Por Diogo Richartz Benke
Em tempos de crise, transformar os percalços em oportunidades é o que faz a diferença para a superação. Nos últimos meses, o Brasil têm enfrentado uma situação econômica difícil e uma crise política que tem desmotivado os brasileiros, reduzindo a confiança no País. Recessão, volta da inflação, aumento do desemprego, alta do dólar são notícias que têm tomado conta dos noticiários. E diante desse cenário, como encontrar oportunidades?
Para empresas que estão com mão de obra excedente em função da queda nas vendas, uma alternativa é o lay-off, uma suspensão temporária dos contratos de trabalho, regulamentada pelo Ministério do Trabalho e que deve ser negociada com os respectivos sindicatos. Durante o lay-off, as empresas podem reduzir a jornada de trabalho e o salário até o limite de 25% ou aproveitar essa suspensão temporária para requalificar as suas equipes. E é essa segunda opção que consideramos a grande oportunidade para enfrentamento desse momento de recessão.
O que consideramos como grande vantagem nesse modelo de enfrentamento da crise é que a empresa que o adota consegue se ajustar à redução de demanda, reduzindo os seus custos e, tão logo o cenário econômico do País melhore e a economia volte a crescer, a empresa readquire rapidamente a sua capacidade produtiva.
Por outro lado, os colaboradores de empresas que adotam esse modelo têm como grande vantagem o incremento na sua capacitação, especializando-se e aumentando suas possibilidades de permanecer na vaga ou ocupar uma nova posição dentro ou fora da empresa atual.
Para as instituições de ensino, capacitar esses trabalhadores também é uma oportunidade de enfrentamento de crise. Considerando as características da necessidade de qualificação de mão de obra para a indústria, temos como instituições que oferecem esse serviço basicamente as mesmas que sofreram com os cortes realizados pelo governo federal no Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego, o Pronatec.
Ao estimular as instituições de educação a ofertarem o ensino técnico subsidiado, o governo federal provocou um esvaziamento dos cursos técnicos pagos. E com a descontinuidade dessa política educacional, reduzindo drástica e repentinamente os subsídios, muitas escolas tiveram que se readequar, cancelando a oferta de determinados cursos e demitindo professores.
Porém, nessas escolas está um know-how que pode, nesse momento, ser um grande aliado das indústrias por meio do lay-off. Cursos customizados e custos negociáveis são condições que tornam essa modalidade de enfrentamento da crise interessante para ambos: escola e indústria. Outro ganho para a escola é a proximidade com o mercado que permite a oferta de cursos cada vez mais ajustada à real necessidade do mercado.
Os exemplos dessa aliança vantajosa para ambos os lados já começam a surgir. Várias empresas e escolas já estão se unindo, trocando conhecimento e se fortalecendo para superar esse momento difícil para a economia brasileira, mas certamente passageiro.
Diogo Richartz Benke é Diretor Corporativo de Cursos Técnicos do Grupo Marista e Diretor Geral do TECPUC.