Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, revelaram que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A pesquisa, divulgada no ano passado, considerou quatro tipos de deficiências: auditiva, visual, física e intelectual. O estudo ainda mostrou que desses 6,2% da população, 1,3% tem algum tipo de deficiência física e quase a metade deste total (46,8%) têm grau intenso ou muito intenso de limitações.
A psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar, Ana Regina Caminha Braga, nascida na cidade de Manaus, no Estado do Amazonas, faz parte dessa estatística. Ana nasceu com a chamada Split Hands and Foot, que afeta os membros superiores e inferiores, por isso foi necessária à realização de uma cirurgia para utilização de uma prótese na perna esquerda.
Na infância e adolescência, Ana revela ter sofrido com os olhares diferenciados das outras pessoas, tanto na escola como nos demais ambientes sociais, pois segundo a psicopedagoga, a maior dificuldade enfrentada por pessoas com deficiência está no padrão imposto pela sociedade. “As dificuldades pra quem tem alguma especificidade seja ela física, motora, mental ou cognitiva, é em razão da sociedade, por ela ter estereotipado um modelo preciso e correto de beleza”, comenta.
Ao contrário do que muitos possam pensar suas limitações não a impediram de ter uma vida que a sociedade chama de “normal”. Ana completou seus estudos, fez intercâmbio, e hoje é psicopedagoga especialista na área, ajudando alunos, pais e professores a entenderem da maneira mais adequada esse outro universo. “Quando vim estudar em Curitiba, conheci a psicopedagogia, amei poder trabalhar com as dificuldades e de fato indiretamente incentivar esse público e seus familiares”, explica.
Para a especialista, o Brasil deu um pequeno passo com a nova Lei de Inclusão, porém, há muito a ser feito para que todos, assim como ela, tenham a oportunidade de ter uma vida com qualidade e assim alcançar seus objetivos. “A nova Lei de Inclusão, foi um passo relevante, com ela as pessoas com deficiência tem seus direitos garantidos, já que lá estão previstos lazer, saúde, moradia e outras questões para uma melhora qualidade de vida”, comenta.
Para finalizar, Ana comenta que no quesito educação, os pais devem estar sempre atentos, acompanhando e incentivando seus filhos. Quanto ao corpo docente e a escola, ambos devem estar preparados para ajudar o aluno com deficiência nos estudos e no convívio em sociedade, já que essa ainda tem padrões não apenas de beleza, mas de aprendizagem intrínsecos, que precisam ser mudados e trabalhados desde muito cedo com as crianças. “Ainda temos muito a fazer, precisamos que pais e profissionais estejam preparados para lidar com essa situação, para ajudar e incentivar a criança com deficiência”.