O rápido avanço da tecnologia gerou mudanças consideráveis em todos os segmentos da economia mundial e a educação não ficou de fora. O surgimento de tecnologias digitais voltadas para a área e também a rápida democratização de aplicações e plataformas específicas gerou um movimento de revolução chamado de EdTech, que contempla softwares, simuladores, games e realidade virtual, por exemplo, e impactou diretamente a maneira de ensinar no mundo moderno.
Além disso, uma tendência atual no ensino e na aprendizagem é o desenvolvimento da alfabetização digital dentro dos programas educacionais convencionais, para que os alunos adquiram as capacidades que precisam para ter sucesso no contexto em que se encontram.
A implicação de tudo isso é que, para os professores, apenas dominar a disciplina a ser lecionada já não basta. Sua atuação precisa se adequar a um perfil mais tecnológico que permeia a carreira em todos os aspectos, desde o contexto macro do mundo conectado, até a sala de aula, o design da aprendizagem, a entrega do conhecimento e a avaliação do processo.
Ou seja, para lidar diariamente com uma geração conectada em tempo integral e aplicar com eficiência as novidades com o objetivo de trabalhar aspectos como a autonomia dos alunos no processo do aprendizado é necessário que os docentes passem a dominar uma gama de competências digitais. E, para quem não sabe por onde começar ou como fazer para dominá-las, Alberto Costa, sênior assessment manager de Cambridge English Language Assessment, departamento da Universidade de Cambridge especializado em certificação internacional de língua inglesa e preparo de professores, listou 3 passos que podem facilitar.
Comece pela autoavaliação
Na obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carol, há uma intrigante passagem entre a personagem principal e o icônico personagem Gato de Cheshire em que ela pergunta para onde aquela estrada vai. Como resposta, o animal pergunta para onde ela quer ir e, sem certeza, ela diz que não sabe, pois está perdida. É aí que vem a célebre frase “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”.
Esse trecho se aplica muito bem quando traçamos um comparativo com a situação dos professores no século XXI. Grande parte já despertou para a necessidade de dominar mais profundamente a tecnologia e seus recursos, mas, por vezes sem apoio e capacitação, não sabem bem até onde podem ir com isso ou qual melhor caminho a ser seguido. Nesse sentido, a indicação é iniciar o processo a partir de uma autoavaliação que vai refletir o ponto inicial dessa jornada para então buscar a trajetória desejada para alcançar um objetivo.
“Esse processo nem sempre é fácil por envolver aspectos emocionais e, às vezes, falta de conhecimento sobre o que refletir e procurar respostas. Por isso, a indicação é buscar por ferramentas que possam auxiliar a tarefa”, explica Costa. Um exemplo disso é o portal gratuito The Digital Teacher (https://thedigitalteacher.com/), que foi desenvolvido por Cambridge English e que convida profissionais de qualquer disciplina, não apenas o inglês, a se conhecer levando em consideração a familiaridade com as tecnologias que surgem no ambiente da educação.
Por meio de um teste composto por 53 questões é gerado um resultado baseado em um Digital Framework que identifica o nível pessoal de habilidades (que vai do consciente ao expert em quatro variações) em seis competências-chave (mundo digital, sala de aula digital, professor digital, design da aprendizagem, entrega da aprendizagem e avaliação da aprendizagem), que abordam desde produtividade, aspectos legais e gerenciamento das informações, passando por metodologia, aperfeiçoamento do idioma e adoção de recursos, até colaboração, curadoria, plano de aula, integração entre canais de ensino e avaliação.
Aproxime-se dos alunos e quebre seus próprios paradigmas
A partir do panorama conhecido no passo de autoavaliação, se proponha a buscar no dia-a-dia das turmas com quem tem contato quais recursos ou ferramentas eles já usam por si próprios. “A sala de aula é um espaço rico de troca e colaboração. Isso porque, lá todos estão presentes para dividir seus conhecimentos e adquirir aprendizados mutuamente. Por mais que o professor exerça o papel de ‘mentor’ da turma, ele também está ali para aprender e se atualizar. E nada melhor do que os alunos para guiarem essa descoberta, já que são muito mais predispostos a adotar com rapidez as inovações”, ressalta o especialista de Cambridge English.
