Orientadora educacional da Escola Santi discute os principais desafios dessa tecnologia no cenário pedagógico
Tudo pode começar com uma simples foto enviada sem o consentimento do dono do celular. A brincadeira acaba tomando proporções maiores e pode causar tristeza e sofrimento ao jovem, a ponto de atrapalhar o seu desenvolvimento escolar.
É o que aponta a orientadora educacional do 6º ao 9º ano da Escola Santi, Maria Augusta Meneghelo. “Não é mais possível negar a existência dos celulares e das redes sociais no ambiente escolar. Eles existem, as crianças os utilizam e precisamos dar suporte a elas sobre como lidar com essa novidade”, explica.
Para discutir temas como o comportamento nas redes sociais, assim como outras questões pertinentes aos jovens como organização e puberdade, a coordenação educacional promove encontros e assembleias de sala para conversar, escutar os alunos e apresentar casos importantes. “É o momento do diálogo e de avançar nas relações morais para que eles, no futuro, possam se relacionar, expressar o seu ponto de vista, colocando-se no lugar do outro e resolver seus conflitos.”
Nesses encontros também são levantadas questões polêmicas que ocorrem dentro e fora do ambiente escolar, como as desavenças pelo aplicativo WhatsApp. De acordo com Maria Augusta, as brigas pelo celular são os motivos mais frequentes de reclamações entre os alunos e isso acontece pois na rede social os jovens afirmam ser mais corajosos do que quando falam pessoalmente. Além disso, muitas vezes enviam fotos ou mensagens usando o aparelho do amigo, sem se identificar.
Por meio dessas conversas, a equipe pedagógica consegue observar que essas atitudes são feitas por impulso, descontadas em um momento passageiro de raiva. “Mostramos que ter esse sentimento não é errado, mas que é preciso ter consciência sobre o impacto que ele pode causar, que a tecnologia é só mais um instrumento para se expressar e a ética deve estar presente em todas as esferas da vida”, explica a orientadora.
Comportamento nas redes sociais
Outra questão é a segurança nas redes e o excesso de informações compartilhadas, já que publicar conteúdo que exponha a rotina do jovem pode ser uma atitude muito perigosa. “Levantamos casos que apareceram na mídia de profissionais que foram demitidos por postarem fotos durante o horário de trabalho e conversamos sobre o que se deve ou não fazer nas mídias sociais.”
A educadora orienta sobre a questão das senhas dos celulares e o risco de liberá-las aos seus colegas, explicando que as pessoas guardam a sua intimidade no aparelho, assim como em suas casas. “A senha é como a chave de casa: nós não a entregamos para qualquer pessoa”, compara Maria Augusta.
Para ela, esse tipo de orientação tem reflexos para a vida toda, já que faz os alunos pensarem sobre questões éticas na escola, na família e até no mercado de trabalho. “Não sabemos como a tecnologia nos impactará no futuro, mas devemos ter princípios que regem nossos comportamentos on e off-line.”