Considerado o maior encontro de educação e tecnologia da América Latina, a 28ª edição Bett Brasil, que ocorreu entre os dias 9 e 12 de maio no Transamerica Expo Center, em São Paulo, recebeu um público recorde de 35 mil pessoas em quatro dias de evento. Com o intuito de fortalecer o diálogo e promover reflexões sobre temáticas que atravessam o cotidiano das escolas, quem visitou esta edição pôde se conectar às últimas novidades de inovações e soluções para o ensino, com destaque para os recursos de Inteligência Artificial e práticas para o cuidado da saúde mental de alunos e professores.
Claudia Valério, diretora da Bett Brasil, destaca que a edição 2023 do evento traduz o potencial do setor da educação e o seu contínuo crescimento. “Este ano, a Bett Brasil está maior em termos de metragem, mais rica e diversa na oferta de conteúdo e mais movimentada do que a última edição. Percebemos que o mercado educacional veio em peso, com soluções para as questões que estão sendo debatidas hoje, como ChatGPT e Inteligência Artificial, e isto está refletido no evento, com inúmeras soluções propostas pelos expositores e nas novidades que eles estão trazendo para todo o ecossistema educacional”, afirmou.
A expansão desta edição do evento foi notória: mais de 270 marcas expositoras nacionais e internacionais ofereceram atividades e experiências ao público visitante (com demonstração de produtos, serviços e soluções inovadoras), entre elas, 21 edtechs (startups voltadas para a educação); mais de 200 palestrantes nacionais e internacionais; 6.000 congressistas; 9 auditórios que abordaram temas importantes e transversais da educação. “Esta edição também marca dois lançamentos importantes da Bett Brasil: o programa de reuniões Bett Conect@ e o Ahead by Bett, um evento paralelo focado no Ensino Superior e profissionalizante. Além disso, o Bett Startups, espaço dedicado às edtechs, com painéis de conteúdo e uma agenda de pitchs reversos para escolas e investidores”, complementou Claudia Valério durante a cerimônia de abertura.
Sobre a próxima edição, ela antecipa que em 2024 o evento deve ser ainda maior em função desta demanda por soluções que vêm sendo apresentadas e, consequentemente, buscadas por toda a comunidade escolar. “Para o próximo ano, temos uma novidade: o evento muda de casa, até porque chegamos à capacidade máxima do atual local, o que confirma o potencial do setor da educação. Em função disso, a Bett Brasil passará a ser realizada no Expo Center Norte, de 23 a 26 de abril de 2024”, revela a diretora do evento.
PROGRAMAÇÃO ATUAL E DIVERSIFICADA
Tendo como eixo norteador o tema “Educação e Trabalho para Novos Futuros”, a programação de conteúdo do Congresso Bett Brasil foi composta por seis macrotemas: currículo, tecnologia, avaliação, desenvolvimento de educadores, aprendizagem e diversidade. No Ahead By Bett, voltado para a educação superior, os macrotemas foram empregabilidade, hibridismo, inovação, formação inicial e curricularização da extensão. A agenda de conteúdo foi dividida em 9 auditórios com a realização do Congresso Bett Brasil, Fórum de Gestores, Workshops e o Ahead By Bett. Além de programações diversas nos estandes das marcas expositoras e na arena startups.
Segundo Adriana Martinelli, diretora de conteúdo da Bett Brasil, a curadoria dos temas foi pautada sobre o momento atual do pós-pandemia e do contexto das escolas e realidade educacional brasileira. “Com isso, assuntos como diversidade, saúde mental, empregabilidade e tecnologias foram todos abordados nesta edição. Aliado a isso, uma das características mais importantes enfatizadas foi a possibilidade de interação, nas sessões com o Roda de Conversa, onde jornalistas moderaram os painéis, com a participação de especialistas para aprofundar os temas. Da mesma forma, o auditório Aquário, onde as cadeiras ficaram dispostas de forma circular para que o público participasse ativamente, inclusive com congressistas subindo ao palco para debater o tema específico proposto de cada sessão”.
Reforçando a importância do diálogo para refletir sobre as demandas que surgem na educação contemporânea, bem como as possibilidades que se abrem para (re)pensar trajetos para o futuro, Adriana destaca que, para a próxima edição, os conteúdos também serão trabalhados em um diálogo aberto e democrático. “Para 2024, vamos manter esses formatos de diálogo e auditórios para ampliar as possibilidades dos debates e de temas, sempre envolvendo as pautas da educação para todos, seja pública, privada, de todas as etapas de ensino, assim como profissional”, afirmou.
TECNOLOGIA DISRUPTIVA
A tecnologia, de uma forma geral, é um assunto comum nos ambientes escolares. Em novembro de 2022, observamos um crescimento exponencial de debates sobre a Inteligência Artificial, sobretudo a partir da popularização do ChatGPT. Embora não seja um conceito novo, afinal a Inteligência Artificial foi criada na década de 1950 como um campo da ciência da computação que busca criar máquinas inteligentes, o que difere é a ideia de IA Generativa, que começou a ganhar destaque desde 2021. A IA Generativa é uma técnica de aprendizado de máquina para criação de novos conteúdos escritos, visuais e auditivos a partir de prompts ou dados existentes. Ou seja, a tecnologia trabalha a partir de banco de dados e pode prever padrões, fornecendo respostas rápidas e precisas, o que, na prática, podemos visualizar com a popularização do ChatGPT.