Mas, para que isso funcione, é necessário deixar de lado a crença de que sempre que o aluno está com o celular em punhos é para navegar nas suas próprias redes sociais ou para dispersar do conteúdo de sala. As novas gerações gostam de respostas rápidas e não guardam para depois as dúvidas que lhe aparecem. No melhor dos cenários, eles podem estar pesquisando conteúdo relacionado ao tema que está sendo discutido ou mesmo separando material complementar para compartilhar com a turma depois.
Uma forma de iniciar essa imersão e estar mais próximo do dia a dia deles é realizar uma breve pesquisa, mesmo que informal, sobre os apps e sites que eles mais visitam e utilizam e os motivos pelos quais essas são as opções mais interessantes para esse público. Mesmo aplicações que parecem distantes da educação, como o popular mensageiro Whatsapp, pode ser aplicado em estratégias, como, por exemplo, utilizá-lo enquanto tela principal para compartilhar conteúdos em diferentes formatos (seja a apresentação em imagens, vídeo, áudio ou links de referência). Fora do ambiente escolar os estudantes já fazem esse uso ao trocar fotos e referências das suas tarefas de casa ou de explicações perdidas. Uma evolução do que acontecia de forma física no passado. Eles estão habituados a colaborar uns com os outros nesse processo e a adoção será natural.
Ou, pense ainda na adoção de QR Code (códigos bidimensionais) que podem ser lidos por aplicativos para gerar uma experiência em realidade virtual. O acervo do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque já é praticamente 100% digitalizado. Então, por que não buscar pelos códigos que representam peças artísticas ligadas à disciplina de história e inseri-las de uma maneira mais instigante na aula, com a sua representação tridimensional por meio da tela do celular, para despertar a curiosidade e a atenção da classe?
Como consequência do uso e do aprendizado, isso gerará insights para que o professor desenvolva habilidades próprias e a criatividade para elaborar outras atividades dentro desses ambientes online.
Busque apoio na internet
O digital é um ambiente muito rico na produção de conteúdo e na troca e colaboração entre os pares. Ele permite que não haja barreiras entre pessoas que buscam soluções para um problema em comum e funciona como replicador ao permitir o compartilhamento de documentos, webinars, MOOCs, dicas de eventos e de recursos e também a discussão em formatos de texto e vídeo.
Há portais que disponibilizam conteúdos de apoio, como é o caso de Cambridge English para os professores de inglês (http://www.cambridgeenglish.org/teaching-english/resources-for-teachers/);
há grupos no Facebook que debatem o futuro da educação, como o Conselho de Educadores (https://www.facebook.com/groups/475029005900183); e há ainda movimentos que atuam na tradução de toda essa revolução para os professores, como é o caso do projeto Amplifica (http://amplifica.org/).
“Uma dica que vale a pena é criar uma agenda de estudos para se atualizar das novidades e usar esse tempo para elaborar e refletir em cima das discussões e do material de apoio trocado no ambiente online. Estimular o pensamento criativo com frequência, baseado na experiência pessoal e nas necessidades profissionais peculiares a cada um para resolver problemas ou para desenvolver aspectos diferentes é um exercício que agrega bastante no desenvolvimento e na familiarização com as novas tecnologias”, completa Alberto Costa.
SOBRE CAMBRIDGE ENGLISH
Cambridge English Language Assessment é o departamento sem fins lucrativos da Universidade de Cambridge especializado em certificações e avaliação da língua inglesa com um amplo portfólio para diferentes públicos e objetivos. Com mais de 100 anos de tradição e atuando em mais de 130 países, os certificados Cambridge English são reconhecidos internacionalmente por mais de 20 mil instituições, empresas e órgãos governamentais no mundo todo. O departamento conta com os melhores especialistas na área de avaliação linguística, que se dedicam ao desenvolvimento e ao controle de qualidade dos exames Cambridge English. No mundo todo, mais de 5 milhões de pessoas prestam os exames anualmente.