Nos últimos anos, as discussões sobre a inserção tecnológica nas escolas cresceram de forma significativa. Desde o final de 2022, as discussões sobre a Inteligência Artificial (IA), especificamente, reascenderam em variados setores, inclusive na educação. De acordo com uma pesquisa recente do Google, realizada em parceria com o Educa Insights, 70% das/os estudantes brasileiras/os conhecem/já ouviram falar de IA; e três em cada dez já utilizaram ferramentas de Inteligência Artificial para revisão de texto.
Eleita a expressão do ano de 2023 pelo Dicionário Collins, a IA foi desenvolvida com o intuito de automatizar e facilitar processos cotidianos a partir da interpretação de dados que permitem que as máquinas executem tarefas que auxiliem os seres humanos. A popularização de ferramentas baseadas em IA, como o Chat GPT e o Gemini gerou uma ampla discussão sobre o uso ético dessas plataformas. E as discussões éticas também reverberaram no âmbito educacional.
“O uso indevido de Inteligências Artificiais na educação pode ser um problema, mas, quando utilizadas de maneira segura e eficaz, essas ferramentas são fortes aliadas”, defende Talita Fagundes, gerente pedagógica da plataforma par, solução didática híbrida da SOMOS Educação. Segundo a gerente, o avanço constante da tecnologia exige que as escolas, as professoras e os professores estejam sempre atualizadas/os das novidades digitais. Por isso, é tão importante inserir essa discussão e esses conceitos em sala de aula.
Pensando nisso, neste 15 de outubro, data em que celebramos o importante trabalho das professoras e dos professores, a gerente pedagógica listou 5 benefícios que o uso de Inteligências Artificiais pode trazer para a rotina e o trabalho dos educadores. Confira abaixo:
- Aumento da produtividade: É parte da rotina do/a docente a produção de uma série de recursos didáticos. A partir do uso da IA, o/a professor/a pode preparar planos de aula, produzir questões atividades, exercícios e roteiros. Deste modo, o tempo de trabalho docente fica focado nas análises, nos ajustes, nas adaptações desses conteúdos e no mais importante: o aluno e a aluna.
- Diversificação dos recursos didáticos e das metodologias: A IA permite que o/a professor/a elabore recursos didáticos em diferentes formatos, solicitando, por exemplo, roteiros para PPTs, imagens e roteiros para vídeos. Assim como pode solicitar sugestões de roteiros de debates, de dinâmicas e de trabalhos para casa.
- Personalização do ensino: A Inteligência Artificial auxilia o/a professor/a nas adaptações de seus planos de aula, de suas atividades e até de seus conteúdos a fim de atender especificidades e necessidades de turmas e até de estudantes.
- Promoção de discussões sobre o uso adequado das tecnologias: O uso da IA no contexto escolar também precisa ser tratado como o próprio objeto de estudo. Ou seja, é imprescindível que os educadores promovam reflexões com estudantes sobre como, quando e com qual finalidade a IA deve ser utilizada.
- Fomento ao desenvolvimento de diferentes habilidades: O educador, ao usar a IA, deve diversificar e elevar o nível das habilidades que são desenvolvidas pelos alunos. Ou seja, uma vez que a IA pode auxiliar em tarefas, em informações e em temas mais conceituais, é fundamental que o professor promova intervenções que façam com que os alunos desenvolvam habilidades mais complexas, com mais criticidade e reflexão.
Com todos esses benefícios, a IA é um excelente recurso como um ponto de partida. Mas vale destacar o papel insubstituível do professor e da professora, pois ele/ela é o profissional com as competências necessárias para avaliar conteúdos e propostas. E que, no dia a dia, conhece os alunos, faz as intervenções, foca nas relações humanas e tem afeto.
CAMPANHA ANIMADA E INOVADORA
A SOMOS Educação acaba de lançar uma campanha inovadora com o intuito de levar informações para professores/as, coordenadores/as e toda a comunidade escolar sobre como o uso da Inteligência Artificial pode transformar o dia a dia de maneira positiva.
