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Primeiro Plano: Mulheres à frente das instituições

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Historicamente, os gêneros que concernem à sexualidade são divididos, através de uma lógica social e cultural, em dois grupos identitários: masculino e feminino. Aos homens, o trabalho, o ambiente externo e as experimentações diárias sociais e políticas. Às mulheres, a estruturação do lar, a maternidade, a culinária e os atributos delicados da feminilidade.

Esse aspecto tradicional perdurou e consolidou imensas gerações através de séculos e décadas em diversas cidades e nações. Porém, esse modelo começou a despertar rachaduras com o tempo e a construção binária perdeu seu sentido na pós-modernidade, principalmente com o impacto de grandes revoluções de mulheres, bem como teóricos e autores pertencentes aos estudos de gênero e os grupos sociais que reinventaram corpos, vivências, desejos, subversões e conquista de direitos.

Os valores culturais que conhecemos (e consequentemente aprendemos em escalas educacionais) a construir e conceber em nossa realidade, destacam anseios distintos em homens e mulheres através de seus respectivos gêneros, ditados por uma fórmula masculina/machista que centraliza o homem em um poder absoluto, oprimindo, assim, diversas cidades pelo mundo. As figuras binárias não se restringem exclusivamente à condição do ser masculino e do ser feminino, mas transcendem essas limitações com efeitos de grande complexidade. Fato este que necessita de visualização e discussão na contemporaneidade.

O movimento pela equiparidade, por identidades diversificadas, autonomia sobre o próprio corpo, reinvindicação de direitos, lutas e resistências cotidianas, e tantas outras organizações e ativismos marcaram (e ainda marcam), de forma física ou simbólica, meninas e mulheres espalhadas por todo o planeta. Mesmo caminhando pelo século XXI, é possível observar manifestações (tanto em redes sociais como em espaços públicos) por bens essenciais de vivência.

Todas essas articulações se fazem relevantes (e necessárias, ainda) quando observamos alguns números e índices, como: todos os anos, estima-se que 500.000 mulheres sejam vítimas de estupro no Brasil, e que outros tantos milhões sofram com abusos e violências sexuais. Apenas 10% dos estupros são notificados e a maior parte dos agressores não é punida. 67% dos crimes de estupro são cometidos por parentes próximos ou conhecidos da família. Na maioria das vezes, os abusos acontecem dentro de casa, onde as crianças deveriam se sentir seguras. 70% das vítimas são crianças com menos de 13 anos. (Fonte: Plan International Brasil)

Nesse sentido, de forma positiva, avistamos uma onda na atualidade que impulsiona e empodera a fala das mulheres, suas posições, manifestos e interesses. O caráter de “segundo sexo” perde o sentindo, revelando produções femininas, posições de destaque, autoafirmação, culminando e reverberando na representatividade – educacional, social e política.

MERCADO DE TRABALHO

Segundo dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial, em um ranking no qual compara a igualdade de gêneros entre os países, em 2014, no que se refere a equiparação dos salários, o Brasil ficou com a 71ª colocação, caindo nove posições em relação a 2013, quando estava na 62ª. De acordo com o relatório, o país apresentou uma “ligeira queda na igualdade salarial e renda média estimada” para o sexo feminino.

Para Gaya Machado, coach especialista em desenvolvimento do potencial humano, as mulheres brasileiras conseguiram alcançar a igualdade com os homens em quesitos importantes como saúde e educação, mas ainda que cheguem ao mercado de trabalho com o mesmo nível de preparo, enfrentam barreiras de todo tipo, sendo a mais grave a salarial.

De acordo com dados do relatório de Desigualdade de Gênero, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, os indicadores brasileiros colocam o Brasil entre os mais desiguais do mundo, no grupo dos países (acompanhado de Japão e Emirados Árabes) que fizeram investimentos importantes na educação das mulheres, mas que não conseguiram remover as barreiras à participação delas na força de trabalho.
Gaya Machado pondera que esta visão preconceituosa e dualista ainda está muito presente entre empregadores brasileiros, mas ela acredita que tende a perder espaço.

“Cada vez mais os empregadores estão percebendo que as mulheres têm tanta capacidade quanto o homem no mercado de trabalho. As competências dos gêneros se complementam, uma vez que as características diferentes de cada sexo permitem que os profissionais olhem os desafios do trabalho por ângulos diferentes e encontrem soluções e possibilidades que poderiam passar despercebidas se olhadas apenas por uma determinada forma de enxergar as coisas”, explica.

Quando a questão da gravidez entra em pauta, a coach afirma: “Como mulher, eu poderia dizer que sem as mulheres não haveriam novas gerações, homens, maridos, filhos, mas não vou recorrer a uma explicação simplista. Como profissional especialista em desenvolvimento humano, acompanho o aprimoramento profissional de diversas mulheres, nos mais variados setores, e posso afirmar que a mulher que retorna de uma gravidez adquire novas competências, novas habilidades e formas de enfrentar os desafios do mercado de trabalho que deveriam ser melhor exploradas, uma vez que só agregam diferenciais às suas funções anteriores”.

 

Foto: ©Divulgação

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