Ícone do site Revista Direcional Escolas

Ensino a distância em tempos de pandemia

Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação

“Diante da conjuntura que estamos vivendo, com a pandemia do novo coronavírus, a tecnologia se apresenta, sim, como grande aliada no processo de ensino e aprendizagem. Os recursos tecnológicos são ferramentas que estão nos apoiando muito neste momento de crise, nos aproximando dos nossos alunos e de suas famílias, permitindo, neste momento de exceção, prosseguirmos com os processos de ensino e aprendizagem, de forma excepcional”, afirma João Carlos Martins, diretor geral do Colégio Renascença e consultor associado da HUMUS Consultoria Educacional

João Carlos Martins

O mundo como todos e todas nós conhecíamos mudou. Com a proliferação em escala mundial do novo coronavírus (Covid-19) todos os setores sociais passaram por remodelações urgentes para conter o avanço da pandemia. Seguindo orientações expressas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para seguir protocolos de isolamento social, as aulas presenciais de instituições de ensino (escolas, universidades e ensino técnico) foram suspensas e, para minimizar o impacto no calendário letivo de 2020, escolas adotaram ferramentas e serviços digitais com o intuito de continuar a aprendizagem por meio da modalidade a distância.

Na última década, em especial, o EaD (ensino a distância) galgou espaços significativos em diversas etapas educacionais. O aumento de aplicativos, ferramentas, serviços digitais e equipamentos facilitadores ampliaram (não só) os métodos de aprendizado do ensino superior como, também, mudanças nas estruturas pedagógicas de escolas regulares. Com isso, aliado aos anseios dos estudantes “nativos digitais” por outras experiências com o ensino, o denso sistema educacional tem atravessado novas interações com o ambiente virtual.

De modo geral, para algumas instituições de ensino, a implantação de recursos on-line não é, de fato, nenhuma novidade. O que esse momento atípico de isolamento social emergiu foi a intensificação da utilização de ferramentas digitais. João Carlos Martins, diretor geral do Colégio Renascença (SP) e consultor associado da HUMUS Consultoria, ressalta que, no momento de quarentena, a tecnologia é uma forma de permitir que a escola chegue à casa do aluno, uma vez que ele está impossibilitado de ir até à escola.

“Sabemos que as aulas on-line não substituem o ensino presencial completamente. O dia a dia escolar é mais do que simplesmente a transmissão de conteúdos. Todo o processo escolar envolve socialização, processos de interação, convívio social. Mais do que nunca, temos certeza da complexidade e da importância de nosso trabalho e da necessidade do espaço físico da escola”, reforça Martins.

No Colégio Renascença, conta o diretor, o uso da tecnologia é constante e, assim que foi determinado o distanciamento social para conter a pandemia, o corpo docente e a gestão escolar preparou a transição das aulas presenciais para o ambiente virtual. “Oferecemos suporte técnico e treinamento à equipe docente para utilizar os canais de acordo com os segmentos”, diz. Utilizando dois aplicativos, um para aulas remotas e outro para a postagem de materiais, os estudantes e os professores mantêm contato e se comunicam, desenvolvendo as aulas e os conteúdos curriculares.

“Para todos os professores de todos os segmentos, promovemos treinamento interno e intensivo antes do distanciamento social para que pudessem iniciar e prosseguir com aulas virtuais sem prejuízo pedagógico. Os gestores pedagógicos educacionais, por sua vez, acompanham diariamente o processo de ensino, mantendo contato com as famílias e procurando orientá-las sempre que necessário. Além disso, disponibilizamos um canal de apoio on-line para que os alunos tirem dúvidas”, completa o diretor.

PLANEJAMENTO DO ENSINO REMOTO

Nas dinâmicas educacionais alteradas pela pandemia, o Colégio Palmares ampliou os recursos digitais que já utilizavam (como a sala virtual Google) oferecendo aos estudantes e professores outras ferramentas, como por exemplo o Google Meet – serviço para reuniões do Google.

“No caso da Educação Infantil e do Ensino Fundamental – anos iniciais –, a migração para criação desse ambiente virtual foi uma novidade, tanto para os alunos como para os pais, e, por isso, ainda estamos em fase de acomodação a essa nova realidade”, diz Valéria Valenza, professora de Filosofia da instituição.

Valéria Valenza

Localizado em Pinheiros (SP), o Colégio Palmares prioriza, em sua filosofia educacional, o envolvimento emocional e afetivo entre alunos, coordenadores e professores, estimulando um comportamento positivo em relação ao estudo. E, assim, a área pedagógica do colégio preocupou-se em manter a qualidade no espaço remoto, tanto no conteúdo como em sua abordagem.

“Em diálogo com a área pedagógica, o setor de orientação educacional estruturou as aulas virtuais com uma organização semelhante das aulas presenciais (e elas acontecem seja por lives, por videoaulas produzidas pelos professores, atividades propostas, leitura orientada, jogos que envolvem os conteúdos, etc.), elaborou formas de comunicação com alunos e pais, e monitora tanto as ações dos alunos quanto as dos professores, resolvendo necessidades do cotidiano. Os alunos e as famílias são orientados a manter uma rotina de estudo, com horários para assistir às aulas e fazer atividades, tarefas, pesquisas e etc.”, explica Valenza.

Para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, em especial, o colégio tem priorizado o contato dos alunos com as professoras por meio de pequenos vídeos ou lives. “Começaremos também os plantões de dúvidas para esse segmento também, chegando à plataforma Classroom em breve, sempre de maneira gradativa com os menores, respeitando as especificidades e as necessidades da faixa etária. Entendemos que o mais importante neste momento para os pequenos é não perder o vínculo, principalmente quando se trata dos professores alfabetizadores”, destaca a professora.

