Por Rafael Pinheiro / Fotos Divulgação
Mudanças, adaptações, reestruturações, planejamentos: o retorno às aulas no primeiro semestre de 2021 – tanto no modelo híbrido, on-line ou presencial – agregou, em sua estrutura, esses quatro elementos. Diante de tantas transformações ocorridas nos últimos meses, sobretudo com o impacto da pandemia no sistema educacional, o início de um novo ano letivo traz densas reflexões e ações práticas sobre os rumos que o processo educacional trilhará nesta nova jornada
Com o intuito de ampliar o debate sobre essa temática, reunimos, neste especial, falas de diretoras/es, educadores, gestores/as, coordenadores/as, especialistas em educação e profissionais do setor, respondendo o seguinte questionamento: Diante de tantas mudanças que atravessamos nos últimos meses, como realizar uma programação de volta às aulas em 2021 em suas múltiplas necessidades – na segurança, na higiene, no cuidado, na metodologia pedagógica e nas mudanças práticas que demandam as novas dinâmicas nas escolas?
“Normalmente toda mudança gera desconforto e insegurança, mas vem acompanhada de muita aprendizagem e de novas possibilidades. Depois de nos adaptarmos a não ir à escola e assistir às aulas remotas, estamos prestes a passar por mais uma nova mudança: retornar a um novo formato de escola. Para isso, é essencial que exista uma força tarefa coletiva onde todos os profissionais da escola possam colaborar na elaboração do plano de retomada, considerando todas as dimensões educativas que abarcam desde a adequação da estrutura física, da reorganização de procedimentos, hábitos e rotinas, até a adaptação relacional e a implantação de inovações metodológicas.
Professores, atualmente, mais experientes, transitarão entre o ensino remoto e o ensino presencial tendo em vista as diferentes maneiras de utilizar os ambientes escolares e virtuais para potencializar a aprendizagem, combinando tecnologias e metodologias ativas para que todos os alunos sejam acompanhados em suas demandas pedagógicas e emocionais. Esses conhecimentos precisam ser compartilhados formando uma comunidade de aprendizagem disponível e motivada, onde trocar as boas práticas aprendidas e manter diálogos, torna-se essencial para qualquer ação educativa.
Por outro lado, os pais viveram experiências tão marcantes do que é educar uma criança que a comunicação entre escola e família se intensificou de modo tão singular e especial que potencializou esta parceria antes adormecida.
Assim, redesenha-se uma nova escola! Uma escola desafiada, impulsionada, revigorada, preocupada e extremamente disposta a fazer diferente e alcançar novos horizontes.”
Marcia Almirall – Orientadora Pedagógica do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Maria (SP)
“O retorno às salas de aula no ano letivo de 2021 coloca em cena diversos desafios para gestores, professores, famílias e alunos. Em um primeiro momento, uma das palavras-chave será certamente acolhimento. Toda a comunidade escolar enfrentou um longo período de intensos desafios, sendo o principal deles o distanciamento social. Nesse retorno, os alunos anseiam por reencontrar seus colegas, mas, dentro desse novo contexto, terão que reaprender a conviver no ambiente escolar. Como educadores, será fundamental ajudar nossos alunos a encontrar novas formas de reforçar seus laços sociais e afetivos. Se por algum tempo não poderão abraçar seus colegas fisicamente, por que não criar momentos para abraços virtuais e outras demonstrações de afeto?
Outros elementos fundamentais para o primeiro mês após o retorno serão o diagnóstico e a personalização. Sabemos que, diante de todos os desafios enfrentados, algumas lacunas de aprendizagem serão encontradas nas salas de aula. Portanto, será imprescindível identificar, através de ferramentas diagnósticas, em que áreas os alunos precisarão de maior apoio e consolidação para, então, optar pelos dispositivos de aprendizagem adequados às necessidades de cada estudante. Ao longo desse processo, os professores precisarão contar, de forma ainda mais próxima, com o suporte e o acompanhamento das equipes pedagógicas.”
