“Para garantir a qualidade da instituição, o gestor deve, juntamente com sua equipe, planejar e criar indicadores a partir de planejamentos estratégicos. Ter clareza dos objetivos, princípios e valores da instituição, criando ações e projetos que dialoguem com a possibilidade de construir e conquistar bons resultados”, diz Marisa Ester Rosseto, Diretora Educacional do Colégio Marista Arquidiocesano
Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação
Exigência, excelência no ensino, programas diferenciados, método interativo, relação interpessoal, dinamismo, qualidade. Atribuímos à educação uma lista complexa de requisitos que devem, de forma instintiva, incorporar em seu desenvolvimento e progresso institucional, com o intuito de promover uma relação sadia com o aprendizado. Inserida em um processo denso, a educação é a base social de uma estrutura que está em constante reconstrução e modificação. E, sua capacidade de incorporar intersecções, habilidades, conexões e desafios é imensa – e deve ser nutrida de maneira integral.
Percorremos, em um cenário atual, intensas discussões que cercam possíveis reconstruções significantes. O sistema educacional atravessa problematizações constantes, tanto na inserção de recursos tecnológicos, como avaliação do Ensino Médio, alterações em exames nacionais, verificação de currículo pedagógico, metodologia diversificada e tantos desdobramentos que envolvem as paredes das escolas diariamente.
Com tantas alterações e prováveis transformações positivas, um dado de realidade transcende a sala de aula: as questões que compreendem a gestão, seus desafios, estratégias e condutas para propor uma qualidade a todo o mecanismo estudantil. “Um gestor de sucesso está sempre comprometido com a sua equipe e atua de forma participativa. Ele deve desenvolver a prática da interação e da comunicação entre educadores, pais e alunos, atitudes que lhe auxiliam na abertura de caminhos para o diálogo e contribuem significativamente para o alcance dos resultados esperados”, afirma Marisa Ester Rosseto, Diretora Educacional do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado em São Paulo.
A definição de gestão nos remete à um emaranhado de sensações, obrigações, tarefas e decisões. Se pensarmos, de maneira sucinta, a gestão engloba particularidades, motivações, diagnósticos, orientações, acompanhamentos e análises centrais para uma melhoria no espaço comum. Além de conduzir estratégias, inspirar novas soluções, valorizar as habilidades dos indivíduos e trabalhar, em conjunto, em prol do mesmo objetivo.
Nesse panorama, o gestor escolar participa de uma série de trabalhos que implicam na organização dos espaços da escola, a mobilização de equipes, o fomento na comunicação com funcionários, alunos e pais, além de, em seu cronograma diário, estabelecer parâmetros de qualidade, assistência, segurança e conforto. Assim, com uma visão de gestor escolar, nos surge uma indagação: como podemos definir a qualidade escolar?
QUALIDADE EM DESTAQUE
“Uma gestão é vista como de qualidade quando os resultados são atingidos ou até superados e, no caso do Colégio Marista Arquidiocesano, entende-se que a qualidade está diretamente ligada aos resultados de excelência acadêmica que conquista e na formação humana que desenvolve. Um planejamento estratégico bem construído e executado não garante a qualidade da gestão. Muitos são os fatores internos e externos que podem interferir nos resultados”, ressalta Marisa Ester.
A questão da qualidade, associada à educação, deve ocorrer em uma perspectiva polissêmica, envolvendo condições intra e extra escolares, visões micro e macro, elementos qualitativos, avaliações de propriedades e atributos desejáveis ao aprendizado, disseminação de saberes, conhecimentos fundamentais ao exercício da cidadania, noções e vistorias de infraestrutura, comprometimento com segurança e habilidades para a construção de um espaço multicultural.
O âmbito educacional, tido como principal prática social, abrange (não só) concepções de metodologias de ensino, mas uma amplitude de expectativas que caminham desde o suporte físico (e todas as suas verificações e problemáticas) até as adequações e desdobramentos do conhecimento.
“Na gestão da qualidade trabalhamos com a ideia de stakeholders, em tradução do inglês, são as partes interessadas, ou seja, são todos os públicos que fazem parte do processo educacional: pais, família, professores, coordenadores, escola, diretores e gestores, órgãos governamentais envolvidos e estudantes”, destaca Fernando Domingues, Diretor de Inovação do Instituto Eniac.
