A ativista californiana Puneh Ala’i participou nessa quinta-feira, 11 de abril, da 2ª edição do ClassUP – Escolas Exponenciais – líder nacional em pesquisa e apoio estratégico para instituições de ensino – realizado no Expo Center Norte, em São Paulo. Filha de iranianos, Puneh comanda a ONG global For The Unseen, focada em projetos inovadores e auto-sustentáveis para melhorar a vida das pessoas em comunidades vulneráveis em todo o mundo. Como o próprio nome sugere, iniciativa olha para os “invisíveis”, pessoas cujas vidas foram negativa e drasticamente afetadas por conflitos, negligência ou corrupção.
É a primeira vez que ela vem ao Brasil. Em 2013, Puneh abandonou seu emprego e uma vida confortável em Los Angeles para fazer trabalho humanitário. Decidiu que iria viajar para a Síria para ajudar as pessoas prejudicadas pela guerra, que devasta o país desde 15 de março de 2012.
A ativista entrou ilegalmente no país com dinheiro escondido sob as roupas em quatro ocasiões diferentes. Sempre ficando em uma aldeia localizada quatro horas ao Sul de Idlib, Puneh levou mantimentos e alimentos para as pessoas que sofriam com o conflito generalizado pelo país. Esta era uma das regiões que haviam rompido com o regime de Bashar al-Assad, chefe de estado da Síria desde o ano de 2000 e que, por este motivo, estavam sofrendo com o desabastecimento.
No entanto, em dado momento, Puneh se deu conta de que, apesar de ser importante do ponto de vista paliativo, simplesmente levar suprimentos não auxilia a resolução do problema a longo prazo. Segundo a ONU, mais de três quartos dos refugiados sírios sobrevivem com menos de US$ 4 por dia, e cerca de metade das crianças refugiadas sírias em idade escolar não frequentam a escola. Foi então que ela teve a ideia de criar, em novembro de 2013, a escola na fronteira da Síria com o Líbano.
Chamada ‘Birds of Hope’ ou, como é conhecida em Tripoli, ‘Tuyoor Al Amal’, escola começou a operar com 350 crianças. Desde então, o projeto cresceu e outras duas unidades foram fundadas também em Trípoli. Hoje três mil alunos estudam nas escolas, que atende desde o jardim da infância até a nona série. Entre eles, estão dois mil órfãos, que não teriam qualquer outra possibilidade de educação. Na escola, eles promovem uma educação baseada nas disciplinas formais (matemática, inglês, ciências, árabe, religião, artes e educação física), o progresso dos alunos é avaliado periodicamente e os educadores procuram envolver os pais e os incentivar a ter um papel ativo na aprendizagem de seus filhos.
Puneh acredita que a tecnologia pode ser um fator decisivo tanto para aproximar quanto para afastar as pessoas, mas que, atualmente, mesmo com a possibilidade de acesso a informações de praticamente qualquer lugar do mundo, as pessoas muitas vezes não querem ver. E o motivo pelo qual isso acontece, segundo a ativista, é que, frente a uma realidade tão terrível, muitas pessoas não têm estrutura e capacidade para lidar com tamanho sofrimento enfrentado por outros seres humanos.
Para ela, as crianças sírias são um exemplo de pessoas invisíveis, intensamente expostas ao trauma de viver em uma zona de guerra. “Buscamos atenuar um pouco os severos danos psicológicos causados pelas guerras. Além de fornecer assistência básica, ou seja, alimentos, roupas, implementamos projetos humanitários que ajudarão a melhorar suas vidas também a longo prazo. Queremos servir os necessitados, fornecendo soluções sustentáveis, mas acima de tudo, oferecendo amor e esperança”, acrescenta.
Uma das ferramentas que tem sido colocada em prática nestas escolas e que tem se mostrado muito eficaz é a arteterapia. “Assim as crianças têm a chance de trabalhar seus traumas através de atividades artísticas em um ambiente saudável, que ajuda a tornar menos dolorosas estas lembranças ruins em sua psique”, finaliza.
SERVIÇO
ClassUP – Escolas Exponenciais
11 de abril
Expo Center Norte (SP)
https://escolasexponenciais.