Viviane Jesuz – Mentora Sênior do programa bilíngue Edify
“A Brasil Canadá acredita que o melhor é sempre tomar decisões que se baseiam em fatos e, para isso, há que se estudar bastante qualquer situação. Após a análise e o estudo de como outros países retomaram a vida escolar, bem como conversas e reflexões bastante abertas com toda a comunidade escolar, além de seguir as orientações dos órgãos superiores, programamos nossa volta às aulas de forma bastante organizada e consciente.
Fizemos pesquisas com as famílias, instituímos protocolos de higienização dos ambientes, discutimos e repassamos todas as orientações e novas dinâmicas com a equipe escolar, para que todos estivessem seguros ao mediar os protocolos com os alunos. Também optamos pelo modelo híbrido de educação e, da mesma forma, temos discutido com as famílias e avaliado de perto cada caso para verificar o que funciona melhor em cada faixa etária e reavaliar as estratégias, se for o caso. Acreditamos que o diálogo, o estudo e a reflexão constantes são as melhores estratégias para lidar com qualquer crise.”
Bruna Figueiredo Elias – Diretora Pedagógica do Colégio Brasil Canadá (SP)
“A chegada das escolas ao ano de 2021 deve ser marcada pela resiliência, pelo cuidado e por uma perspectiva criativa e inovadora. Neste momento, a escola se faz cada vez mais necessária, de forma a garantir aos alunos todas as práticas e vivências que não puderam ser reproduzidas no ambiente virtual. Assim, destaco, sobretudo, as que dizem respeito à educação socioemocional. Neste retorno, marcado pela transição do ensino remoto para o ensino híbrido, os protocolos devem ser seguidos com muito rigor, de forma a criar um ambiente de aulas que seja seguro e, ao mesmo tempo, rico em aprendizagem.
O elemento mais valioso deste retorno ao ensino presencial será a interação entre o professor e o aluno. Destaco pontos como os olhares, o elemento do encontro humano que esteve tão escasso no ano anterior. Acompanha, também, a tendência em dar foco às habilidades, às atividades práticas e interativas que valorizem as habilidades não cognitivas como, por exemplo, a cooperação, a empatia e, com certeza, o autocuidado. É um momento muito importante, um marco, e a escola deve se manter unida para oferecer o seu melhor aos seus alunos.”
Sueli Conte – Especialista em Educação, Mestre em Neurociências, Psicopedagoga, Diretora e Mantenedora do Colégio Renovação (SP)
“O planejamento escolar é um aspecto de enorme importância para a concretização da proposta pedagógica de qualquer escola. Contudo, em meio à pandemia, somam-se novos desafios, especialmente quanto a permanência e a duração das determinações legais. Desde 2020 lidamos com a volatilidade de prazos e percentuais de alunos presentes, bem como o acirramento dos ânimos, seja de alunos e familiares, seja dos professores.
A fim de responder a esse cenário, centramos nossos esforços em uma comunicação transparente e ágil, bem como em uma proposta de trabalho mais flexível, combinando aulas síncronas e assíncronas, plano semanal de estudos para alunos e alunas, e orientação constante dos estudantes. No formato presencial, parte da experiência acumulada no final do ano anterior tem pautado nosso trabalho, facilitando o entendimento das necessidades e possibilidades de atuação simultânea (remota e presencial). Quanto à segurança sanitária, contamos com o apoio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e a implementação de um cuidadoso protocolo, iniciado no segundo semestre de 2020.”