De acordo com Fernando, todos estão envolvidos com a questão da qualidade, alguns de forma mais passiva e outros de forma mais ativa. Nesse contexto, a escola com seu corpo docente, coordenadores e gestores, que são os líderes, têm papel mais ativo, “mas cabe também a pais e estudantes a responsabilidade de dar feedback à escola sobre sua satisfação, responder de forma sincera a pesquisas de qualidade e cobrar melhorias pontuais que sejam necessárias. Na qualidade, a meta é atender às expectativas de todos os stakeholders, mas isso é um trabalho muito difícil, principalmente quando há expectativas conflitantes. A responsabilidade do gestor, então, é liderar os processos em direção a essas expectativas”.
INDICADORES DE QUALIDADE
Para Catia Araújo, coach de liderança, é fundamental a utilização de indicadores, pois eles mostrarão com muita clareza e precisão ao gestor os pontos fortes e fracos da escola. “Sendo assim, ele entrará com as providências cabíveis para a melhoria dos pontos fracos e fortalecerá cada vez mais os pontos fortes. Existem vários indicadores de qualidade, fica a critério da escola a escolha dos indicadores que sejam mais adequados às suas necessidades”.
No Instituto Eniac (que engloba colégio e faculdade localizado na cidade de Guarulhos, em São Paulo), por exemplo, indicadores como o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) devem ser levados em conta, mas não podem ser os principais. Como os objetivos e a realidade de cada instituição são únicos, os indicadores também devem ser.
“Para nós do Eniac a satisfação dos pais e estudantes têm tanta importância quanto os indicadores de desempenho em avaliações, pois compreendemos que o engajamento e motivação do estudante são atributos básicos da aprendizagem. Já as certificações podem ter três papéis relevantes: (1) o reconhecimento externo; (2) o reconhecimento de alguma iniciativa interna; ou (3) a busca de um meio externo e independente de avaliação. Nessas três situações, as certificações são extremamente positivas, mas não indispensáveis”, destaca Fernando Domingues.
Por outro lado, o engenheiro e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) no MBA de Gestão Estratégica de Pessoas, André Luiz Dametto, os indicadores externos servem como um balizador, “mas eu defendo que todo sistema de gestão deve começar de dentro pra fora, com indicadores cocriados e valorizados pelas partes envolvidas da escola. A imposição de métricas externas pode gerar um efeito contrário e afastar ainda mais a capacidade de diálogo, fundamental para melhorar os resultados nas organizações”.
CERTIFICAÇÃO ESCOLAR
Com 40 anos de história e três unidades (Centro, Portal e Zona Norte) localizadas nas principais regiões da cidade de Sorocaba, em São Paulo, o colégio Objetivo Sorocaba atende cerca de 3.000 alunos – do berçário ao pré-vestibular. Referência em educação, a escola proporciona aos estudantes um profundo contato com a cultura, o esporte e as várias formas de linguagem. Sempre estimulando o protagonismo de crianças e adolescentes.
“O Objetivo Sorocaba sempre enfocou a excelência, seja na proposta pedagógica ou nos serviços oferecidos. Estamos em constante busca por melhorias e inovação. Hoje, definimos que somos uma escola de qualidade não só pelo enfoque na excelência, mas, também, pelo reconhecimento externo”, diz Élide Martins Rodrigues, Diretora da Unidade Portal. Nessa perspectiva, o colégio realizou este ano um processo de certificação escolar que avalia itens como programa educacional; saúde e segurança das crianças; ambiente físico; gestão de colaboradores; relacionamento com os estudantes; parceria com as famílias e lideranças e gestão. A pontuação deve atingir 50% dos parâmetros.
“Todos os colaboradores da Unidade Portal foram envolvidos para que este momento fosse de aprendizado. Cada aspecto da escola foi avaliado, desde os serviços de manutenção, o bem-estar (limpeza), a alimentação, o atendimento, a segurança e o alinhamento da proposta pedagógica”, explica a diretora. “A certificação veio para consolidar o trabalho que realizamos. É muito gratificante saber que estamos no caminho certo. Este certificado, reconhecido internacionalmente, nos fortaleceu. Afinal, a busca por melhorias é constante. Não podemos parar, pois sabemos que sempre podemos oferecer o melhor, seja para nossa comunidade interna ou externa”.
Saiba mais:
André Luiz Dametto – andre@aldconsultoria.com
Fernando Domingues – maisinformacoes@eniac.com.br
Marisa Ester Rosseto – arqui@colegiosmaristas.com.br