Novos métodos de educação são cada vez mais despertados. Eles surgem como alternativa para as aulas tradicionais que, aos poucos, estão sendo substituidas. A tecnologia se mostra como uma nova ferramenta que auxilia o desenvolvimento do aluno e o aproxma do professor.
A robótica educacional está sendo cada vez mais utilizada para o desenvolvimento de matérias como Matemática e Física. Os alunos podem ver na prática como relacionar as aulas ao dia a dia. Confira a entrevista com o coordenador de tecnologia educacional do Colégio Porto Seguro, Rodrigo Dias, sobre a robótica nas salas de aula.
Direcional: Qual a importância da robótica para a educação e o desenvolvimento do aluno?
Rodrigo Dias: Normalmente, é mais costumeiro associar a robótica às disciplinas que têm o seu conteúdo aplicado mais facilmente através dela, como a Matemática e a Ciências (Física principalmente). Porém, além da aplicação de um conteúdo de uma disciplina específica, a robótica desenvolve habilidades e competências importantes para o aluno não só no contexto acadêmico, mas também no contexto social que serão úteis para toda a vida do aluno. Competências e habilidades como o pensamento algorítmico (capacidade de organizar uma sequência de ações que juntas levam à completar uma tarefa), a resolução de problemas, pensamento lógico, decomposição, associação, abstração e o reconhecimento de padrões são desenvolvidos em nossas aulas de Robótica. O caráter “mão na massa” das aulas de robótica, em que os alunos são desafiados a resolver problemas, também desenvolvem habilidades não cognitivas (sociais) como a autonomia e o protagonismo, trabalho em equipe, curiosidade, perseverança e autoestima.
Direcional: O uso da educação robótica pode estimular jovens no interesse por áreas técnicas e de engenharia?
Rodrigo Dias: Sem dúvida. Muitos países utilizam a robótica para atrair a atenção dos alunos para as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (o termo que eles utilizam para se referir a esse conjunto de áreas é STEM). Líderes de países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, China e Israel já demonstraram que apenas por meio do desenvolvimento dessas áreas pode manter seus países na liderança da geração de riqueza e independência técnico-científica[1]. É consenso há algum tempo[2] que o Brasil precisa atrair mais jovens para as áreas de tecnologia, ciências, engenharia e matemática caso queira diminuir a dependência de tecnologia exterior.
Direcional: Existe alguma idade apropriada para inserir noções de robótica na grade escolar?
Rodrigo Dias: Alguns conceitos têm a idade certa para serem trabalhados, respeitando a maturidade de cada fase na vida do aluno. Aqui no Porto a robótica é trabalhada de forma lúdica na educação infantil, a partir dos dois anos de idade, com materiais apropriados para esta faixa etária e uma aula por mês dentro do horário normal de aula, favorecendo montagens que reforcem os assuntos tratados nas aulas regulares. Esse formato e periodicidade se mantêm até as séries iniciais do ensino fundamental. A partir das séries finais do ensino fundamental as montagens vão se tornando mais técnicas e trabalhando conceitos como movimentos, alavancas, eletricidade etc.
Direcional: Existe uma interação prática com os alunos? Como é a metodologia?
Rodrigo Dias: Aqui no Porto as aulas de robótica são inteiramente práticas e focadas no aprendizado baseado em problemas ou desafios. Em uma aula típica, os alunos são desafiados no início da aula com a apresentação de um conceito, ou problema, e, em seguida, se organizam com o material para resolverem esse desafio. Ao final é feito um fechamento avaliando-se as lições aprendidas. Para algumas oficinas os alunos utilizam os kits do colégio, enquanto em outras (como a oficina de Robótica e Programação com Arduíno) o aluno adquire um kit pessoal que leva para casa ao final de um ciclo.
Direcional: Utilizar a robótica em sala de aula é uma maneira de instigar o aluno ao conhecimento?
Rodrigo Dias: Sem dúvida. Por meio das aulas de robótica o aluno pode desenvolver autonomia sobre o próprio aprendizado, construindo e adquirindo conhecimentos que ainda não têm, mas são necessários para resolver um problema.
Direcional: Como a matemática, a física e até o raciocínio lógico e a criatividade?
Rodrigo Dias: Creio que já está respondido acima, mas se ainda assim tiver dúvidas, por favor, entre em contato que poderemos conversar mais.
Direcional: Durante o Ensino Fundamental há outras oficinas, como linguagem de programação, por exemplo?
Rodrigo Dias: Sim. Apesar de a programação ser abordada em algumas disciplinas de robótica, temos oficinas de programação oferecidas para as séries finais do Ensino Fundamental, assim como uma oficina de Mídia (chamada de Porto Mídia) para que os alunos se apropriem dos processos de produção de comunicação e uma oficina de Jogos em que os alunos estudam as estruturas e os fundamentos de jogos no geral (tabuleiro, computadores etc.).
Direcional: O colégio realiza feiras ou até campeonatos de robótica para incentivar o interesse dos alunos nessa área?
Rodrigo Dias: O Porto realiza momentos em que os alunos podem mostrar para os pais e para a comunidade suas produções nas oficinas de robótica (e outras), mas não há um formato de campeonato interno. No entanto, a escola apoia a participação em eventos como a RoboCup, First Lego League, Olimíada Brasileira de Robótica e Olimpíada Brasileira de Informática, Feira Brasileira de Ciências e Engenharia etc.
Rodrigo Assirati Dias
Bacharel, mestre e licenciado em Ciência da Computação, Coordenador de Tecnologia Educacional no Colégio Visconde de Porto Seguro e professor universitário.
Docente desde 2003, desde 1996 na área de tecnologia e desde 1998 em instituições de ensino atuando na área de tecnologias de apoio ao ensino. Em seu raro tempo livre, Rodrigo joga games online, testa os mais novos gadgets eletrônicos e paparica o filho Enzo.
Sobre o Colégio Visconde de Porto Seguro
Fundado em 1878 pela comunidade germânica, o Colégio Visconde de Porto Seguro é uma das mais conceituadas instituições de ensino do País. Comprometida com uma ampla e sólida formação pluricultural e plurilinguística, a Instituição é certificada pelo governo alemão como uma escola de excelência. Com uma infraestrutura favorável ao desenvolvimento integral do aluno, da Educação Infantil à 3ª série do Ensino Médio, prepara estudantes para ingressar em universidades de ponta no Brasil, além de oferecer o Abitur, certificação oficial utilizada para ingressar em faculdades europeias. Sua comunidade escolar é composta por cerca de 10 mil alunos, 600 professores e mais 400 profissionais da área pedagógica, entre especialistas e auxiliares de ensino, distribuídos em três Unidades, sendo duas na capital paulista (bairros Morumbi e Panamby) e uma em Valinhos, interior do Estado de São Paulo. Para mais informações, acesse o site www.portoseguro.org.br.