Erik Hörner – Professor e Vice-diretor do Colégio Humboldt (SP)
“O planejamento de volta às aulas começou há alguns meses. A Rede Inspira de Educadores, da qual o Colégio Stella Maris faz parte, firmou uma parceria com um dos maiores conglomerados de saúde do Brasil, a Rede D’Or. Eles validaram todos os protocolos sanitários e orientações de saúde para o retorno às aulas presenciais, garantindo a segurança dos professores, colaboradores e, principalmente, dos nossos alunos. Além disso, todos os profissionais foram treinados para atuarem neste momento, as salas de aulas foram adaptadas para respeitarem o distanciamento e a limpeza de todos os ambientes tiveram suas rotinas intensificadas. Ao chegar na escola, os alunos recebem higienização nas mãos e nos pés, além de aferirmos a temperatura de todos.
Quanto a metodologia de ensino, estamos dedicando esse início de ano às aulas extracurriculares, para aplicar uma revisão dos principais conteúdos vistos no ano anterior. Como os alunos tiveram um volume muito grande de aulas on-line em 2020, muita coisa precisa ser recuperada. Mas estamos empolgados e preparados para recebê-los, principalmente por acreditarmos que a retomada presencial das aulas irá impactar positivamente no desenvolvimento emocional dos alunos.”
Andréa Cristina Martins Granado – Pedagoga e Diretora do Colégio Stella Maris Unidade Xaxim (Curitiba/PR)
“Durante todo o ano de 2020 vivemos diversos desafios, foi necessário criarmos um novo caminho para a aprendizagem dos alunos sem deixar de ser quem sempre fomos. Um olhar atento para compreender o cenário nunca antes vivido e a escuta cuidadosa de toda a nossa comunidade, constitui em material rico para que pudéssemos construir algumas diretrizes para esse novo ano. Nos cuidados com a saúde, a parceria com equipes especializadas resultou em um orientador minucioso de protocolos e processos.
Sobre o ensino, seguimos nos reinventando, buscando alternativas coerentes com a nossa proposta pedagógica, considerando o aluno como sujeito ativo e potente nesse processo, utilizando a tecnologia como aliada e criando espaços para que a interação e a troca, possam continuar marcas importantes para o desenvolvimento cognitivo e social de nossos alunos. Muitos têm sido os desafios, mas também as aprendizagens, certamente sairemos mais fortalecidos, mais críticos, mais humanos e inovadores.”
Elaine Barbosa Ruiz – Diretora da Escola Santi (SP)
“O trato das habilidades socioemocionais voltado ao acolhimento, não só dos alunos, mas das famílias, corpo docente e demais agentes escolares, precisa ser uma preocupação da comunidade tão importante quanto o cumprimento dos protocolos de higiene e distanciamento. No âmbito da metodologia pedagógica, avaliações para o diagnóstico de lacunas de aprendizado dos estudantes por conta da pandemia devem ser priorizadas, conforme recomendações da Unesco e do Conselho Nacional de Educação (CNE), com o objetivo de ajudar a definir planos de ação para reduzir danos e assegurar que as aprendizagens essenciais sejam adquiridas ao longo do ano letivo. Nessa difícil tarefa de praticamente ensinar dois anos em apenas um, gestores escolares e docentes terão de definir uma trilha de replanejamento pedagógico, com base no diagnóstico realizado e de acordo com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Esta avaliação permite diagnósticos de desempenhos gerais por turma e individuais, ajudando a traçar um plano de ação para definição de medidas que devem ser tomadas, como a divisão em pequenos grupos de alunos para correção imediata de algumas habilidades em comum, realização de aulas de reforço em horários alternativos, como no contraturno, para explicações adicionais e esclarecimento de dúvidas, além de atividades extras. A outra frente é a elaboração de planos personalizados de estudos para cada aluno reforçar a atenção nos pontos em que enfrenta mais dificuldade, com sugestões de atividades extras com base no conteúdo relacionado. Reavaliações devem ser contínuas para entender se todo o conteúdo reforçado foi absorvido, sempre focando nos temas e habilidades que são imprescindíveis para a aprendizagem das matérias a serem ensinadas no ano de 2021 e também 2022, que ainda sentirão os impactos da Covid-19.”
