Matéria publicada na edição 93 | Novembro 2013 – ver na edição online
[highlight style=’alice-blue’] Sylvio Gomide: “O gestor tem um papel importante: dar aos colaboradores respaldo suficiente, técnico e financeiro, para que eles caminhem neste sentido. Sem o apoio dos gestores, a “batalha” fica difícil.”[/highlight]
Nos últimos anos a tecnologia avançou rapidamente, tanto que há dez anos atrás, por exemplo, o formato de ensino “lousa x professor” era satisfatório para os alunos. Estudantes frequentavam bibliotecas em busca de informações para trabalhos escolares e seus estudos. Com o surgimento da internet, tudo mudou. O velho formato, já não é atraente para os alunos. Os mesmos, vivem conectados e já não precisam deslocar-se à uma biblioteca, bastando um “click” para estarem com a informação em suas mãos. Mas de que maneira isso vem afetando o ensino e seus colaboradores?
Bem, do mesmo modo que a tecnologia trouxe benefícios para a sociedade, também causou alguns “novos” problemas. Zombar do amiguinho era, no máximo, digno de uma advertência. Já hoje, o que era algo inofensivo, virou crime e agora é chamado de ” bullying”. Com as redes sociais, toda informação ou opinião se espalha rapidamente, causando danos, muitas vezes irreversíveis à convivência social do aluno. Mas não só alunos, como também professores vem sendo alvo desse tipo de atitude.
Múltiplas tarefas, acúmulo de funções, falta de disciplina nas aulas somado ao mal comportamento de alguns alunos, vida pessoal e financeira instáveis, são fatores que causam o desequilíbrio emocional de qualquer indivíduo, acarretando algumas doenças modernas que acometem pessoas de diversas classes sociais e faixas etárias, tais como estresse, síndrome do pânico e insônia. Sintomas que perturbam um número cada vez maior de pessoas, conforme apontam pesquisas abordando o assunto.
Sabemos que o papel do professor é de fundamental importância na convivência com os alunos, portanto deve-se zelar por seu bem estar, físico e mental, assim como dar-lhe suporte para acompanhar esses avanços sociais e tecnológicos, afim de se sentirem seguros e motivados ao trabalho, sem que sofram com a síndrome de “burnout”
Em conversa com Sylvio Gomide, um dos sócios do Grupo Weducation, podemos notar a importância do Gestor no desenvolvimento do sistema de ensino e no suporte a seus colaboradores. Na opinião de Sylvio, é de extrema importância o investimento na qualidade de ensino, pois a filosofia do Grupo, é a de preparar o aluno para as adversidades cotidianas, fazendo com que ele, no futuro, ao ingressar no mercado de trabalho, esteja pronto para adaptar-se às evoluções sociais e suas revoluções. Acompanhe:
Revista Direcional Escolas – Conte-nos sobre o Grupo Weducation e sua composição.
Sylvio Gomide – O Weducation tem uma composição societária dividida em três grupos. Dois deles cuja origem são escolas tradicionais de São Paulo, Colégio Internacional Ítalo Brasileiro e Colégio Mater Dei, ambos fundados na década de 40 a 60, época em que as escolas religiosas eram imensa maioria não só em São Paulo como no restante do país. O outro sócio, SSU tem tradição de escolas de língua inglesa para estrangeiros nos EUA, com unidades na Califórnia e Nevada, além de cursos de MBA.
Revista Direcional Escolas – De que forma a aquisição de novas instituições serviu para expandir uma filosofia de trabalho e uma proposta pedagógica desenvolvida com a experiência do Mater Dei. De outra forma, o que as novas instituições agregaram à missão, valores, estratégias e visão do Grupo?
Sylvio Gomide – O setor de educação privada está vivendo um período de consolidação, principalmente no Ensino Superior (Graduação, Pós e EAD). Neste último ano, houve movimentos na mesma direção com a Educação Básica, porém até agora com poucos negócios realizados. Tenho dúvidas se este tipo de negocio resultará em melhoria de qualidade de ensino, pois não foi o que aconteceu na maioria dos casos no Ensino Superior. Este tipo de negócio na Educação Básica deve ser conduzido de uma forma diferenciada.