Já na Rede Clarissas Franciscanas, as equipes pedagógicas foram orientadas a criarem aulas que proporcionem maior protagonismo do aluno, provocando sua criatividade, imaginação e interatividade com objetos de conhecimento. “Isso quer dizer que nossas aulas se iniciam com pequenos desafios que motivem os estudantes a buscar, no vasto mundo da informação da internet, possibilidades de soluções diversas aos problemas. Assim, estudantes não ficam restritos às informações conceituais e passam a aprender formas de aplicar estes conceitos em diversas situações de seus contextos cotidianos”, explica a equipe da rede.

Por meio dessa proposta, há o estímulo da interação familiar em um ambiente virtual monitorado e repleto de recursos, permitindo a customização do aprendizado. “Nessa condição, o engajamento dos alunos se torna mais intenso e prazeroso. Dessa forma, mantemos a mesma qualidade de ensino que já oferecemos aos nossos estudantes, em ambientes presenciais, apenas usando ferramentas diferentes”, completa a equipe.

EDUCAÇÃO INFANTIL

“Os meios digitais permitem não apenas mais agilidade de comunicação e acesso à informação, mas também possibilitam o uso de diferentes linguagens e múltiplos modos de significação”, afirma Susan Ann Rangel Clemesha, diretora acadêmica da Sphere International School, que complementa: “É importante ressaltar, no entanto, que a tecnologia não é o que direciona as ações, mas sim a intencionalidade pedagógica”.

Susan Ann Rangel Clemesha

Dessa forma, estreitando o olhar para a Educação Infantil, a diretora conta que, com a suspensão de aulas presenciais, é interessante estimular o em seu desenvolvimento físico, social e intelectual em casa. Na dinâmica remota, os professores podem gravar vídeos de até 10 minutos com as recomendações pedagógicas para brincadeiras e atividades que devem ser realizadas – que podem ser uma música, a leitura de uma história, uma atividade física ou artística, por exemplo.

“Não é necessário que crianças pequenas tenham sessões síncronas, ao vivo, pois também não é prático para as famílias terem que se programar para acompanhar as ‘lives’ em horários fixos. No caso de crianças de 2 a 5 anos, deve-se respeitar um tempo máximo de tela, em frente aos dispositivos digitais, de até uma hora por dia”, salienta Clemesha.

Alunos do Sphere International School

Segundo a diretora, é difícil para os estudantes pequenos da Educação Infantil compreenderem o motivo do isolamento social e, dessa forma, a ludicidade e as brincadeiras são as formas mais indicadas para o desenvolvimento dos objetivos de aprendizagem. “No caso da Educação Infantil, são os pais que precisam receber os objetivos, as orientações e os procedimentos necessários à realização das atividades. Quando a escola e os pais colaboram, não apenas para dividir responsabilidades, mas para ajustar processos e criar novas formas de ensinar e aprender, ou seja, quando há uma verdadeira colaboração, a vida fica mais simples e a criança certamente fica mais feliz”, destaca.

ENSINO MÉDIO

O ENIAC – Faculdade, Centro Universitário e Colégio – localizado em Guarulhos (SP), possui, em sua estrutura, uma cultura tecnológica, tendo, inclusive, um departamento de inovações tecnológicas. E, dessa forma, a transição das aulas presenciais para o ambiente totalmente digital não foi um empecilho para os estudantes.

Alunos do ENIAC

“Para os alunos do Ensino Médio, continuamos nossa proposta e inserimos, nas aulas online, nossas aulas da Trilha Pré-vestibular. São aulas especiais em que os temas que mais caem nas provas oficiais do país são aprofundados por professores especialistas, que não são os mesmos das aulas regulares. Além disso, mantivemos nossa aplicação de simulados e de avaliações semanais, que geram escopo para convocação para aulas de reforço ou plantões de dúvidas”, afirma a equipe de coordenação do Eniac composta pelos diretores Ericka Scarlassare e Pedro Guerios; e pelos coordenadores pedagógicos Andressa Ruiz e Caio Fernando.

As aulas on-line são síncronas e as avaliações serão realizadas no prazo estipulado do cronograma escolar, só que agora de forma on-line. “Para a aplicação, promovemos uma comunicação assertiva com a família para que participassem do processo avaliativo também como ‘fiscais de prova’. Para as aulas rotineiras, os alunos acessam nosso portal educacional e dão início à aula. As presenças nas aulas on-line são computadas pelo portal”, destacam.  

“Plantões, reforços e aulas de apoio continuam acontecendo também através da nossa plataforma. Assim, garantimos aos alunos alguma normalidade e aos pais e professores garantimos o cumprimento do planejamento pedagógico e do nosso sistema e avaliação”, completa a equipe.

Já na Escola Luminova, com unidades em São Paulo e Sorocaba, os jovens do Ensino Médio continuam acessando os “conteúdos a todo o vapor”, diz Luizinho Magalhães, diretor acadêmico da Escola Luminova. Além do plantão de dúvidas com os professores, os estudantes seguem estudando em casa, utilizando sites oficiais para pesquisas, realizando simulados de vestibulares e ENEM, aproveitando a quarentena para ampliar a leitura, assistindo documentários e pesquisando sobre conteúdos disciplinares no YouTube.

Saiba mais:
Colégio Eniac – caio.fernando@eniac.edu.br
João Carlos Martins – joaocarlos.m@renascenca.br
Luizinho Magalhães – luminova@escolaluminova.com.br
Rede Clarissas Franciscanas – henrique.lisboa@redecf.com.br
Susan Ann Rangel Clemesha – contato@sphereinternational.com.br
Valéria Valenza – comunicacao@colegiopalmares.com.br

Sair da versão mobile