O ano está chegando ao seu fim e com isso nos vem à mente as inevitáveis reflexões e promessas para o ano novo. Pesquisas indicam que, apesar de bem intencionadas, a maioria das promessas feitas acaba nem recebendo os primeiros passos e geralmente percebe-se mais um continuísmo do que um verdadeiro aproveitamento desta oportunidade de renovação que o ano novo nos traz.
Os motivos para isso são vários e vão desde a baixa autoestima, que fomenta um diálogo interno derrotista de “não vai dar certo”, passando por um certo ‘mimimi’ comodista do “vai dar trabalho”. Soma-se a isso uma visão terceirizada da vida: “as coisas vão se ajeitar sozinhas”, e percebemos facilmente que os atalhos do continuísmo são realmente tentadores ao cérebro humano.
Este órgão, que tem cerca de 1,5kg nos homens e 1,3kg nas mulheres, organiza todas as nossas funções vitais, consumindo cerca de 25% das nossas calorias diárias por meio do equacionamento das nossas mais de 100 trilhões de conexões nervosas. Um baita trabalho, não é mesmo? Decorre disso, do ponto de vista biológico, que mudar dá sim muito trabalho.
Charles Duhigg, em seu best-seller O PODER DO HÁBITO, mostra que é humana a tendência de manter as coisas como estão, mesmo que pagando um alto preço por isso. Mas, felizmente, é também humana a capacidade de mudar.
Michael Mahoney, um dos fundadores da Psicologia Cognitiva, aponta em sua notável obra O PROCESSO HUMANO DE MUDANÇA, que podemos mudar pela dor ou pelo amor. Em outras palavras, podemos mudar pelo bem ou pelo mal.
Os desafios contemporâneos que os professores enfrentam não encontram precedentes na História: da omissão das famílias à superproteção generalizada delas em relação aos filhos. Da intensa exposição às tecnologias (o brasileiro passa em média 4 horas por dia em frente às telas) a uma grande medicalização das crianças e jovens. Da cobrança cada vez maior por resultados e da falta de preparo para um novo tempo mental dos alunos.
Eis uma grande oportunidade de gestores e líderes bem preparados mostrarem seu papel no meio educacional. Basta de terceirização (“isso é culpa das gerações passadas, dos pais, do governo, do outro”). Basta de ironias e negações (“isso faz parte”; “hoje em dia é assim”; “não temos tempo para treinar nossos professores, custa caro”). Todas estas desculpas mostram o pouco valor que geralmente se dá a este que é o maior e mais determinante recurso de uma instituição escolar: o educador.
Há neste país, felizmente, casos de coordenadores, diretores e líderes escolares que estão se comprometendo com o alcance de resultados consistentes e capacitando continuadamente suas equipes. Equipe tem a ver com ‘equipamento’: deve ser equipada de recursos que a tornem forte, coesa, capaz.
Palestras com profissionais motivadores, rodas de conversa, leituras conjuntas de livros que possam inspirar boas práticas, formação de banco de acertos e de erros e sessões de filmes são exemplos de ações que levam a reflexões, assim como a criação de um blog com dicas de todos para todos, coach entre pares e mentoria, professores assistindo às aulas de seus colegas, entre outros. Tudo isso são formas de capacitação continuada. Muitas delas custam quase nada e valem muito.
Palavras não mudam o mundo. Ações, sim. O mundo contemporâneo nos pede a percepção de que a distância entre o que sonhamos e o que conquistamos depende em grande parte da nossa própria atitude.
E você? O que pode fazer, desde já, para ter o ano bom e feliz que deseja ter em 2018?