Francisca Romana Giacometti Paris *
Abram os livros e desliguem os celulares. Tal imposição parece estar com os dias contados dentro das salas de aula. O tempo tem se encarregado de ensinar professores e alunos a tirarem melhor proveito dessa tecnologia, que antes era vista apenas como uma ameaça à disciplina dos alunos, pela tentadora distração que os aparelhos são capazes de provocar com todas suas funções, aplicativos e encantos que exercem especialmente sobre os jovens. Mas, de uns tempos para cá, muitos professores estão sabendo tirar proveito disso, usando as tecnologias disponíveis como atrativo para passar conteúdo e ensinamento aos alunos. De dentro ou fora da sala de aula.
Este avanço já pode ser verificado em algumas escolas pelo país. Basta uma rápida pesquisa sobre este tema pela internet, especialmente em sites de notícias, que é possível encontrar vários casos sobre o uso do celular em sala de aula, que podem servir de exemplo. Não é que a nova metodologia esteja sendo adotada nessas escolas por todos os professores, em todas as disciplinas. Mas o fato de alguns educadores já aliarem o uso do celular com a aprendizagem dos alunos é bastante significativo e positivo também, especialmente pelos resultados observados até aqui, de acordo com o relato desses professores.
Vale ressaltar que essa mudança cultural se deve também porque muitos professores em atividade, especialmente os que atuam na educação não universitária, pertencem à essa geração tecnológica. Logo, dominam as novas tecnologias tão bem quanto seus alunos, pondo fim à resistência que era notavelmente observada entre os professores mais veteranos. Com isso, a ideia de que nenhuma tecnologia ou modernidade é capaz de substituir a capacidade dos livros de ensinar já não é mais tão forte como antes. Está entendido que uma forma não substitui a outra, mas que as diferentes maneiras podem ser agregadoras, complementares.
E o que se nota no ambiente virtual é que esse universo não para de crescer. Estima-se que, hoje, existem mais de 80 mil aplicativos educacionais. Muitos deles gratuitos, o que fomenta ainda mais seu uso pelos professores em sala de aula, mas motivando também os alunos a explora-los fora das escolas. Fascinados pelas novas tecnologias, os jovens aprendizes se rendem inconscientemente aos estudos, aprofundando-se nos temas abordados pela escola e até compartilhando conhecimento com os colegas de classe. Sem perceber, esses alunos acabam aprendendo de maneira intuitiva, inconscientemente.
Não há como retroceder. A educação está em pleno processo de transformação com o uso de novas tecnologias. O aprendizado atravessou as paredes das escolas com todos os dispositivos móveis que temos disponíveis nos dias de hoje. E é justamente essa nova realidade que tem levado países mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, a elevarem seus gastos públicos em tecnologia. No Brasil, infelizmente, a expectativa é de que os investimentos não sejam tão significativos, tanto em tecnologia como em educação. Mas, pelo que vimos, não será pela falta de vontade de muitos educadores que deixaremos de avançar nesse sentido. Estamos ligados!
(*) Francisca Romana Giacometti Paris é pedagoga, mestre em Educação e diretora de serviços educacionais da Saraiva