A ação e a estratégia da campanha foram idealizadas pela equipe de marketing da SOMOS Educação e da Plurall IA, em parceria com a agência Sensorama. “Com essa ação de marketing, esperamos disseminar conhecimento a professores e gestores escolares sobre como essa ferramenta pode, de fato, facilitar o trabalho, a rotina e auxiliar no ganho de desempenho dos alunos nas avaliações. Reunimos essas informações em uma série de vídeos descontraídos e divertidos, com personagens que buscam gerar identificação”, afirma Rodrigo Porciuncula, gerente de marketing da SOMOS Educação.
Para isso, uma série de 11 vídeos animados, com personagens que ilustram o mundo escolar, apresenta as principais funcionalidades do Plurall IA. Os conteúdos mostram questões e desafios da rotina escolar de alunos, docentes e gestores, que facilmente podem ser solucionados com o uso da ferramenta. Os primeiros vídeos já estão no ar e podem ser conferidos em: https://www.instagram.com/
REFLEXÃO SOBRE O PROFESSOR DO SÉCULO 21
Texto escrito por Ênio César de Moraes, coordenador do Ensino Médio no Colégio Presbiteriano Mackenzie de Brasília
Recentemente, em uma palestra a respeito da inteligência artificial (IA), o palestrante recebeu a incômoda e desafiadora pergunta: a profissão de professor vai acabar, com o aprimoramento da inteligência artificial? Prontamente, minha mente irrequieta se pôs a trabalhar, em busca da resposta. Antes de pensar propriamente na carreira docente, viajei por outras profissões, refletindo acerca do impacto das novas tecnologias nelas e na vida, de modo geral.
Lembrei-me especificamente de um fato ocorrido e noticiado em março de 1998. Eis o lide da notícia da Agência Folha: o cirurgião cardíaco Francisco Gregori admitiu ter usado cola do tipo “super bonder” em uma operação no coração da aposentada Joana Woitas, 69. A operação foi realizada há um ano no Hospital Evangélico de Londrina (PR). Na sequência, o médico explica que, “depois de tentar a sutura por quase uma hora, não havia mais o que fazer”, daí a medida arriscada, entretanto, felizmente, bem-sucedida. Por curiosidade, perguntei hoje ao ChatGPT se era possível utilizar cola instantânea para colar o tecido do coração humano. A resposta? Foi a seguinte: a cola instantânea, como a “super bonder”, não é adequada para colar tecidos biológicos como o coração humano. Essas colas podem ser tóxicas para as células e não possuem a flexibilidade ou compatibilidade necessárias para serem usadas em tecidos vivos. […].
Repare, caro leitor, que não perguntei se era adequado usar, mas sim se era possível. Obviamente, o cirurgião bem sabia que não era recomendável, de modo que o produto não constava da bandeja cirúrgica e nem mesmo havia no hospital, tendo sido comprado em um posto de gasolina próximo.
Certamente, serei repreendido pela pobreza do meu prompt. É justamente aí, porém, que está, a meu ver, a questão relativa ao papel do professor no século 21: ensinar o aluno a explorar com ética e sabedoria o novo recurso, a formular perguntas eficientes. O fato é que nunca fez tanto sentido como agora, com a popularização da IA, este pensamento de Albert Einstein: “Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas.”
Surge, nesse cenário, uma condição essencial para a sobrevivência do professor nestes novos tempos: despir-se da “arrogância acadêmica” arraigada na formação de muitos docentes e reconhecer que nossa função precisa ir muito além da transmissão de informações, as quais podem ser obtidas em segundos por meio dos chatbots. Então, adeus aulas meramente expositivas!
Outro desafio para a mudança paradigmática da profissão é o uso da criatividade para aguçar a curiosidade das crianças e jovens, para desenvolver o pensamento crítico, bem como para promover a interação entre o sujeito e o conhecimento, envolvendo os atores do processo educacional em uma aprendizagem verdadeiramente significativa, isto é, que dialogue com as experiências de vida que todos trazemos e dê sentido àquilo que é estudado.
Por último, e não menos importante, precisamos entender que educação implica — e sempre implicará — vínculo. Sofisticados robôs podem conseguir captar e até imitar emoções humanas, mas não têm o que reconhecemos pelos sentidos no contato com os outros: alma. Já a nossa humanidade nos dá a capacidade de perceber quando alguém interage conosco maquinalmente.