Ademar Celedônio – Diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS Plataforma de Educação
“Durante 10 meses os alunos ficaram distantes da escola. Essa distância não é apenas ligada ao desenvolvimento pedagógico, mas também a rotina e a socialização do aluno com o ambiente escolar. Reorganizar o retorno às aulas presenciais exige planejamento, foco e ação. Na questão de higiene e segurança contra a Covid-19 a escola deve ser pautada pelos protocolos de saúde da OMS e também do governo federal, levando em consideração as exigências de cada município e estado. Além dos equipamentos de segurança e da restruturação do ambiente escolar é importante desenvolver nos alunos o hábito e a cultura ativa, não só contra a contaminação da Covid-19, mas também de outras doenças transmissíveis.
Além de desenvolver os novos hábitos na vida dos estudantes, docentes e colaboradores da escola, é importante um olhar específico no nível em que os estudantes estarão quando retornarem para uma rotina presencial na escola, isto pode ser feito através de uma sondagem e um nivelamento das principais dificuldades dos alunos em relação ao conteúdo programático do ano anterior. O sucesso dos objetivos de 2021 estão automaticamente vinculados a um trabalho realizado com metodologias ativas e habilidades socioemocionais.”
Jonathan Moreno Lima – Coordenador Pedagógico do Colégio Nova Dimensão (SP)
“Segurança em primeiro lugar. Uma estratégia baseada na data de retorno de cada cidade e com toda a preparação para o retorno seguro e híbrido. Foi como a Inspira Rede de Educadores engajou esse processo de retomada do calendário letivo, junto às escolas integradas ao nosso sistema de gestão educacional. Treinamentos e capacitações oferecidos aos colaboradores e professores, para estarem adequados aos novos modelos de retorno.
Redobramos os cuidados dentro das instituições, em que foram adotados os protocolos de saúde, desenvolvido por uma das instituições de saúde mais renomadas do país. Equipamentos de segurança chegaram aos ambientes escolares (máscaras, álcool em gel 70%, rotinas de desinfecção, marcações para distanciamento social, termômetros, jalecos, etc.). Um sistema rodízio dos alunos presenciais vai garantir o distanciamento definido por cada região e segmento escolar. Os ambientes das escolas foram submetidos a rígidos protocolos de distanciamento físico, escalonando assim o fluxo de pessoas de acordo com cada segmento, e um sistema de atendimentos ‘rotineiros’ da escola foi instalado de forma remota em muitos casos, com mais atenção e agilidade das equipes dedicadas ao atendimento ‘virtual’”.
Jorio Jadjiski – COO Diretor de Operações da Inspira Rede de Educadores
“Compreender que estamos vivendo um novo cenário é a melhor dica para a retomada das aulas presenciais. Mais do que o cuidado com o a higiene e todas as orientações de biossegurança, precisamos nos atinar como chegarão os alunos em seu estado emocional. A nova normalidade é pautada pela nova forma de enxergar a vida e a interação com o outro. No entanto, o melhor espaço para se ensinar sobre isso, também é a escola.”
Lucas Fonseca – Educador do Grupo Educacional Faveni
“Estamos vivenciando um momento ímpar, não somente nos colégios, mas também uma ressignificação de toda a área da educação. Quando houve os decretos para o fechamento das atividades presenciais, e toda a adaptação que foi necessária para oferecermos a modalidade de ensino não presencial, não imaginávamos como isso impactaria nossas vidas para sempre. Para o retorno ao ensino presencial, quando houver a autorização pelo Poder Público, nós já estamos com um protocolo bem definido, que foi revisado e validado pela D’Or Soluções, empresa do grupo Rede D’Or São Luiz, especializada em gestão de saúde e segurança do trabalho. Entre as principais medidas operacionais que serão adotadas, estão o distanciamento físico, a sanitização e higienização, e o monitoramento das crianças.
