Por Marta Cristina
O início da minha carreira na Educação foi como alfabetizadora no Colégio Batista de Bauru, em 1991. Encantei-me com os desafios que alunos desta faixa etária me traziam. Vivenciar as descobertas da criança – as primeiras palavras e cada fase de desenvolvimento da escrita – foi uma experiência encantadora e também muito desafiadora. Sempre busquei estratégias que oportunizassem aos meus alunos o prazer em aprender e os ajudassem a encontrar de forma individualizada seus próprios caminhos do saber.
Creio que a motivação contínua em fazer acontecer a aprendizagem e a pesquisa por estratégias de ensino valorizou o meu trabalho profissional e o reconhecimento veio como consequência. Foi quando fui convidada a compor a equipe pedagógica do Colégio Batista Brasileiro, em 2001. A partir dali, pude compartilhar – como orientadora e posteriormente como coordenadora – minhas experiências e conhecimento com o corpo docente. E há 10 anos estou à frente da direção pedagógica do CBB Bauru.
Hoje percebo que a profissão de Diretora Escolar requer muito mais do que formação acadêmica. Ela exige também uma experiência ampla na área de Educação, com atuação em sala de aula. Esta vivência foi imprescindível para que eu desenvolvesse um espírito de organização; habilidade para traçar planos, estratégias e coordenar atividades; além de administrar e gerenciar recursos, inclusive financeiros. Estes desafios como gestora são grandes, incluindo conciliar vida pessoal com a grande demanda de tempo que a profissão exige.
Na minha percepção, as atribuições de um diretor escolar vêm passando por um processo de mudança. A visão de alguns setores da Educação é a de que o cargo deve ser de um profissional que saiba gerir a escola como uma empresa, demonstrando autoridade e grande experiência para controlar e administrar sua equipe. Na minha opinião, o perfil do gestor escolar passa por este período de transformação onde a mulher tem ganhado espaço e demonstrado o quanto alguns talentos inerentes ao perfil feminino são essenciais na liderança de uma instituição de ensino.
Acredito que as gestoras conduzem a função de forma mais democrática e permitem que seus funcionários participem do processo de tomada de decisão, além de incentivá-los a desenvolverem relações interpessoais dentro da empresa. A sensibilidade feminina permite a criação de equipes mais heterogêneas, que se complementam e trabalham de maneira democrática, contribuindo para o sucesso do projeto escolar. Estas características são bastante perceptíveis na instituição onde atuo, porque nossa equipe se sente valorizada, tornando o ambiente estimulante para os que trabalham na instituição e acolhedor para os alunos e pais.
Em toda a minha trajetória profissional nunca vivenciei ou passei por algum caso de preconceito por ser mulher e por estar em um cargo de liderança, muito pelo contrário aqui sempre fui muito respeitada. Acredito que isso ocorre mesmo porque o curso de “Magistério” que era o passo para quem queria trabalhar com educação, tinha como público majoritário as mulheres e por conta disso, ainda é mais comum ter nas instituições mais professoras do que professores.
Por outro lado, quando se trata de gerir uma instituição de educação, ainda percebo que os homens são mais valorizados, é mais comum você encontrar homens em cargos de direção do que mulheres. Mas espero que o movimento pelo empoderamento feminino, que para minha alegria vem crescendo a cada dia mais, em diversas áreas, proporcione o reconhecimento da mulher também na educação.
Sinto-me realizada atuando como gestora do Colégio Batista Brasileiro de Bauru. Posso dizer que ser diretora é um caminhar diário semeando… e colhendo resultados. O caminhar certamente é repleto de desafios, mas ao final da caminhada, ver os bons frutos sendo colhidos é recompensador e nos dá vigor necessário para continuar caminhando… e semeando.
Marta Cristina A. de Mello Soares é diretora pedagógica do Colégio Batista Brasileiro – Unidade de Bauru (SP).