Nosso diferencial é exatamente este: cada escola adquirida ou incorporada tem sua filosofia preservada, a maioria dos colaboradores permanece por conta da identidade com as famílias. Nós entramos fortes na administração, otimizando os custos num CSC (Centro de Serviços Compartilhados). É desta otimização que tiramos nosso lucro para investimentos nas unidades e possíveis aquisições. Jamais tiramos a autonomia da escola ou tentamos mudar a filosofia, em nome de aumento de lucratividade. Não somos fundo de investimento, não estamos realizando estes investimentos com foco em realização de lucro após cinco ou dez anos.
Revista Direcional Escolas – Qual deve ser a proposta pedagógica de uma escola privada de educação básica hoje, mediante a expansão do uso da tecnologia móvel e digital pela sociedade e, inevitavelmente, pelos alunos?
Sylvio Gomide – A tecnologia é a maior parceira dos projetos pedagógicos das escolas, seja qual for a linha pedagógica. A sala de aula nos moldes atuais, que tem origem há mais de 50 anos, está com os dias contados. As crianças e jovens de hoje não aguentam mais este formato. A informação está muito além da escola. O papel do professor de hoje não é mais o de transmissor de informação, mas sim um orientador de estudo e pesquisa. Tem de ser um professor transformador.
Revista Direcional Escolas – Além disso, a que tipo de formação de alunos esta proposta deve buscar nesse contexto contemporâneo?
Sylvio Gomide – Resumindo: capacidade de enfrentar qualquer situação, saber trabalhar em grupo, se relacionar, entender as mudanças cada vez mais rápidas e se adequar a elas.
Revista Direcional Escolas – Nesse sentido, o que mudou ou deve mudar na relação dos profissionais da área da educação em relação às escolas e também aos alunos e familiares ?
Sylvio Gomide – Quem trabalha em escola tem de ter segurança em passar para a clientela os conceitos que falei anteriormente. Por conta desse sistema falido de acesso aos cursos superiores, a escola mais “procurada“ é aquela que aparece na mídia entre as melhores do ENEM. Isto não basta para você se dar bem na vida, na plenitude do que significado. Precisa sair da escola com domínio de conteúdo, mas acima de tudo com uma boa formação.
Revista Direcional Escolas – Assim como muitas outras instituições têm apontado, também o Weducation se vê diante da necessidade hoje de formar seus profissionais?
Sylvio Gomide – Sim, a mão de obra é muito ruim. Os cursos bons, sérios, na área de educação se contam nos dedos. Por outro lado, o mercado em geral não remunera bem, e isto reflete na qualidade. Quem quer crescer profissional e financeiramente procura outra atividade. No nosso caso procuramos jovens que estejam cursando faculdades, ex alunos de nossas escolas. Fazemos a formação deles dentro da nossa filosofia.
Revista Direcional Escolas – Quais as perspectivas futuras da área da educação privada no Brasil no Ensino Básico: deverá haver algum tipo de parceria no futuro com a área governamental de forma a expandir ainda mais os serviços à população ?
Sylvio Gomide – As perspectivas são boas para quem investir em qualidade. O número de alunos está caindo. Resistirá quem for competente e conseguir entregar um serviço de qualidade. Quanto a parcerias, sou cético: o estado não costuma gostar da nossa parceria e o nosso setor quer continuar criticando o estado pela má qualidade. Nem todas as escolas públicas são ruins e nem todas as privadas são de qualidade. Há boas e péssimas escolas de ambos os lados.
PERFIL WEDUCATION GRUPO EDUCACIONAL
Localização (Unidade sede do Grupo):
O Weducation é composto por cinco instituições de ensino associadas, com seis unidades na cidade de São Paulo e uma em São José dos Campos. Adicionalmente às instituições de ensino, o grupo contempla um Centro de Serviços Compartilhados, um Complexo Esportivo na Zona Oeste e um grupo de empresas que atuam na gestão e implantação de programas internacionais em instituições de ensino.
Fundação:
As escolas associadas ao grupo tem em média 50 anos de existência.
Ciclos escolares:
O grupo atende alunos de Berçário (quatro meses) ao Ensino Médio concomitante com o Ensino Técnico.
Regime de aula: –
Nº. de alunos:
Aproximadamente 2.600 alunos.
Equipe de colaboradores (Diretores, coordenadores, assistentes, professores, apoio pedagógico como biblioteca e laboratórios, apoio administrativo, manutenção etc.):
O grupo possui aproximadamente 500 colaboradores.