Em relação às metodologias pedagógicas, entendemos que nossos alunos dominam e estão inseridos em uma verdadeira e contínua revolução tecnológica, na qual têm, literalmente, o mundo em suas mãos. Nesse sentido, mesclar o presencial e o virtual pode ser um importante recurso para garantir uma formação integral dos estudantes. Por isso, a partir deste ano letivo, eles terão acesso a um projeto inovador: o Ecossistema de Aprendizagem Inovador (Eai). O objetivo é promover uma série de iniciativas para fomentar a experimentação, a pesquisa e o protagonismo das crianças e jovens, além de trabalhar competências relacionadas a inovação, resiliência, comprometimento, autonomia, empatia, trabalho em grupo, entre outras.”
Daniele Passagli – Diretora-geral do Coleguium Rede de Ensino (MG)
“Na Fundação Educacional São Francisco Xavier, a segurança, o cuidado, a tecnologia e o sistema pedagógico caminham juntos. Para garantir a máxima segurança durante a pandemia, toda a estratégia da FESFX foi pensada com base nos três pilares do cuidado: o emocional, o sanitário e o pedagógico. A FESFX adaptou as salas de aula de suas unidades, de forma a transformá-las em ‘salas híbridas’, oferecendo a mesma qualidade educacional nos sistemas on-line ou presencial. Foram adquiridas lousas digitais touch screen de 80 polegadas, câmeras de alta definição, microfones, notebooks, sistemas de iluminação e sonorização, kits multimídias, câmeras de segurança, estruturado um estúdio de gravação, ampliada a infraestrutura de internet, além da implantação da plataforma Fala aí Saúde, que monitora o estado de saúde de alunos e professores. Assim, a Tecnologia Educacional promove integração de forma eficiente entre as atividades desenvolvidas em sala de aula, construindo o conhecimento de forma dinâmica e atrativa.
A solução implantada pela FESFX permite, por meio das câmeras instaladas, a visualização da sala e a interação entre alunos e professores, inclusive, os que estiverem em casa. Isso é essencial para garantir a qualidade do ensino remoto, principalmente nas atividades desenvolvidas na Educação Infantil. Além disso, a FESFX implantou os melhores protocolos de segurança contra a Covid-19, em parceria com a Fundação São Francisco Xavier e a Usiminas, como sinalização das unidades, testagem em massa para todos os alunos e colaboradores, disponibilização de EPIs, rotina planejada e espaços readaptados.”
Solange Liége dos Santos Prado – Superintendente da Fundação Educacional São Francisco Xavier (FESFX)
“O setor de educação deve ter uma atenção especial para a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), uma vez que lida com um grande volume de dados pessoais de crianças e adolescentes, grupo que tem proteção especial na Lei. No início do ano letivo, é comum que sejam solicitadas uma série de informações pessoais de alunos antigos e novos, que sejam renovados consentimentos para uso de imagem, além de outras atividades que passaram a ser mais comuns com a pandemia, como a inscrição de alunos em plataformas e aplicativos de apoio a aprendizagem.
As diversas mudanças que aconteceram na rotina escolar nos últimos meses têm levado as escolas a intensificar sua comunicação com alunos, pais e responsáveis, o que também deve ser motivo de atenção para que dados pessoais não sejam expostos desnecessariamente. A adequação a uma nova lei é sempre um desafio, mas que se torna especialmente maior nesse momento, tão particular, em que muitas adaptações têm sido feitas e nem todas as soluções adotadas serão permanentes. Assim, no que se refere à proteção de dados, o principal papel do gestor será desenvolver uma prática de governança de dados que seja feita para durar, ao mesmo tempo em que deve conseguir adaptá-la, com agilidade, às muitas novidades que surgem no setor diariamente.”
