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Uma nova forma de ensinar

Sugestão de fonte: Irene Maluf, especialista em psicopedagogia, educação especial e neuroaprendizagem.

A Finlândia quer ser o primeiro país do mundo a abolir completamente a tradicional divisão do conteúdo escolar em “Matérias” e adotar em todas as suas escolas o ensino por “Tópicos” multidisciplinares (ou “Fenômenos”, conforme a terminologia adotada pelos educadores finlandeses). A grosso modo, pode-se dizer que se trata simultaneamente de uma combinação diferenciada entre uma nova forma de dividir as disciplinas escolares com uma abordagem multidisciplinar dentro da sala de aula. Ou seja, não se adotam os conteúdos escolares repartidos em disciplinas tradicionais e nem as aulas são planejadas e ministradas por um único professor especialista. 

“Cada aula passa a ser esboçada e desenvolvida não segundo as diretrizes de uma disciplina (biologia, por exemplo) mas segundo um tópico, um assunto, um “fenômeno”, (“o aquecimento global” por exemplo) por três ou mais professores que abordam o tema de acordo com sua especialidade (biologia, química, física, geografia e etc)”, explica Irene Maluf, especialista em psicopedagogia, educação especial e neuroaprendizagem.

Na Finlândia, tal sistema tem mostrado ser uma forma muito eficaz em consonância com aquilo que eles já tem solidificado em questão de educação: sem dúvida estão muito mais desenvolvidos que qualquer outro pais nesse quesito. O resultado é tão bom que hoje o plano é passar em breve a oferecer dois períodos de ensino multidisciplinar baseado em “Fenômenos”por ano. “É uma forma interessante, motivadora de aprendizagem multidisciplinar que está de acordo com a maneira como as crianças e jovens da contemporaneidade se aproximam do conhecimento. Traz a escola para a século XXI”, explica Irene.

No Brasil, um método assim daria certo? Segundo Irene Maluf esse tipo de experiência não pode ser replicada sem muita reflexão , sem fundamentos que a justifiquem. Não se trata de mais um modismo, mas de uma abordagem pedagógica diferenciada, uma verdadeira mudança no sistema educacional, inclusive de acordo com os princípios da neurociência aplicada a educação.

 É indispensável olhar o contexto, as demandas, a realidade, as necessidades reais de caso, principalmente em um país de tantas diferenças regionais como o nosso, para se compreender porque uma mudança dessa monta pode dar certo na Finlândia e ser um desastre se copiada em outros pais.
“Há condições indispensáveis que levaram tal processo ser bem sucedido na Finlândia, como a excelência na formação dos professores, a priorização de recursos  e as próprias particularidades do ensino desse pais, sua cultura, etc. Para o aplicar no Brasil seria preciso antes de mais nada planejamento, orientação e preparo dos professores “.

Tornar-se a primeira potência mundial em educação não foi um milagre que simplesmente ocorreu  na Finlândia e nem uma posição alcançada sem esforço pelos finlandeses. Eles privilegiaram a formação acadêmica de seus professores, com nível pelo menos de mestrado para poderem lecionar em qualquer grau. E os professores gozam de grande autonomia ao ensinar: existe é claro um programa a cumprir, mas cada professor decide como e quando vai ministrar os conteúdos, de acordo com o perfil de sua turma. “São os profissionais mais respeitados do país assim como os cursos ligados à educação são os mais procurados pelo reconhecimento que geram. Os pais levam os filhos a bibliotecas nos finais de semana e lá não existe a possibilidade de terceirizar a responsabilidade pela educação das crianças”.

 

Os jovens levam a educação a sério, pois sabem que é só através dela que podem alcançar um bom padrão de vida futuramente”, completa a especialista.

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