador de imagens, entre outros. “Temos várias soluções que deixam o aprendizado mais fluido, por exemplo, o Speaker Coach, que é um software de Inteligência Artificial que avalia entonação, ritmo, refinamento e dificuldade de palavras, contribuindo diretamente no aperfeiçoamento da escrita e da fala em público. Assim como as tecnologias facilitam o nosso dia a dia, elas podem facilitar também o ensino”, destaca Silvia. Durante a sua fala, a diretora ressaltou que a IA pode ser utilizada para otimizar o tempo, personalizar o ensino, melhorar a eficiência de operações básicas e gerar dados para tomada de decisões mais assertivas.

Outro ponto enfatizado pelos palestrantes é a necessidade de ensinar os alunos quais perguntas devem ser feitas para obterem melhores resultados nas buscas. Além disso, ferramentas do tipo promovem a autonomia do estudante e estimulam a curiosidade. “O conceito desenvolvido hoje pela empresa é de que não somos mais usuários, mas pilotos e copilotos. O foco é usar a Inteligência Artificial para gerar um aproveitamento de 100% em plataformas e softwares que não sabemos operar em sua totalidade”, explicou Ricardo Wagner, diretor de marketing e operações da Microsoft ao apresentar o Microsoft 365 Copilot aos presentes.

Quando questionados sobre o papel do professor, os palestrantes foram enfáticos: não existe substituto para o professor, mas existem ferramentas facilitadoras. “O professor tem o papel de educar com senso crítico, de analisar, fazer comparativos, utilizar atividades que mesclem ensino tradicional com tecnologia. O uso da Inteligência Artificial deve compor o ensino”, ressalta Scuracchio. Já Vera Cabral completou: “Não devemos ter medo, devemos transformar. Tecnologia não é inimiga, é aliada”. As mensagens que apareceram ao final da apresentação para todos os presentes no auditório foram: “Conheça as soluções de IA já disponíveis; Prepare-se para a Era do IA Generativo; Experimente! Familiarize-se com as diversas soluções já disponíveis. Vamos reinventar a educação no Brasil?”.

Inteligência Artificial e pedagogia

Presente nesta edição da Bett, a Letrus, edtech fundada em 2017 com o propósito de desenvolver a autonomia dos alunos através da capacidade de leitura e escrita, e também reduzir a defasagem educacional entre escolas públicas e privadas, criou uma plataforma onde os alunos encontram trilhas de aprendizagem e escrevem seus textos. A IA vai analisar cada trabalho, tanto no conteúdo sintático quanto nas competências de escrita, e gerar um diagnóstico detalhado para cada aluno, além de um comparativo com a turma. Além do estudante ter indicações claras de onde pode melhorar para tornar sua comunicação mais assertiva, o professor, com acesso aos dados, pode criar aulas mais eficientes, focadas nas dificuldades da turma. Durante todo o processo, a equipe da Letrus acompanha os indicadores e o engajamento, apoiando os professores para a evolução do aprendizado.

Para o co-fundador e professor Luis Junqueira, a inteligência artificial não substitui o olhar humano, que é único por parte dos docentes, mas agrega uma camada de coleta e análise de dados que só é possível com uso da tecnologia. “Capturar, consolidar e apresentar de maneira organizada dezenas de desvios e oportunidades de evolução do texto de forma imediata é uma das capacidades do uso de tecnologia no processo de aprendizagem dos alunos. É essa junção de inteligência artificial com o olhar humano profundo dos professores que torna o programa Letrus único e tão efetivo ao engajamento e aprendizado dos estudantes”, afirma Junqueira. Para Thiago Rached, co-fundador e CEO da Letrus, tecnologia e pedagogia são aliadas. “Ao contrário do que possa parecer, a inteligência artificial aplicada sobre uma lógica pedagógica robusta, pode tornar o processo de ensino-aprendizado ainda mais humano. Isso porque viabiliza uma camada de informações que personaliza a trajetória dos estudantes e amplia a atuação dos professores”, detalha Rached.

