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Equidade: Psicóloga dá dicas para educar as crianças sem sexismos

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group of school kids writing test in classroom

O conceito de igualdade de gêneros é um tema de extrema relevância a ser discutido em sociedade. A busca pela equivalência entre homens e mulheres leva milhares de pessoas a lutarem por direitos e deveres iguais. Um tema tão importante assim deve ser levado em consideração na educação das crianças, permitindo que elas possam crescer sem a interferência ou limitações de estereótipos. A psicóloga do São Cristóvão Saúde, Aline Melo, dá dicas aos pais de como educar os pequenos sem preconceitos. “O mais importante na criação dos filhos mediante este aspecto de igualdade é não fazer diferença entre os gêneros quanto a educação e orientações. É preciso incentivar a independência e autonomia da criança independente do gênero e, principalmente, a possibilidade de que ela tome decisões ponderando sobre as consequências das mesmas sobre si e sobre os outros. Assim, o anseio por autonomia e evolução se transforma em uma regra geral, não direcionada apenas para um ou outro sexo específico”.

O senso de independência da criança deve ser estimulado desde cedo. “Os pais devem mostrar a importância de refletir sobre decisões, pensando em suas consequências, bem como trabalhar a autonomia para ajudar a criar um senso de autocuidado e responsabilidade, o que auxilia até a serem adultos mais seguros no futuro. E este aspecto pode ser incentivado em situações simples, como: no cuidado, preservação e organização de seus brinquedos; e nas tarefas ao qual a criança pode ser inserida visando a perceber a importância de sua contribuição para a família e para si”, explica a especialista.  Um bom jeito de auxiliar no desenvolvimento desta característica é o ato de brincar. “É importante que os pais se apropriem deste momento de descontração com a criança para que elas trabalhem suas fantasias e reflitam sobre seus comportamentos por meio do brincar. Uma criança que não brinca é uma criança triste, o brincar está totalmente atrelado a um melhor desenvolvimento emocional dos pequenos”, assegura Aline.

As brincadeiras das crianças promovem interação e incentivam a criatividade e sociabilidade. Segundo a psicóloga, não devemos limitar suas ações como “coisa de meninas” ou “coisa de meninos”, podendo, sim, meninas brincarem de carrinho, assim como os meninos de boneca. “A criança não nasce com preconceitos ou ideias formadas, isso ela adquire no contato com o outro, na convivência em sociedade. Um menino que é estimulado a nunca chorar, pois isso é ‘coisa de menina’, vai se apropriar de tal aspecto, imaginando uma maior fragilidade feminina. No entanto, também vai sofrer com isso, porque tem sentimentos e medos e precisa se expressar. O preconceito é prejudicial para ambos os sexos”, alerta a profissional.

É muito importante para a criança que ela se sinta amada e reconhecida pelo olhar de seus responsáveis, colaborando para criarem a própria percepção de si, já que a autoestima nada mais é do que o conjunto de crenças que formamos sobre nós. “Atualmente, também precisamos levar em consideração que vivemos em uma sociedade que exige um padrão de beleza especifico e isso acaba envolvendo até mesmo as crianças. Esse é mais um forte motivo para trabalhar a autoconfiança desde cedo, para que as crianças não sucumbam a essas cobranças e aceitem-se como são”, recomenda.

O maior ensinamento que os pais devem transmitir é o respeito e isso é feito por meio de exemplo. “Se um menino cresce vivendo com um pai que desempenha uma postura machista e desrespeitosa para com a mãe, experienciando situações de limitações e imposições constantes para com ela, o menino crescerá com este padrão de percepção, já que os pais são os grandes modelos inspiradores das crianças. Por isso, é preciso pontuar sobre as potencialidades femininas, bem como as masculinas. E, principalmente, mostrar que devemos respeitar não somente as mulheres, mas todos os seres”, aconselha a psicóloga. “Quanto mais discutirmos com nossos filhos essas desigualdades pré-estabelecidas pela sociedade, não somente relacionada à diferença de sexo, mas a qualquer tipo de preconceito, criaremos adultos mais conscientes e orientados a lidar com o outro de maneira humana e ética”, finaliza.

 

Exemplos práticos:

– Minha filha quer jogar futebol, mas os amigos não deixam. Como agir?

A não aceitação dos amigos provem de uma influência da sociedade, pais e até mesmo das mídias sociais (quantas vezes vemos jogos de futebol feminino gerando tanta repercussão e telespectadores como os jogos masculinos?). Esse é um ponto que deve ser trabalhado amplamente. É importante sinalizar para a menina que situações como esta podem ocorrer por inúmeros fatores, mas que isso não deve faze-la desanimar ou se restringir, apresentando a possibilidade de que ela mostre aos amigos suas capacidades também. Caso seja possível, trabalhar também com os responsáveis desses amigos, visando a estimular tal reflexão.

– Meu filho quis passar batom. Como devo agir?

A princípio, devemos compreender que as crianças são curiosas e que tudo que é novo e atrativo chama a atenção e dá vontade de experimentar e conhecer. Mediante tal ponto, o importante é abordar o assunto com naturalidade e tranquilidade. Muitas vezes, quando tal situação ocorre gera nos pais um medo muito grande de que tal atitude interfira na orientação sexual da criança, porém ninguém se transforma homossexual somente pelo desejo de usar um batom. Isso é importante ficar claro para que se consiga lidar com essa situação sem maiores problemas ou definições do tipo “batom é coisa de mulher”, uma boa saída é pontuar que maquiagens em geral pertencem ao mundo adulto, explicando para a criança que ele ou ela terá o momento certo de conhecer mais sobre tal aspecto caso mantenha seu interesse.

– Como explicar para a criança que rosa não é cor de menina e azul não é cor de menino?

Esse é um problema muito comum. Muitas vezes, os pais estão esclarecidos de tais aspectos, mas esbarram nos estereótipos criados por escolas ou até mesmo por outros familiares com os quais a criança convive. É importante levantar essa questão com a escola e trabalhar a reflexão, até mesmo para estendê-la aos outros alunos e pais.

 

Foto: ©Divulgação

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