Um clássico há muito esgotado, A psicanálise dos contos de fadas, de Bruno Bettelheim, volta às livrarias no fim do mês, com capa nova, pela Paz &Terra. O livro marcou a história da psicologia infantil ao mostrar que o mundo trágico e violento dos contos ajuda no desenvolvimento psicológico das crianças. O autor revela as razões, as motivações psicológicas, os significados emocionais, a função de divertimento, a linguagem simbólica do inconsciente que estão subjacentes nos contos infantis.
Vencedor do National Book Award e do National Book Critics Circle Award, a obra é referência também nos estudos de pedagogia, artes e literatura.
“Um efeito esplêndido, repleto de ideias úteis, com insights sobre como as crianças pequenas leem e entendem e, acima de tudo, carregado de otimismo realista e de boa vontade experiente e terapêutica”. – Harold Bloom, The New York Review of Books.
A Psicanálise dos contos de fadas (The uses of enchantment)
Bruno Bettelheim
Tradutor: Arlene Caetano
Editora Paz & Terra
448 páginas
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 55,00
Em A Psicanálise dos contos de fadas, Bruno Bettelheim analisa as mais famosas histórias para crianças, com o objetivo de extrair os seus verdadeiros significados. O renomado psicólogo infantil nos oferece uma brilhante e comovente revelação sobre o enorme e insubstituível valor dos contos de fadas e mostra como eles educam, apoiam e liberam as emoções das crianças.
Os contos de fadas, considerados por pais e educadores até pouco tempo como “irreais”, “falsos” e “cheios de crueldade”, são, para as crianças, o que há de mais real, algo que lhes fala, em linguagem acessível, do que é real dentro delas.
Depois que a psicanálise desmitificou a “inocência” e a “simplicidade” do mundo da criança, os contos de fadas voltaram a ser lidos (e discutidos), justamente por descreverem um mundo pleno de experiências, de amor, mas também de destruição, de selvageria e de ambivalências. A psicanálise provou que, na verdade, os pais temem que os filhos os identifiquem com bruxas e monstros, ogros e madrastas e, em consequência, deixem de amá-los. Porém, ao contrário, podendo vivenciar tudo, identificando-se e aos pais com personagens dos contos, os filhos têm sua agressividade diminuída, podendo amar os pais de maneira mais sadia. O conto, assim, contribui para um melhor relacionamento familiar, desmanchando as fontes de pressão agressiva que, caso contrário, seriam dirigidas aos pais.
Bettelheim defende que a maior contribuição dos contos de fadas é em termos emocionais ao propor quatro tarefas: fantasia, escape, recuperação e consolo. Estes quatro elementos desenvolvem a capacidade de fantasia infantil; fornecem escapes necessários falando aos medos internos da criança, às suas ansiedades e ódios, seja como vencer a rejeição (como em “João e Maria”), ou nos conflitos edípicos com a mãe (como em “Branca de Neve”), seja na rivalidade com irmãos (como em “Cinderela”), ou nos sentimentos de inferioridade (como em “As Três Penas”).
Segundo o autor, os contos aliviam as pressões exercidas por esses problemas; favorecem a recuperação, incutindo coragem na criança, mostrando-lhe que é sempre possível encontrar saídas; e, finalmente, consolam, e muito: o “final feliz”, que tantos adultos consideram “irreal” e “falso”, é a grande contribuição que eles fornecem à criança, encorajando-a à luta por valores amadurecidos e a uma crença positiva na vida.
Bruno Bettelheim, reconhecido em todo o mundo como um dos maiores psicólogos infantis, principalmente por seu trabalho com crianças autistas, nasceu na Áustria em 1903 e morreu nos Estados Unidos em 1990. Graduado na Universidade de Viena, foi para os Estados Unidos em 1939, depois de passar um ano nos campos de concentração de Dachau e Buchenwald.