Matéria publicada na edição 122 | Outubro /2016
“A gestão, seja ela qual for, passa pela presença e orientação do gestor junto à sua equipe. Na escola não é diferente. Um bom gestor escolar equilibra os três pilares: pedagógico/administrativo/pessoas. São ações em conjunto que compõe a gestão escolar”, destaca Cléa Mara Mattos, gerente educacional da Rede Pitágoras
Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação
Atravessamos, nos últimos anos, um emaranhado de transformações. Dentre as principais transformações, à qual me refiro, podemos indicar a tecnologia como um fator marcante e um dado de realidade em nosso cotidiano. Além dos aparatos e mecanismos digitais, observamos outro fator de extrema significância: novos anseios, preocupações e objetivos dos alunos que chegam ao processo educacional diferente de décadas passadas, por exemplo.
Os dois exemplos citados acima são macro esferas que produzem alguns desdobramentos que interferem nas rotinas culturais, artísticas, sociais, políticas – tanto no exterior como no cotidiano escolar. Essas modificações acontecem de maneira fluída e, em alguns casos, imperceptíveis, mas que refletem em todas as escalas: na relação aluno-ensino; professor-aluno; professor-corpo acadêmico; áreas administrativas-direção; e, também, na relação do diretor escolar com todos os setores, inclusive sua ótica sobre o ensino.
Observar e refletir sobre essas questões que movimentam o interior de uma instituição de ensino, gerando oportunidades e novos horizontes, bem como situações de crescimento, protagonismo, notoriedade e gestão de qualidade são algumas palavras-chave para compreender o século XXI e suas implicações educacionais. E, acima de tudo, realinhar, readaptar e reconstruir as competências embutidas para o diretor escolar deste século, suas percepções e modelações para a escola do futuro – que se aproxima em velocidade singular.
José Hélio de Moura Filho, coordenador do Ensino Médio do Colégio Poliedro de São José dos Campos, em São Paulo, acredita que muitas mudanças da atualidade são marcas de progresso e desenvolvimento. E a própria tecnologia tem transformado a história com muita rapidez. “São criadas ferramentas espetaculares para serem utilizadas em sala de aula e, quanto mais temos opções técnicas, mais precisamos ter qualidades emocionais e intelectuais. Neste novo contexto, um diretor escolar do século XXI, precisa apresentar valores éticos. Para se ter atitudes eficazes no ambiente escolar, é necessário estar preparado para que as decisões sejam naturais, seguras e rápidas”.
Com o advento tecnológico é possível prever uma escola do futuro pautada na tecnologia e essa realidade já está presente em diversas instituições. As aulas do Ensino Fundamental II do Colégio Poliedro, conta José Hélio, são repletas de recursos digitais, que as tornam mais interativas, proporcionado autonomia e protagonismo aos alunos. A tecnologia é vista como mais um meio, que possibilita o aprendizado de maneira eficaz. “Os alunos do Poliedro também contam com atividades extracurriculares ligadas a tecnologia, assim como robótica. Com as possibilidades criadas pela tecnologia, tudo pode acontecer. Imagine ter todas as formas de ensino online, onde a escola poderá ser apenas uma sala por onde serão transmitidas as tarefas. Os livros, lápis, borrachas e canetas poderão ser desnecessários, diante da máquina computadorizada”.
Além das interferências tecnológicas, outras reformulações são necessárias para garantirmos uma escola do futuro completa – plural, inclusiva e democrática. Que dialogue com agentes transformadores, líderes, comprometidos com motivação e espaços abertos e amplos para diálogos, receptividade e alteridade perante às diferenças.
“Estamos em uma época onde a tecnologia interfere na construção do aprendizado, e nós, enquanto gestores educacionais, vamos acertando, corrigindo e adequando os recursos oferecidos pela escola. Costumo dizer que a escola precisa estar viva, motivada, segura, para que não sejamos vitimados erroneamente pela força das máquinas ou de uma época. Nesta nova realidade, surgem novos conceitos, mas também novos problemas. Neste sentido, não podemos ficar parados. Acho que essa é a essência da escola, propor soluções para as situações contemporâneas da sala de aula”, ressalta José Hélio.
