A ideia de cidadania – e a formação plena de um aluno cidadão – percorre todos os períodos escolares. E podemos observar, na atualidade, uma emergência de projetos e ações sociais, sobretudo no voluntariado educativo, que circulam em instituições de ensino. Apesar do crescimento significativo no índice de voluntariado no Brasil, a adesão desta prática entre os jovens ainda é baixa. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados no primeiro semestre deste ano, o índice geral de voluntariado subiu 12,9% no ano passado, porém, apenas 2,9% dos brasileiros entre 14 e 24 anos são adeptos a essas atividades. Por isso, algumas escolas paulistanas já inserem o trabalho voluntário em suas grades horárias.
No Colégio Mary Ward, instituição que desenvolve seus trabalhos de educação há 79 anos no bairro do Tatuapé, região leste de São Paulo, os alunos têm a possibilidade de participar de atividades voluntárias em creches, asilos e abrigos. Lurdes Baier, coordenadora da Pastoral do Colégio, comanda o Projeto de Formação de Liderança que, além de favorecer o trabalho voluntário, também ajuda no desenvolvimento da identidade pessoal e espiritualidade de cada estudante. “Buscamos incentivar a formação de liderança e protagonismo juvenil, com o objetivo de fazer com que o jovem se sinta inserido na sociedade e que seja um agente transformador da mesma”, afirma.
No Projeto, são trabalhadas três dimensões: olhar para si, espiritualidade e cidadania. Na primeira, os alunos participam de atividades para conhecerem a si, as próprias habilidades e competências. “No olhar para si, realizamos palestras com psicólogos, buscamos a integração e a boa convivência. Aqui, nosso foco é ajudá-los conhecerem a própria identidade e trabalhar a autoestima”, explica Lurdes.
Na dimensão da espiritualidade, o colégio promove palestras de autoajuda e contra as drogas, além de rodas de conversas e reflexões. De acordo com a coordenadora, a espiritualidade não está ligada às religiões, mas sim com a humanidade de cada pessoa. “Em um primeiro passo, ajudamos os alunos com a própria identidade e espiritualidade para que estejam prontos para realizar os projetos de cidadania. As três dimensões estão interligadas”, aponta.
Sobre a terceira, cidadania e voluntariado, a coordenadora comenta: “Eu entro em contato com creches, asilos, ONGs e abrigos e analiso a necessidade de cada uma dessas instituições. Após esse trabalho, oriento os alunos e eles desenvolvem ações de acordo com essas necessidades”. Nessa parte, os próprios estudantes são responsáveis em preparar atividades de apoio e recreação, levando jogos, gincanas, música, ajudando na limpeza e nas atividades diárias da instituição.
O projeto busca incentivar a cidadania e enxergar o potencial da juventude em transformar a sociedade. “A Formação de Liderança ajuda no desenvolvimento social dos jovens, sem contar que eles realmente gostam de ter essas experiências”, afirma Lurdes, que complementa: “Alguns ex-alunos participam das rodas de conversa, às vezes, para incentivar os demais a continuarem no projeto. Eles amam participar das atividades, é um espaço onde se identificam, é um espaço de liberdade, de carinho, respeito e confiança”.