Matéria publicada na edição 65 | Fevereiro 2011 – ver na edição online
O Grupo Direcional, que publica as revistas Revista Direcional Escolas e Direcional Educador, irá promover no dia 13 de abril seu primeiro encontro na área da educação, no auditório do Colégio Maria Imaculada, no bairro do Paraíso, em São Paulo. Com as conferências de Mário Sérgio Cortella e Christian da Rocha Coelho, o 1º DIRECIONAL EDUCAÇÃO se dirige aos mantenedores e educadores e pretende oferecer um painel das mudanças em curso na área. Quer ainda apontar como uma gestão sustentável pode dar conta das mais diferentes demandas que isso cria no campo pedagógico e no mercado. Confira nesta reportagem uma análise preliminar de Christian Coelho em torno desse grande desafio.
Por Rosali Figueiredo
A rede privada de ensino atingiu em 2010 o maior contingente de alunos desde 2002, conforme o Censo Escolar de 2010, divulgado no final do ano passado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação. Registrou 7.560.382 estudantes, dentre um total de 51.549.889, depois de ter assistido a uma perda de um milhão de matrículas entre 2006 e 2007. Já uma pesquisa encomendada pela Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares) junto à Fundação Getúlio Vargas de São Paulo em 2005 indicava que a rede absorvia na época 15% do total em 35.200 estabelecimentos de ensino, proporção quase que integralmente restituída nos dados de 2010.
As notícias, entretanto, não são tão tranquilas para os mantenedores, pois, conforme as mudanças do perfil demográfico dos brasileiros, a população de 0 a 14 anos no País vem caindo nominal e proporcionalmente. Se em 1990 totalizava 51,7 milhões de pessoas (35,3% do total), em 2010 ficou em 49,4 milhões (26,6%) e, em 2020, deve cair a 41,5 milhões (20,1%), segundo números e estimativas publicadas pela Revista Exame em dezembro passado, com base em dados do IBGE e da Fundação Bradesco. “Isso projeta uma clara redução do tamanho do mercado para as escolas privadas”, aponta o consultor em comunicação, marketing e gestão educacional, Christian Rocha Coelho.
Detentor da marca Rabbit Partnership, consultoria de serviços integrados de comunicação e marketing, gestão de processos e coaching para a rede particular, com 14 anos de atuação, 80 funcionários e 820 clientes no Brasil, Christian observa, por outro lado, que recebe consultas mensais crescentes de pessoas interessadas em entrar no negócio da educação básica. “Há mais oferta que demanda, já recebi donos de postos de gasolina querendo abrir uma escola”, comenta, lembrando que o empresário havia simplesmente multiplicado os valores das mensalidades a uma estimativa fictícia de alunos. Mas não levara em conta os custos fixos e variáveis, que chegam a absorver 85% do faturamento de seus clientes, observa Christian. “O custo de manutenção de uma escola é inacreditável, precisa fazer uma pintura todo ano, senão perde aluno, como já vi acontecer”, relata.
HÁ LUGAR PARA TODOS?
Segundo o consultor, na atual conjuntura, “não há lugar para todos – somente para as escolas boas, que saibam comunicar isso”. E que possam, assim, pegar carona no crescimento da renda dos brasileiros e atrair o aluno da escola pública. É um mercado cada vez mais apertado, geograficamente falando, destaca Christian. “Cerca de 80% dos alunos vivem hoje na área de abrangência primária da escola. Atuo com escola com área de abrangência de 500 metros”, diz. É preciso então mudar a estratégia, em “vez de jogar a rede, pescar com vara, dirigindo-se cada vez mais aos alunos, ex-alunos, professores e prospects do mercado regional”. A propaganda massiva continua importante, mas somente como recall, lembrança da marca.
Outra dificuldade enfrentada pelas boas escolas diz respeito à prática predatória de mercado, com instituições que chegam a franquear os seis primeiros meses de mensalidade de novos alunos ou que oferecem a Educação Infantil gratuita para os familiares que garantirem a continuidade dos filhos no Fundamental. O consultor critica a política de descontos, lembrando que qualidade e competitividade demandam investimentos, os quais deveriam absorver pelo menos 5% do faturamento global. Segundo ele, os gestores que conseguem se posicionar positivamente no mercado, “não enfrentam crise nem perdem alunos”. No entanto, a tarefa não é tão simples, pois mesmo entre os seus clientes, 15% tiveram perdas de estudantes no ano passado. De qualquer forma, “82% cresceram de 2009 para 2010 e 50% operaram com uma lucratividade entre 6% a 20%”, aponta. O recado que o consultor quer deixar aos mantenedores é que não são as escolas mais baratas que crescem, mas aquelas que mostram o melhor custo benefício, por meio de estratégias de negócios e marketing pedagógico que Christian irá abordar no 1º Direcional Educação.
