Pais e educadores sabem que brincar é a principal forma de expressão na infância e o primeiro modo como elas se organizam socialmente. Mas, do que estão brincando as nossas crianças? Num mundo digital que vivemos, onde jogos eletrônicos são modos de brincar da atualidade e revelam muito da sociedade contemporânea, quais espaços estão sendo reservados para brincadeiras que são patrimônio cultural da humanidade?
Se nós adultos lembramos de brincadeiras como morto-vivo, pega-pega, passa-anel, cabra-cega, álbum de figurinhas, “bafo” ou “bafinha” e outras, foi porque alguém nos possibilitou vivenciar esses momentos. E as crianças de hoje conhecem essas e outras brincadeiras?
Qual o repertório lúdico estão levando para o seu conhecimento de mundo? O que irá compartilhar com seus filhos quando forem pais?
Esses questionamentos precisam inquietar educadores, pais e professores.
Jogos eletrônicos desenvolvem certas habilidades, porém, não possibilitam outras importantes no desenvolvimento integral da criança.
O contato físico, a troca de ideias, o bate-papo pessoal, a defesa de opinião e o espírito colaborativo são habilidades que precisam ser despertadas nas nossas crianças, para, futuramente, estarem preparadas para relações sociais mais intensas e desafiadoras.
Uma das brincadeiras que chamam a atenção das crianças a partir dos cinco anos é a de colecionar figurinhas em álbuns temáticos. Além do resgaste da brincadeira, o álbum de figurinhas desperta o interesse pela leitura, pois, une palavra, imagens, números, incitando a curiosidade no preenchimento das páginas, na marcação dos números que já saíram, quais que ainda faltam para completar o álbum, sendo um veículo eficaz para o processo de aprendizagem da criança.
Neste período, as crianças demostram bastante interesse pelo desenvolvimento do pensamento lógico, pela comunicação com o meio e com as pessoas. O álbum de foto-figurinhas com apelo interativo está voltando para as escolas para estimular as nossas crianças a terem maior contato pessoal. Além disto, brincadeiras antigas também podem ser ótimas opções para reaproximá-las, sem ser pelos sedutores smartphones. Lembrando que a tecnologia deve sim ser explorada no ambiente socioeducativo, porém, o apelo social, a habilidade de conversar, discutir ideias, ajudar o coleguinha, está apresentando melhor desempenho com a atividade de foto-figurinhas. Assim, quando um aluno tem uma figurinha repetida, pode cedê-la para outro amiguinho ou quando uma criança descobre um fato interessante de um determinado assunto presente no álbum, pode comentar com o outro colega e os dois aprenderem juntos.
As experiências vistas em escolas que aplicaram a metodologia, Ateliê da Criança e Escola Lápis de Cor, comprovam de forma significativa a importância do trabalho com o álbum de figurinhas – uma atividade inspiradora e lúdica.
Consultora Pedagógica da Central Pix – Fátima Balthazar