Além de matemática, geografia, história e português, entre outras disciplinas, alunos do ensino médio de três mil escolas da rede pública terão aulas de educação financeira, a partir deste ano, na grade oficial. O programa, iniciado em 2010 com a participação de 891 escolas públicas do ensino fundamental, é coordenado pela Associação da Educação Financeira no Brasil (AEF-Brasil), em obediência à Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída por decreto presidencial, em 2010.
“As escolas não podem trabalhar apenas com a missão de passar conhecimento cognitivo a seus alunos. É necessário ajudar na preparação para a vida adulta, contribuindo com a formação de cidadãos conscientes e com capacidade crítica. E a educação financeira tem um papel fundamental para isso. No ambiente escolar é possível associar esse aprendizado de maneira muito rica e interdisciplinarmente, tornando o assunto ainda mais interessante aos alunos”, avalia Marcus Mingoni, Vice-presidente Financeiro do Grupo Saraiva.
O próprio cenário econômico atual do país pode ser muito bem aproveitado no ambiente escolar nas aulas de educação financeira, sugere o especialista. “Inflação, recessão, juros, poupança e outros temas que estão na pauta dos noticiários podem e devem ser abordados em sala de aula pelos professores, até para que os alunos reflitam a respeito e possam melhor compreender a real situação pela qual estamos passando”, diz Mingoni.
No entanto, o especialista lembra que o exemplo que se tem em casa é importantíssimo nesse processo. “Não importa qual a classe social a que o aluno e sua família pertençam, mas a maneira como administram suas contas. O orçamento doméstico precisa ser discutido em família. É importante existir planejamento dos gastos e consenso de objetivos. Uma família que vive no vermelho, num clima hostil por conta da falta de dinheiro no fim do mês, certamente não favorece para que o aluno vivencie os ensinamentos que possa ter aprendido em sala de aula. Por isso os pais possuem papel fundamental nesse contexto”, alerta Mingoni.
Aprender a cuidar do dinheiro, a tomar decisões acertadas e a pensar num futuro financeiramente seguro, para conseguir manter uma boa qualidade de vida na velhice, é também cada vez mais importante para essa nova geração.
“A expectativa de vida tem subido e o número de aposentados não para de crescer. Com isso, a conta da previdência começa a não fechar e o governo já passa a adotar medidas para diminuir o repasse de benefícios a essa população. Por isso, o ideal é aprender desde cedo a ter uma relação saudável e consciente com o dinheiro. Os benefícios certamente serão colhidos pelas famílias que poderão ter um padrão digno de vida na velhice, como também pela sociedade que precisará dispor de menos recursos assistencialistas”, conclui Mingoni.