É um consenso nas escolas: o segundo semestre passa voando! Os meses são marcados pela pressão em todos os níveis da estrutura escolar – enquanto os coordenadores têm de apresentar resultados, os professores precisam dar conta do conteúdo e conduzir outras atividades, como feiras de ciências e provas de recuperação. Por sua vez, os alunos enfrentam os desafios de manter boas notas, recuperar as ruins, e, no caso do Ensino Médio, estudar para o vestibular.
O furacão que invade os colégios pode ser melhor administrado quando os domínios socioemocionais são colocados em prática. Para Tania Fontolan, diretora-geral do Programa Semente (metodologia que desenvolve a aprendizagem socioemocional em escolas brasileiras), a tomada de decisões responsáveis é essencial no planejamento. Assim, é válido aproveitar experiências de anos anteriores para reforçar o que deu certo e ajustar o que não funcionou.
“Parece óbvio, mas na ansiedade muitas pessoas se atrapalham na hora de planejar os próximos passos e utilizam pouco a boa experiência acumulada. Tomamos decisões melhores quando conseguimos considerar mais variáveis simultaneamente. Avaliar o que já vivemos é fundamental nesse processo”, ensina a educadora.
Após o planejamento, é hora de manter o foco e cumprir as metas. “Dificuldades e intercorrências acontecem. A palavra-chave é equilíbrio”, avalia Tania, que lembra a importância da resiliência para não desistir diante das dificuldades. “Por outro lado, às vezes é necessário reavaliar a situação para não insistir indefinidamente em estratégias que estão se mostrando inadequadas. Perseverança e teimosia são coisas diferentes”, adverte.
Para os alunos que irão prestar processos seletivos como o Enem e os vestibulares, é aconselhável que usem os meses que seguem para desenvolver estratégias para lidar com a pressão do momento. Técnicas de respiração podem ajudar no controle da ansiedade, por exemplo. “Assim, a preparação conceitual não será sobrepujada pelo desequilíbrio emocional.”
Em meio ao momento turbulento da reta final do ano letivo, colocar em prática o que já se aprendeu sobre as habilidades socioemocionais é um poderoso instrumento de auxílio no cumprimento dos compromissos. Isso serve tanto para o corpo docente quanto para os estudantes. Afinal, o equilíbrio emocional é competência essencial para todo ser humano.
Como facilitar a adaptação das crianças?
Após as férias de meio de ano, a primeira semana de aula desperta a ansiedade em todos os estudantes. Porém, quando o assunto é educação infantil, a expectativa e os problemas são intensos, inclusive por parte dos pais. Paula Neves Fava Bon, orientadora educacional da Educação Infantil e 1° ano do Ensino Fundamental do Colégio Franciscano Pio XII, instituição localizada em São Paulo, é necessário que a família esteja tranquila e confiante quanto à escolha que fizeram para que a criança se adapte melhor à escola. “Quando os pais vêm conhecer o Colégio, conversamos sobre isso, pois boa parte da insegurança das crianças vem deles”, explica.
Por isso, projetos que ajudem na adaptação infantil são essenciais para que pais e alunos criem um vínculo sólido e de transparência com a instituição. No Colégio Franciscano Pio XII, por exemplo, a primeira semana tem uma programação para facilitar ao máximo o acolhimento dos pequenos. Com alunos desde os dois anos de idade, o início das aulas conta com horários diferenciados, além dos pais poderem participar da adaptação ativamente. Segundo Paula, uma semana de adaptação costuma ser suficiente, mas é preciso respeitar o tempo de cada criança, sempre conversando com a família e também ouvindo o aluno.
De acordo com a orientadora, o mais importante nesse período é estabelecer uma relação de segurança com a criança e pais. “No Pio XII, eles podem ficar na escola na primeira semana, inclusive dentro da sala, se necessário. A criança fica tranquila quando pede pelos pais e os encontra, ao mesmo tempo em que eles podem acompanhar de perto todo o processo de adaptação”, explica.
Já na sala de aula, a palavra-chave é informalidade. “Nós trabalhamos bastante com música, o que ajuda na descontração das crianças, bem como as atividades lúdicas que incluem brinquedos, iPads, massa de modelar, bolinhas de sabão e uma série de outros recursos que não introduzam de cara a formalidade do papel”, afirma. “Todo esse processo pode ser acompanhado pela família por meio de nosso aplicativo, onde as professoras postam fotos em tempo real das atividades que as crianças estão fazendo. Isso tranquiliza e encanta”.
Mesmo com todos esses recursos, alguns pais costumam achar que o estranhamento das crianças acontece por serem muito novas para encarar a realidade escolar. Paula deixa claro que não existe uma idade certa para começar a frequentar a escola. “Essa é uma decisão a ser tomada pelos pais, mas acredito no trabalho desenvolvido desde o maternal (dois anos) como o início da alfabetização. Caso a família escolha não colocar o aluno desde pequeno, orientamos sobre a obrigatoriedade legal da entrada aos 4 anos na Educação Infantil, dois anos antes da entrada no Fundamental, para que possa ter um contato pedagógico, uma sociabilização com colegas e professores, além de se acostumar com o ambiente escolar e sua rotina”, completa.