Por Aldivina Américo de Lima
A adolescência é um período de mudanças significativas na vida das crianças, pois implica em transformações físicas, cognitivas e sociais, as quais, muitas vezes, não são compreendidas e até entendidas como desrespeito por parte dos adultos.
Na sociedade da competitividade, da globalização e da informação, a família e a escola assumem papel de relevância no contexto infantil. A família, por ser a primeira instituição social da criança. É necessário, portanto, que as ações familiares estejam alinhadas à justiça e à ética, visto que a criança segue o exemplo dos pais. Já a escola também tem papel preponderante na formação, pois é no espaço e tempo escolar que os sujeitos são formados, cultural, política e socialmente. Na escola eles passam grande parte da vida, formam amizades, criam vínculos e vivem a adolescência.
Por meio do currículo, ou seja, do processo ensino-aprendizagem e dos projetos educacionais se constroem a identidade, a autonomia e a formação dos cidadãos para se tornarem sujeitos reflexivos e atuantes na sociedade. Desta forma, os profissionais que atuam nas instituições educacionais precisam ser coerentes, de forma a contribuir nessa etapa e não apenas criticar esses jovens.
Assim, é condição sine qua nom a escola e família atuarem como mola propulsora na transição de criança para adolescência, de forma que as dificuldades e os desafios possam ser minimizados. Ambas as instituições precisam conhecer as dificuldades e os mistérios relacionados à adolescência, com menos cobrança e mais flexibilidades.
Os integrantes da família – pai, mãe, avôs e tios – e da escola – diretores, coordenadores, professores e educadores de forma geral – são responsáveis por direcionar e alinhar as indagações e as dúvidas dos adolescentes que se sentem perdidos numa fase em que tudo parece ser difícil e até impossível. Como, então, descortinar este mundo desconhecido e mostrar, de forma coerente, o melhor caminho?
A adolescência pode se tornar menos complexa se ouvirmos os adolescentes, e por meio do diálogo, permitirmos que eles analisem, reflitam e busquem soluções para seus problemas.
O diálogo e a reflexão devem permear a vivência familiar. As decisões relacionadas ao adolescente não devem ser tomadas de cima para baixo, mas definidas em conjunto, pois os sujeitos contemporâneos não aceitam, de forma simples, quaisquer decisões. Estes jovens querem e precisam sentir-se participativos nas decisões da própria vida.
O universo dos adolescentes somente será perceptível aos adultos, se estes agirem com sensibilidade, cuidado e atenção. Assim, família e escola precisam priorizar e dedicar tempo ao diálogo com os adolescentes. Neste universo, educar aponta para o desconhecido, para a emergência.
Finalizando, Paulo Freire (2004) define a prática educativa, que deve contemplar afetividade, alegria, capacidade científica e domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje.
Aldivina Américo de Lima, Diretora Educacional do Colégio Marista de Goiânia, da Rede de Colégios do Grupo Marista. Mestre em educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) – PR.