Para adentrar na discussão, um painel especial realizado pela Microsoft, parceira global da Bett, reuniu especialistas que discutiram as diversas formas possíveis de integrar a Inteligência Artificial no currículo escolar. “A Inteligência Artificial é disruptiva, não permite mais que as coisas sejam feitas como antes. É preciso transformar. Não dá mais para fazer as coisas do mesmo jeito, é preciso olhar para essas ferramentas e soluções”, enfatizou Vera Cabral, diretora da Microsoft e moderadora do painel. “Os grandes avanços tecnológicos impactaram a educação de forma disruptiva. De certo modo, nós já utilizamos a Inteligência Artificial. Com a IA Generativa, nós demos um passo maior. É importante que todas as soluções tecnológicas sejam incorporadas na realidade das escolas”, completa.
Durante o encontro, Silvia Scuracchio, diretora pedagógica e head de inovação da Escola Bosque, apresentou os cases de sucesso da escola em relação à aplicação da tecnologia. A unidade utiliza IA em diferentes plataformas que funcionam como aceleradores de aprendizagem. Ela citou como exemplos os programas de leitura avançada, o treinador de discursos, a fluência em leitura, o gerador de imagens, entre outros. “Temos várias soluções que deixam o aprendizado mais fluido, por exemplo, o Speaker Coach, que é um software de Inteligência Artificial que avalia entonação, ritmo, refinamento e dificuldade de palavras, contribuindo diretamente no aperfeiçoamento da escrita e da fala em público. Assim como as tecnologias facilitam o nosso dia a dia, elas podem facilitar também o ensino”, destacou. Durante a sua fala, a diretora ressaltou que a IA pode ser utilizada para otimizar o tempo, personalizar o ensino, melhorar a eficiência de operações básicas e gerar dados para tomada de decisões mais assertivas.
Outro ponto enfatizado pelos palestrantes é a necessidade de ensinar os alunos sobre quais perguntas devem ser feitas para obterem melhores resultados nas buscas. Além disso, ferramentas do tipo promovem a autonomia do estudante e estimulam a curiosidade. “O conceito desenvolvido hoje pela empresa é de que não somos mais usuários, mas pilotos e copilotos. O foco é usar a Inteligência Artificial para gerar um aproveitamento de 100% em plataformas e softwares que não sabemos operar em sua totalidade”, explicou Ricardo Wagner, diretor de marketing e operações da Microsoft ao apresentar o Microsoft 365 Copilot aos presentes.
SAÚDE EMOCIONAL EM EVIDÊNCIA
O cuidado socioemocional tem alcançado, pelo menos nos últimos anos, um espaço de destaque no interior das escolas. Em um painel dedicado ao tema, especialistas discutiram as relações entre o aumento no número de ataques violentos às escolas e a importância do diálogo, da escuta e do cuidado com a saúde mental dentro dos espaços de ensino. Telma Vinha, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, apresentou as principais características e motivações dos agressores para cometerem tais atos. “O foco principal, ainda que não exclusivamente, é a escola. E isso pode acontecer em qualquer unidade de ensino. De alguma forma, a escola é o palco de algum episódio de sofrimento do estudante que comete esses atos”, explicou.
Para mudar essa realidade, a docente aponta como prioridade a escuta e o acolhimento, especialmente nas escolas. “Política pública não deve se resumir à segurança e à vigilância, isso não muda valores. Esse é um problema sociológico e cultural, do qual precisamos tratar com acompanhamento, mediação e dar a esses jovens o seu lugar de pertencimento. A escola pode ser promotora do bem-estar”, destacou.
Para Juliana Hampshire, psicanalista e painelista, esse cuidado deve se estender também aos professores, que se encontram, muitas vezes, sobrecarregados em tarefas e em emoções. “A escola precisa de mais tempo, especialmente para o desenvolvimento dos professores. É preciso mais tempo para ouvir, para entender, para se relacionar. A rapidez com a qual as coisas acontecem hoje não permite uma escuta ativa e dificulta a comunicação, especialmente com a juventude. É preciso trabalhar isso”.
Entendendo esse contexto e indo além de uma formação que capacite o professor para trabalhar com a aprendizagem socioemocional com os alunos, a Semente Educação lançou a Academia de Professores, voltada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos educadores, durante a Bett Brasil 2023. Segundo o professor Eduardo Calbucci, CEO da Semente Educação e diretor-geral do Programa Semente, é fundamental que o professor tenha habilidades socioemocionais bem desenvolvidas para poder mostrar o caminho dessa aprendizagem aos estudantes.
