A atualidade é atravessada, de certa forma, por ferramentas, aplicativos e facilidades tecnológicas. Se observarmos de maneira sucinta, sobretudo na última década no âmbito nacional, constatamos uma (re)formulação social pautada pelo dinamismo digital – empresas, indústrias, pesquisas, vivências, experiências, relações pessoais/profissionais, interações sociais e conexões que movem todos e todas sofreram mudanças significativas com o advento da tecnologia.
No espaço educacional, também avistamos ferramentas que auxiliam (e até complementam) metodologias ativas, contribuindo para o fomento do ensino, enfrentando barreiras de aprendizagem e integrando, também, outras áreas da instituição escolar, como por exemplo a gestão administrativa, que se beneficia de aplicativos e softwares de gestão para reduzir dificuldades nos processos, melhor administração do tempo e integração de fluxos cotidianos.
De acordo com a TIC Educação 2017 – Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras – realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), aponta que o acesso à internet está disseminado entre os professores, especialmente no que tange ao uso de telefones celulares. Em 2017, 97% dos docentes que lecionavam em áreas urbanas afirmaram utilizar o dispositivo para acessar a rede – em 2013, o percentual era de 38%.
A pesquisa mostra que o uso do aparelho celular também aumentou durante as atividades de ensino e aprendizagem: entre os professores de escolas particulares, o percentual era de 46% em 2015, já em 2017 subiu para 69%. A proporção de alunos que afirmaram utilizar o dispositivo para realizar atividades para a escola a pedido dos professores confirma a sua relevância no processo de aprendizagem: 53% entre os alunos de escolas públicas e 60% entre os de escolas particulares.
Segundo Alexandre F. Barbosa, do Cetic.br, o uso de celulares pode estar vinculado também à ampliação da interação entre alunos e professores para além dos espaços escolares. “Visando complementar os dados coletados com docentes sobre as atividades de ensino e aprendizagem que realizam com os estudantes, nesta edição da pesquisa, foi incluída uma nova questão relacionada à prática pedagógica vinculada a criação de projetos e a comunicação entre alunos e professores”, conta na introdução da TIC Educação 2017, publicada em novembro último.
“Entre as atividades mais citadas por professores, especialmente os de escolas particulares, estavam: disponibilizar conteúdos na Internet para os alunos (48%), tirar dúvidas (42%) e receber trabalhos ou lições pela rede (29%)”, complementa Alexandre.
Internet das Coisas (IoT)
A Internet das Coisas (ou IoT – Internet of Things) demonstra, na contemporaneidade, um aumento expressivo de pesquisas relacionadas às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), promovendo uma conexão entre os mundos físico e digital, a interação entre objetos e a rede, além de suas aplicações em todos os campos da sociedade.
“O mundo da Internet das Coisas avança rapidamente sobre o nosso cotidiano”, disse Sandra Janostiac, CEO da New Midia, durante palestra no Google for Startups Campus São Paulo. E a estimativa é de que em 2020, serão 30 bilhões de “coisas” ligadas à internet (como smart TVs, automóveis, sistemas inteligentes de iluminação e equipamentos industriais) e “estes dispositivos podem ajudar a aumentar a produtividade e reduzir ineficiências, ótima oportunidade para desenvolvedores ou usuários de soluções de tecnologia”, completou.
Pensando na repercussão da IoT na área educacional, Sandra apresentou um instigante projeto intitulado “Future Classroom Lab” (FCL) criado pela European Schoolnet (EUN) – o projeto foi desenvolvido entre 2010 e 2014 com o intuito de apoiar a divulgação/expansão de abordagens pedagógicas inovadoras com as TICs para o ensino e a aprendizagem em ambiente de Sala de Aula do Futuro.
European Schoolnet, com sede em Bruxelas (Bélgica), é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo apoiar/contribuir para a promoção da inovação no ensino e na aprendizagem das escolas europeias, trabalhando em parceria com os Ministérios da Educação, escolas, professores, investigadores e potenciais parceiros da indústria.
“A Sala de Aula do Futuro terá uma configuração diferente, com espaços que promovem interação, investigação, desenvolvimento e criação. Dessa forma, esse Future Classroom Lab ressalta algumas competências necessárias para o século XXI, como colaboração, dinamismo, planos de aulas digitais, mobilidade, comunicação e interatividade”, explicou Sandra.
Escola tradicional x Escola inteligente
Tendo como eixo central importantes reformulações para o futuro, a escola tradicional, ou seja, o modelo atual de instituição de ensino, prevê funcionamentos previsíveis em suas metodologias, como: o/a professor/a passa a maior parte do tempo explanando sobre a disciplina; o/a aluno/a recebe as explanações e permanece (grande parte do tempo) em silêncio; a disposição das salas é composta por carteiras individuais e separadas em fila; e as atividades são realizadas através de exercícios em livros e cadernos, além de responder questões dos/as professores/as.
Já na escola inteligente, é possível localizar algumas transformações, como: o/a professor/a propõe, na maior parte do tempo, problemas aos estudantes, além de coordenar debates e orientar pesquisas; o/a aluno/a é desafiado/a constantemente a solucionar problemas, pesquisar, criticar, debater temas ligados à disciplina e conversar com os colegas; os/as alunos/as sentam em mesas de três lugares para estimular atividades em grupo, assumindo, assim, o papel de pesquisadores e pesquisadoras.
“Dessa forma, o professor passa a ser um provocador de discussões, de reflexão, de troca de experiências. E o aluno não tem mais um papel passivo, apenas recebendo a informação, mas se torna um protagonista. As atividades são dinâmicas e podem ser realizadas tanto presenciais como a distância”, destacou Sandra.
E, segundo a CEO em sua palestra, as atribuições da escola do futuro podem contribuir para as competências exigidas para o século XXI, como a habilidade de escutar o outro, expressar ideias, interpretar e responder aos estímulos de outras pessoas, criatividade, inovação, pensamento crítico, respeito, valorização da diversidade, integridade, aprendizagem contínua, responsabilidade “e a tecnologia pode acrescentar à valorização dessas competências”, complementa.
Catraca Virtual
Um dos projetos, desenvolvido pela New Midia – uma das empresas pioneiras na criação de tecnologias para o setor educacional – e comandado pela Sandra Janostiac é a “Catraca Virtual”. Esse projeto, que está sendo trabalhado no Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), entidade gestora da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica USP/IPEN, possui uma tecnologia para monitorar e liberar o acesso de pessoas em ambientes que controlam a circulação de pessoas para segurança, substituindo as tradicionais catracas físicas. A Catraca Virtual funciona, então, através de dispositivos de IoT, interagindo com uma plataforma de serviços e trazendo vários benefícios para escolas, hospitais e empresas.
Pesquisa: Para compreender como é a relação atual sobre o uso de tecnologias no segmento educacional, Sandra divulgou um formulário para uma pesquisa que tem como objetivo delinear o perfil dos estabelecimentos de ensino no Brasil, quanto à adoção de inovações tecnológicas e identificar o nível atual de adesão. A identificação nas respostas é opcional.
Para responder o questionário, que leva de 3 – 5 minutos, acesse: https://docs.google.com/forms/
SAIBA MAIS:
Cietec – https://www.cietec.org.br/
European Schoolnet – http://www.eun.org/
Future Classroom Lab – http://fcl.eun.org/
New Midia – http://www.new-midia.com/
TIC Educação 2017 – https://cetic.br/pesquisa/