A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada no final de 2017 para Educação Infantil e Ensino Fundamental e no final de 2018 para o Ensino Médio, destaca, no cerne de sua proposta, uma aproximação com competências e habilidades da contemporaneidade. Dessa forma, demandas atuais – como por exemplo o crescimento tecnológico, as mudanças nas metodologias pedagógicas, a ascensão do aprendizado maker e tantas outras modificações que observamos – refletem e atravessam essa reformulação do ensino guiada pela Base.
Segundo Fernando da Espiritu Santo, gerente de Inteligência Educacional do Sistema de Ensino Poliedro, “dentro da esfera educacional há grande complexidade no intuito de aproximar essas novas demandas e, de fato, se adequar aos avanços, sem que acresça, com isso, a desigualdade e falta de qualidade na educação”. E, dessa forma, acredita Fernando, a BNCC pode promover essa mudança.
Para conhecer um pouco mais sobre o assunto, bem como as implicações da Base no cotidiano escolar e o seu processo de implementação nas instituições, conversamos com Fernando da Espiritu Santo.
Confira abaixo a entrevista completa:
Direcional Escolas: Pensando na atualidade, sobretudo em sua interferência na educação, é possível afirmar que estamos atravessando um período denso de problematizações, estudos, reflexões e novos/outros formatos de pensar a maneira pedagógica e o processo de aprendizado em sala de aula?
Fernando: Considerando as demandas da sociedade atual e, pensando na ligação direta que existe entre a sociedade e a formação do cidadão, podemos afirmar que estamos atravessando um período de reflexão e novas iniciativas em todo o âmbito educacional nacional.
O recente crescimento do uso de tecnologia é um dos exemplos dessas novas demandas, visto que suscita novos desafios dentro da educação e, consequentemente, provoca uma necessidade de mudança do sistema educacional, visando atender essas exigências. Sendo assim, em razão da atualidade que estamos inseridos e pensando em todas as suas necessidades, é necessário que haja um processo de transição (problematizações, reflexões e proposições) que propicie uma melhora na educação nacional, buscando uma oferta de qualidade que atenta a todos.
Vale lembrar que a educação é um dos pilares da sociedade e integra, dentro de suas incumbências didáticas, a formação de um cidadão crítico, que se torne protagonista não só da sua vida particular, mas, também, da sua vida acadêmica, participando do seu processo de escolarização e sendo ativo durante toda essa jornada. Portanto, não podemos ofertar um sistema educacional anacrônico com a realidade das nossas crianças e dos nossos adolescentes.
Direcional Escolas: Você acredita que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é uma forma de repensar o denso sistema educacional com o intuito de se aproximar de demandas e habilidades do século 21?
Fernando: A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo que busca organizar o sistema educacional brasileiro, estabelecendo assim um processo de aprendizagem progressivo que atenda todos os alunos, no decorrer de todas as etapas do Ensino Básico, de acordo com o MEC. Para isso a BNCC, direcionada pelas Diretrizes Nacionais da Educação Básica, estabelece competências e habilidades de acordo com cada área de ensino, esperando que os alunos às desenvolvam ao longo da sua jornada na Educação Básica, e de acordo com o MEC “a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”. Isso evidencia, contudo, a interferência que existe entre a sociedade e a educação.
O século 21 é a marcado pelo grande progresso tecnológico e pelas rápidas mudanças que ocorreram em decorrer deste contexto. Para tanto, dentro da esfera educacional há grande complexidade no intuito de aproximar essas novas demandas e, de fato, se adequar aos avanços, sem que acresça, com isso, a desigualdade e falta de qualidade na educação. Dessa maneira, acreditamos que a BNCC pode promover a mudança necessária dentro do sistema educacional, que, de fato, alcance a qualidade da educação.
Direcional Escolas: Muitas instituições de ensino começam, a partir deste ano, incluir as mudanças e competências propostas pela BNCC em suas instituições. Na sua ótica, qual será o maior desafio para as escolas nesse processo de implementação?
Fernando: A comunidade escolar integra os alunos, professores, pais ou responsáveis e outros profissionais que prestam serviços as instituições de ensino. Isso significa que todos estão envolvidos no processo de implementação do novo sistema, o que implicará em mudanças diferentes para cada um dos envolvidos. No entanto, acreditamos que um dos maiores desafios será o de adequar o novo currículo, com os professores que não obtiveram em sua formação acadêmica conhecimentos sobre a Base. É fato que as instituições privadas de ensino serão capazes de propiciar formações e workshops para seus docentes. Já na esfera pública, será necessário que haja iniciativas de âmbito governamental, com o intuito de adequar e qualificar os educadores para essa nova era educacional, uma vez que a adaptação dentro das escolas envolve, contudo, uma nova estruturação do currículo escolar em todas as áreas de conhecimento.
Direcional Escolas: Qual o papel do/a gestor/a nessa adaptação da BNCC no cotidiano escolar?
Fernando: Sem demérito de outras demandas, o gestor é responsável pelas questões burocráticas dentro das instituições de ensino e isso significa que será um dos principais incumbidos na tarefa de implementação da BNCC, já que o mesmo, em outras palavras “dita as regras e as executa”. Ele é a ponte entre o sistema educacional e a escola, nesse sentido vai conduzi-la e direciona-la para a implementação da Base, auxiliando os alunos e os professores para que, de fato, se cumpra todas competências pretendidas.
Isso, em outras palavras, significa dizer que o gestor tem o papel de introduzir a BNCC e prever o suporte necessário para toda a comunidade escolar. No entanto, não quer dizer que é o único responsável dentro desse processo de mudança, uma vez que envolve a instituição de ensino como um todo.
Direcional Escolas: É interessante, durante esse processo de implementação, promover formações para todos/as os/as educadores/as das instituições sobre as novas diretrizes e competências da BNCC?
Fernando: É imprescindível promover formação para todos os educadores, de modo que os mesmos obtenham o conhecimento adequado para de fato incorporarem as mudanças que a BNCC propõe.
Vale ressaltar que a formação dos educadores está ligada a necessidade de haver uma mudança curricular nos cursos de licenciaturas, já que os futuros professores precisam estar preparados para as salas de aulas e, isso quer dizer que os mesmos carecem em conhecer sobre o sistema de ensino ou, nesse caso, o novo sistema que a BNCC propõe. No entanto educadores que já atuam, também devem ter o direito de se adaptarem as mudanças e se propiciarem de alguma forma de formações continuadas, palestras, workshops etc, para que possam instruir-se das alterações que estão sendo feitas nesse processo de implementação da Base.
Direcional Escolas: Com relação aos familiares, você acredita que é importante estender o conhecimento/mudanças da base até os pais/mães dos alunos?
Fernando: Os familiares têm o dever de acompanhar a vida acadêmica do aluno e serem ativos dentro de suas responsabilidades na comunidade escolar, assim como devem direcionar seus filhos para melhores escolhas. Em conformidade, acreditamos que o conhecimento por parte dos pais, em relação à proposta da Base, se faz indispensável, em vista da grande influência que possuem sobre seus filhos e, portanto, podem corroborar as tomadas de decisões que estes enfrentarão, como, por exemplo, as escolhas de itinerários formativos do Ensino Médio.
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