“Pesquisas mostram que depressão e ansiedade estão entre os principais motivos de afastamento de professores. O ensino socioemocional atua como fator preventivo, reduzindo as chances de turnover em instituições. Por isso, mais do que proporcionar formação aos educadores das escolas para aplicarem soluções socioemocionais como o Programa Semente, estamos lançando um curso totalmente focado no desenvolvimento do professor, que vai impactar positivamente sua vida pessoal e profissional”, explica Calbucci.
SOLUÇÕES PEDAGÓGICAS
Com o propósito de proporcionar experiências transformadoras nas escolas, a BEĨ Educação lançou a coleção Aprendendo a lidar com dinheiro, direcionado aos anos finais do Ensino Fundamental. A partir da abordagem de práticas financeiras do cotidiano, a coleção promove a educação financeira por meio do uso da matemática aplicada na resolução de problemas reais. Elaborada pelo autor Paulo Costa, economista e doutorando pela Universidade de Harvard, esta coleção mostra como a educação financeira pode contribuir para vencer a resistência do jovem à matemática. O material desenvolve a compreensão de conceitos da educação financeira que, integrados à matemática de forma contextualizada, estimulam os jovens a refletirem sobre a importância do tema para suas vidas, ajudando na tomada de decisões e na transformação da realidade.
O Poliedro Sistema de Ensino lançou duas soluções inéditas para a gestão escolar: as ferramentas Marketing Pro e Rotas Pedagógicas. A ferramenta Marketing Pro tem o objetivo de apoiar as Escolas Associadas no planejamento de estratégias e na produção de conteúdos de marketing para que consigam apresentar sua proposta pedagógica e se sobressair no mercado em sua região de atuação. A ferramenta foi desenvolvida pelo Poliedro por meio da sinergia entre as áreas de Inovação e Marketing. Já o Assistente de Rotas Pedagógicas tem o objetivo de auxiliar as escolas na implementação eficaz do Novo Ensino Médio, garantindo a adequação da matriz curricular das escolas, alinhada às diretrizes legais, aos objetivos pedagógicos do novo modelo e à realidade da sua região, a fim de alcançar melhores resultados.
A fácil adaptação do material didático também é o objetivo do Sistema Anglo de Ensino, que se destaca por oferecer um material didático completo e flexível para as necessidades de cada escola, além de assessoria pedagógica com suporte permanente. “Os materiais didáticos do Anglo são elaborados por uma grande e qualificada equipe de professores-autores, que conhecem a BNCC, os editais dos principais exames e a realidade da sala de aula. Estes autores estão permanentemente ligados ao material, aprimorando-o e atualizando-o, mantendo a tradição Anglo de inovação e alta performance acadêmica”, afirma Daniel Perry, Diretor do Sistema Anglo de Ensino. “O material é, ao mesmo tempo, profundo e equilibrado, completo e pragmático”, diz Perry.
Além de ser uma ferramenta para auxiliar educadores no processo de ensino de diversas disciplinas e ajudar alunos a desenvolver habilidades matemáticas, a publicação busca estimular a criação do pensamento crítico e a formação de cidadãos capazes de consumir com inteligência e de modo consciente. Durante o evento, o jornal Tino Econômico também fez o lançamento do jogo Vida Financeira, que tem como propósito ensinar os jovens, de um jeito lúdico e divertido, a fazer boas escolhas no uso do dinheiro. Simulando uma trajetória profissional com posições que vão do estagiário a CEO de uma empresa, a iniciativa estimula que os jovens optem entre poupar, arriscar e investir. Diante dos desafios de cada rodada, quem tomar as melhores decisões vence a partida.
“O intuito do jogo é auxiliar o jovem no entendimento de como administrar o dinheiro e no aprendizado de conceitos de finanças. Em uma aula de 40 minutos, o professor consegue explicar, aplicar e finalizar o jogo de forma que o aluno entenda como é a vida fora da escola. Será mais um recurso eficiente para o educador impulsionar a aprendizagem sobre educação financeira em sala”, explica Silvia Balieiro, editora-chefe do jornal Tino Econômico.
Com foco no aprimoramento da metodologia de ensino em inglês, a Skies Learning by Red Balloon foi lançada durante o evento como uma solução personalizada para atender as necessidades das escolas e colaborar para a formação de alunos bilíngues nos mais diversos cenários. A nova solução foi desenvolvida com base em três alicerces – material didático, programa de gestão e programa de formação docente –, visto que para formar alunos bilíngues, é necessário oferecer ferramentas adequadas, um espaço favorável e seguro para a prática, além de professores atentos ao desenvolvimento dos estudantes. O grande destaque da Skies Learning é que a instituição não precisa ser bilíngue para formar um aluno bilíngue, mantendo a essência de cada escola e o seu protagonismo no ensino de inglês. “O estudante pode ser bilíngue sem que a escola tenha um currículo, por si só, bilíngue. Fazemos a nossa sequência didática de acordo com a rotina de cada instituição e turma, de forma flexível, sempre contextualizando o aprendizado para as crianças e para os profissionais”, explica Carol Stancati, diretora da Skies Learning.
Saiba mais:
Bett Brasil – https://brasil.bettshow.com/