ESCOLA DINÂMICA
Cléa Mara Mattos do Prado, gerente educacional da Rede Pitágoras, afirma que a educação é um processo amplo, dinâmico e interdependente das interações da sociedade e de suas transformações. E, portanto, o papel do diretor é ser o agente transformador. “É pensar a escola como agente de conhecimento, aprendizagem e desenvolvimento, mas também como empresa. Nesse contexto, é fundamental entender a escola como parte da sociedade. A escola deve acompanhar, com ética, as mudanças da sociedade, incentivando sempre a presença da família e de toda a comunidade escolar”.
Questionada sobre as possíveis reformulações para a escola do futuro e as características necessárias para o ensino dos próximos anos, Cléa não acredita em um ensino pautado, exclusivamente, pela tecnologia, mas sim com um olhar dinâmico. Nesse contexto, conta a gerente educacional, a reflexão e o debate são boas estratégias na busca da qualidade e o gestor não pode fechar os olhos para essa realidade. “É essencial realizar ações, cursos e eventos que promovam a formação contínua dos educadores. No entanto, a aprendizagem é o objeto de conhecimento das ciências que estudam o desenvolvimento humano. Por isso, é importante que ela não fique restrita apenas ao debate”.
ESCOLA QUE APRENDE
Com o intuito de formar indivíduos e cidadãos para a exercer a vida, o Colégio Magno/Mágico de Oz, localizado em São Paulo, possui, dentre as suas preocupações e atividades, programas e trabalhos com a cidadania; esporte e pluralidade; espaço multidisciplinar; entre outros. Destacamos, aqui, a “Escola que Aprende” – projeto que investe em capacitação, auxiliando o profissional ampliar a sua visão e saber como está o aluno à sua frente, fazê-lo perceber que é essencial levar em conta os conhecimentos prévios, pois esse aluno tem muito a ensinar e a compartilhar.
“O gestor do século XXI tem que ser um domador de egos e saber administrar as vaidades. Mas como ensinar algo novo para quem acredita que já sabe tudo? O que percebemos é que os professores tendem a querer começar do zero um novo ano letivo, sem levar em consideração o que o aluno conquistou antes. Por isso, a nossa proposta de capacitação vai muito além da técnica, a ideia principal é renovar a sua prática, o que é bem mais amplo e significativo”, destaca Cláudia Tricate, diretora pedagógica do colégio.
Acreditando no conceito de compartilhar conhecimento, o colégio oferece aos professores e demais funcionários a oportunidade de cursar pós-graduação, estudar inglês in company (ministrado por professores nativos de países da língua inglesa), capacitação promovida para os inspetores no Museu de Arte Moderna (MAM) e no Baby Oz (berçário referência que integra o projeto do Magno/Mágico de Oz) as babás participam de treinamentos constantes em diversas áreas do conhecimento (Música, Artes, Higienização, Psicomotricidade, Psicologia, entre outras).
“Em 2016, nós decidimos usar uma técnica bastante conhecida do mundo corporativo: a capacitação e motivação de colaboradores por meio de esquetes de situações-problema do cotidiano. Também buscamos inovar na capacitação da equipe da cozinha, que já participou de atividades que envolviam lógica, games, integração e dinâmicas para reforçar a máxima de que a união faz a força. Essa equipe, que atualmente é responsável por servir 660 refeições diárias nos quatro restaurantes do Magno/Mágico de Oz, alcançou 100% de aprovação na última auditoria e foi surpreendida com a entrega de medalhas pelos diretores. Todos esses exemplos são apenas uma parte do caminho que vem sendo percorrido há muito tempo pelo Magno/Mágico de Oz”, finaliza.
Saiba mais:
Colégio Magno/Mágico de Oz – magno@colmagno.com.br
Colégio Poliedro – helio@sistemapoliedro.com.br
Colégio Pitágoras Cidades Jardim – cidadejardim@pitagoras.com.br