Ícone do site Revista Direcional Escolas

Como superar as dificuldades no relacionamento entre pais e filhos

A relação entre pais e filhos não está imune às questões presentes nas demais relações interpessoais: as pessoas se chocam, se ferem, conseguem ultrapassar as suposições, deduções, suspeitas na interpretação dos comportamentos do outro. Cada parte tem fantasias ao que o outro sente e pretende, como também em relação às suas próprias fantasias acerca de sua própria experiência e intenções. Daí, a complexidade dessa rede de intenções, motivos e experiências tecida por diferentes membros envolvidos.

Como reflexão, podem-se levantar alguns aspectos a partir da breve apresentação do panorama traçado.

É importante tanto para adulto como para criança ter um lugar na vida de outra pessoa. Laing (1982, p.129) afirma ser um desejo humano universal exigir uma significação, de ocupar um lugar no mundo de alguém. Não se trata meramente de amar e de ser amado, mas que a pessoa se sinta gratificada por esse amor.

A criança constrói sua identidade a partir do que o outro diz e aprende a ser de acordo com a atribuição recebida. “Aprende o que ela é pelo que lhe dizem sobre o significado de suas ações e seus efeitos sobre os outros” (Idem, p. 148). Além disso, as expectativas, ideais, valores e dificuldades pessoais dos pais influenciam no estabelecimento de vínculo com os filhos. O discernimento e a tomada de consciência desses possíveis entraves podem constituir o passo inicial para superação de dificuldades e conflitos no relacionamento.

A questão central resida, talvez, no fato de que cada pessoa vive diferentes coisas de formas distintas, em diferentes ocasiões, e até ao mesmo tempo, ou seja, interpreta e compreende o mundo de forma particular e idiossincrática. Como compartilhar, então, se cada qual sente o mundo diferente e vive, em consequência, em mundos diferentes? Se o mundo ao redor dos pais é o mesmo mundo ao redor dos filhos trata-se de um mundo partilhado, que, possivelmente nunca seja sentido por eles exatamente da mesma maneira.

Cabe, então, aos pais considerar a trajetória de desenvolvimento do pensamento ou da lógica infantil que vai do pensamento predominantemente mágico e onipotente até atingir a lógica racional do adulto e sejam capazes de sair da sua própria maneira de interpretar e colocar-se no lugar do outro. É uma tarefa nada fácil. Voltar ao início do artigo

Referências Bibliográficas
GINOTT, H. Pais e filhos – novas soluções para velhos problemas. RJ: Edições Bloch, 5 ed., 1975.
LAING,R.D. O eu e os outros. Petrópolis: Vozes, 5. ed., 1982.
MALDONADO,M.T. Comunicação entre pais e filhos – a linguagem do sentir. Petrópolis: Vozes, 8. ed., 1986.

Por Elena Etsuko Shirahige


Elena Etsuko Shirahige
é Psicóloga clínica e educacional, Profª Drª pela FEUSP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), membro do Núcleo de Atendimento ao Dependente Química (NADeQ).
Mais informações: elena_shirahige@yahoo.com

Sair da versão mobile