*Por João Lacerda
A proliferação tecnológica e o surgimento de novas profissões exigem que hoje já se comece a trabalhar a formação do profissional do século XXI.
Curiosamente, em um falso paradoxo, essa proliferação tecnológica valoriza tanto profissionais com maior desenvoltura no mundo digital, quanto os que se destacam por suas habilidades socioemocionais como liderança, colaboração, persistência, trabalho em equipe, empatia, comunicação, entre outras, exatamente por serem mais intrinsecamente humanas, são mais difíceis de serem substituídas pela tecnologia.
Por essa razão, um profissional “do século XXI” pode ser resumido como aquele que se sente seguro trabalhando tanto com as pessoas quanto com a tecnologia ao seu redor; que detém conhecimentos e habilidades que lhe permitem ir além de fórmulas e programas prontos, sendo capaz de moldar a tecnologia, além de organizar, liderar e colaborar com colegas para dar soluções abrangentes e criativas para problemas complexos.
Uma nova disciplina “do século XXI”, portanto, deve idealmente englobar tanto o aprendizado em novas tecnologias como o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, conjuntamente e em sinergia.
Em 2014, o Reino Unido tornou obrigatório o ensino de programação de computadores no ensino básico, incluindo esta nova disciplina no currículo nacional para alunos a partir dos cinco anos de idade. Nos anos seguintes, foi acompanhado por outros países líderes do ranking educacional como Finlândia, Canadá, Cingapura, Itália, China e muitos estados dos EUA.
Atualmente, países como Austrália, Grécia, Índia, Coreia do Sul, Alemanha, França e Japão ministram essa nova disciplina em projetos pilotos, mas com prazos já estabelecidos para a tornarem obrigatória. Já no Brasil percebemos iniciativas pontuais e louváveis, mas, em parte pela crise político-econômica, ainda muito incipientes. A inclusão das habilidades socioemocionais na Nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um passo importante e deve contribuir para a absorção dessa nova disciplina em escolas públicas e privadas nos próximos anos.
Com um movimento semelhante ao que ocorreu no passado com a língua inglesa, o pensamento computacional já está sendo chamado de “o novo inglês das escolas”. Alunos que aprendem programação de computadores e fundamentos em tecnologias digitais desde cedo adquirem desenvoltura, confiança e autonomia para solucionar problemas neste século, moldando tecnologias à sua necessidade e expandindo os limites de sua criatividade. Portanto, trata-se de um conteúdo obrigatório para todos.
As primeiras ofertas desta nova disciplina na grade curricular do ensino fundamental no Brasil estão sendo conduzidas pela Mind Makers, editora educacional pioneira no Brasil, especializada em prover todos os recursos necessários para escolas do ensino fundamental incorporarem o conteúdo na grade curricular.
Em aulas de fundamento CODE, são introduzidas as linguagens de programação e conceitos básicos como algoritmo e suas estruturas. Além disso, são exercitadas habilidades de abstração para confecção de modelos, de identificação de padrões e decomposição de problemas, que em conjunto formam as bases do pensamento computacional.
Em aulas de fundamento MAKER, são introduzidos os circuitos eletrônicos, os robôs e dispositivos digitais em geral, sensores, atuadores, controladores, computação distribuída, móvel, internet. Além de mecatrônica básica para montagem dos pequenos dispositivos mecânicos que dão suporte a inventos criativos.
Ao final de cada projeto, cada equipe apresenta o resultado de seu trabalho para a turma e todos votam, em um exercício de democracia, meritocracia e empatia, avaliando seus pares.
Pela grande motivação e o engajamento demonstrados pelos alunos brasileiros com a nova disciplina, nossa visão é otimista. Temos como compensar o atraso acentuado pela crise brasileira, com uma abordagem inovadora com relação à adotada inicialmente, por muitos países pioneiros.
Esta nova disciplina é uma inquestionável contribuição, que certamente melhorará a empregabilidade nas próximas décadas, em qualquer área profissional.
*João Lacerda é diretor da Mind Makers
Sobre JOÃO LACERDA – Investidor da Mind Makers, é formado em Tecnologia da Informação, com mais de 18 anos de experiência em cargos de liderança no setor educacional. Trabalhou na Abril Educação/SOMOS EDUCAÇÃO entre 2011 e 2015, onde chegou à vice-presidência, atuando nas áreas de M&A, novos negócios, planejamento estratégico e escolas próprias. Foi diretor executivo da Kroton Educacional, Positivo Informática E RM Sistemas/TOTVS.