Solução para a gestão pedagógica

A Big Brain, parceira da Microsoft no Brasil, apresentou a ferramenta “Sucesso do Aluno” durante a edição do evento. A solução, desenvolvida com os mais modernos recursos de inteligência artificial e gestão de dados, tem como objetivo contribuir no alinhamento dos déficits individuais de aprendizagem dos alunos. Segundo o diretor de inovação da Big Brain, Ronei Pasquetto, os impactos da pandemia na educação foram significativos e geraram novos desafios para o sistema educacional brasileiro, intensificando as desigualdades educacionais e o risco de evasão escolar. “A ferramenta ‘Sucesso do Aluno’ permite qualquer instituição de ensino fazer um alinhamento do nível de aprendizagem dos alunos, cruzar os dados entre turmas, unidades e até entre anos diferentes”, explica o executivo.

Como funciona: Após a inserção das informações do histórico do aluno no sistema, a ferramenta gera uma base de dados para que a equipe pedagógica consiga realizar um ‘diagnóstico’ para atuar sobre os ‘gaps’ de aprendizagem, com os roteiros individuais fornecidos pela Inteligência Artificial. “A ferramenta oferece uma visão completa do processo de aprendizagem e permite que o gestor tome decisões assertivas”, explica Pasquetto. “As plataformas educacionais são ferramentas complementares ao papel do professor, contribuindo para a melhoria do ensino e da aprendizagem, desde que sejam usadas de forma adequada e integrada ao projeto pedagógico das escolas. Elas oferecem recursos tecnológicos para diversificar as metodologias, personalizar os conteúdos, estimular a interação, ampliar as fontes de informação e favorecer a autonomia dos estudantes”, reforça.

Integração de soluções

A TestWe, referência europeia para provas e certificações on-line, incorporou uma das principais inovações do mercado. A solução da multinacional francesa incorporou o ChatGPT aos serviços da marca que, inclusive, já estão em fase beta e têm expectativa de lançamento para o segundo semestre de 2023. Além disso, ela também investe no monitoramento off-line como seu carro-chefe. De acordo com Rafaela Manes, Diretora de Desenvolvimento de Negócios em mercados lusófonos, a proposta da multinacional francesa para incluir o sistema é simplificar os processos mais trabalhosos nas avaliações. “Essa integração está sendo pensada para auxiliar 100% os professores, a ideia é que eles possam ‘perder’ menos tempo com a criação e correção das provas e ao mesmo tempo possam elaborar questões específicas, baseadas no seu próprio curso de maneira rápida e eficaz”, explica.

A integração das soluções da TestWe com a ferramenta apresentará duas possibilidades. Na primeira, o professor poderá fazer o upload de um material (PDF), selecionar o tipo de questões, número, entre outras opções, e o ChatGPT ficará responsável por sua criação. Já na segunda, o professor poderá escrever o título de um assunto específico e selecionar igualmente o tipo de questões, número, mecanismos que deverão ser criados pela IA.

Um dos principais diferenciais dos serviços prestados pela empresa é a opção ProctorWe de monitoramento assíncrono. Além de garantir a credibilidade dos exames, já que o monitoramento continua acontecendo mesmo off-line, a ferramenta também possibilita que os candidatos de regiões com internet instável possam realizar a prova da mesma maneira como acontece nas grandes cidades com condições melhores de internet.

Rafaela explica melhor o funcionamento da ferramenta. “Os candidatos são identificados no início da prova, tirando uma foto deles mesmos e outra foto do documento de identidade, um vídeo 360º do ambiente e da mesa de trabalho e, durante a prova, fotos são tiradas dos candidatos. O áudio é captado e alguns movimentos e sons suspeitos são detectados pelo sistema, além do computador do aluno estar completamente bloqueado durante a prova”, relata.

Programa de educação tecnológica

A Zoom Education for life apresentou a “Jornada Z”, um programa inovador que acontece em etapas progressivas, onde o aluno é protagonista na construção de experiência com propósito. Os encontros são integrados ao currículo escolar, com base em metodologias ativas que integram pensamento computacional, cultura maker, robótica e STEAM. A “Jornada Z” traz tecnologias como recurso pedagógico, adequadas a cada ano letivo e às Unidades Temáticas da BNCC. Em “matéria e energia”, por exemplo, o sistema de monitoramento de biomas utiliza a aprendizagem por meio de projetos para debater energias renováveis, manejo de resíduos e as relações entre campo e cidade.

 

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