ESTRATÉGIAS
“Tem público para toda escola boa que saiba mostrar isso, mas não somente para a clientela e sim os próprios professores”, diz. O consultor costuma falar em “processo andragógico”, no qual o conjunto da instituição consegue fazer com que os familiares compartilhem e compactuem com o seu projeto pedagógico, o que demanda a colaboração da equipe docente. “O pai cobra desempenho em Português e Matemática, mas ele precisa entender, por exemplo, que quando as escolas trabalham projetos a partir de temas geradores, a criança aprende com mais facilidade e prazer.” Conforme Christian tem observado, o pai ainda valoriza “o produto educação e não está mais tão preocupado com o extracurricular”. “Portanto, ele precisa entender como funciona o processo de ensino-aprendizagem, a escola precisa ensiná-lo a compactuar com a sua proposta pedagógica”.
Por outro lado, as exigências dos pais crescem conforme percebem a melhora do nível da educação oferecida pela mantenedora e os concorrentes. “A diversidade entre as escolas é grande, elas estão se movimentando com muita velocidade, existem de duas a três escolas por bairro em São Paulo, todo mundo copia todo mundo, então é preciso reinventar as estratégias, melhorando a qualidade da prestação de serviços e comunicando isso.” Nesse contexto, cabe aos gestores atuarem paralelamente em diferentes frentes: na capacitação da equipe, nas estratégias de negócios e na comunicação. A desatenção em uma delas pode trazer reflexos negativos sobre as demais. Christian cita o exemplo da pesquisa de satisfação feita pela Rabbit junto aos pais e alunos atendidos pelos seus clientes, que registrou a queda de 4% na imagem do professor em sala de aula no ano passado – relacionada ao seu desempenho em didática, capacitação, relação interpessoal e postura.
Uma das causas pode estar justamente na “falta de gerenciamento”, pois a prática da gestão requer um monitoramento contínuo dos seus processos, em uma periodicidade de curta duração, afirma o consultor. Segundo ele, a escola precisa garantir que o coordenador assista às aulas de seus professores, para que não criem vícios que comprometam a qualidade. Na pesquisa anual com os seus clientes, Christian identificou que 60% dos coordenadores não acompanham essas aulas e, entre os que o fazem, 5% as assistem apenas semestralmente. “A mudança de comportamento dos adultos requer acompanhamento muito próximo e contínuo”, acredita. “Trabalhar em escola exige levar em conta as características pessoais, já que é uma instituição humanista. Cada escola é diferente da outra e demanda a adaptação dos processos às pessoas, o que é muito difícil”, finaliza o consultor.
SERVIÇO – 1º DIRECIONAL EDUCAÇÃO
Data: 13 de abril de 2011
Local: Colégio Maria Imaculada – Rua Bernardino de Campos, 79 (próximo ao Metrô Paraíso)
Horário: das 8:00h às 13:40h
Público-alvo: Mantenedores e educadores
Realização e organização: Grupo Direcional (Revistas Direcional Educador e Revista Direcional Escolas)
Apoio: Rabbit Partnership
PROGRAMAÇÃO
8:00h às 9:00h – Recepção, credenciamento e café
9:00h às 10:00h – Conferência 1: Mário Sérgio Cortella – “A Educação e a Emergência de Múltiplos Paradigmas: Novos Tempos, Novas Atitudes”
10:00h às 10:30h – Abertura para perguntas do público ao conferencista
10:30h às 11:15h – Coffee-break
11:15h às 12:15h – Conferência 2 – Christian Rocha Coelho – “Escola Sustentável: Como Crescer na Educação?
– Estratégias de gestão e organização;
– Estabelecendo diferenciais em relação às metas de ensino-aprendizagem;
– As parcerias estratégicas (coordenadores, professores, alunos, pais, comunidades e empresas locais);
– Como se posicionar junto ao público interno;
– Como se posicionar junto ao mercado regional;
– Planejamento e ações de marketing pedagógico.
Saiba mais
Christian Rocha Coelho
www.rabbitmkt.com.br
christian@rabbitmkt.com.br