Cecilia Choeri – Advogada especialista em proteção de dados, sócia do escritório Chediak Advogados e professora do Centro de Pesquisa em Crimes Empresariais e Compliance (CPJM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
“Os protocolos de higiene e segurança precisam ser cumpridos, pela saúde dos professores, funcionários da escola, alunos e famílias. Então, eu diria que esse é um primeiro passo para garantir que a reabertura da escola será segura. Comunicar tudo isso claramente é super importante, ter cartazes, lembretes que podem ser lúdicos funcionam bem.
Em relação a metodologia, há muito o que se pensar. Não basta nomear o ensino híbrido se não houver ajustes reais, como capacitação dos professores para conduzir aulas dinâmicas, com conteúdo adequado à realidade virtual. Organizar os conteúdos e as habilidades a serem desenvolvidas pensando em como os alunos respondem a cada ambiente (virtual ou presencial), se valer de ferramentas variadas, conteúdos gravados e ao vivo, infográficos e quizzes podem contribuir para esse dinamismo. Nesse processo, comunicar constantemente aos pais e alunos o que está ocorrendo na escola, o por quê das mudanças, como vai funcionar esse ensino, também é crucial. E vale lembrar que os pais também estão trabalhando, os alunos sentem falta do espaço afetivo de troca da escola, então, criar ações que atendam essas rotinas, também é algo empático que a escola precisa levar em conta.”
Vívian Cristina Rio Stella – Doutora em Linguística pela Unicamp e professora da Faculdade Cásper Líbero e da UniAnchieta
“O provisionamento de retorno às aulas deve considerar duas estratégias, conforme os seguintes cenários: ensino remoto no 1º trimestre e/ou semestre de 2021 e ensino híbrido a partir do 2º trimestre de 2021. Independentemente do avanço ou não da Covid-19, precisamos inicialmente aplicar uma avaliação diagnóstica pautada nas habilidades da BNCC, a fim de diagnosticar as defasagens de aprendizagem decorrentes do ano letivo de 2020.
A partir disso, a escola deve fazer um desenho de aprendizagem utilizando metodologias ativas, como aula invertida e o uso da gamificação, para diminuir esses ‘gaps’ de aprendizagem (referentes ao ano passado) em paralelo com a jornada que se inicia em 2021. Será preciso também desenvolver novas metodologias de interação com aulas assíncronas e síncronas, interações em grupo e outros mecanismos que acelerem o aprendizado dos alunos de forma personalizada. Assim, destaca-se a possibilidade de uma trilha para alcançar os objetivos com conteúdo e habilidades previstas para o ano escolar de 2021.”
Bernard Caffé – CEO Jovens Gênios
“A quarentena fez com que muitas famílias perdessem suas rotinas e horários ao tentarem conciliar o home office e as aulas on-line das crianças. Além das tarefas domésticas, nosso sistema imune, que é a nossa defesa, sofre com tudo isso. Dormir e acordar tarde, comer fora de horário e de forma desbalanceada, nos deixa mais suscetíveis a doenças, impacto que sentiremos quando voltarmos a nos expor a ambientes coletivos, como nas aulas presenciais. Por isso, pode ser interessante passar por uma consulta com seu pediatra para avaliar todos esses aspectos e ver a necessidade de medidas mais individualizadas. Aliás, passar no pediatra e oftalmologista antes da volta às aulas é uma dica que as escolas dão todos os anos, com ou sem pandemia. Assim como estar com a carteirinha de vacinação em dia!
Crianças estão muito mais abertas às mudanças do que os adultos e possuem uma facilidade muito maior para se adaptarem a essa nova forma encontrada para poderem frequentar as aulas. Rapidamente aceitarão as novas regras, pois são elas que tornam possível o reencontro com amigos tão queridos e a brincadeira com outras crianças, trazendo de volta um pouco da antiga normalidade.
Cabe a nós, adultos, também nos conscientizarmos de que somente com o esforço coletivo e a preocupação com o próximo conseguiremos fazer da escola um ambiente seguro.”
Márcia Iwashita – Imunologista, pediatra, consultora da escola EDUQUE e da Casa Crescer