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A Família na Escola: a complexa tarefa de educar e criar filhos

A ausência de posicionamento dos pais quanto às necessidades e direitos [dos filhos] engendra dificuldade no processo de socialização da criança (…), pois passa a mensagem de que todas as pessoas estão disponíveis e dispostas para satisfazer suas vontades. A falta de percepção do outro, leva-a a não respeitar o espaço e o limite do outro, agir de forma inadequada, abusiva, controladora e dominadora. A criança pode se tornar tirana, em oposição aos pais escravos e submissos, estabelecendo uma relação de dominação.

Criar, educar filhos… Eis uma tarefa complexa que requer reflexões e revisões constantes do relacionamento para compreendermos o processo de crescimento do filho, que necessita do outro, do adulto. Não há manual que ensine como proceder, como agir, o que sentir etc. Ah! Seria tudo mais simples…

Além disso, as mudanças ocorridas no contexto sócio-econômico, mais especificamente, a crescente participação da mulher no mercado de trabalho, levaram a uma alteração na dinâmica das relações no lar, bem como na divisão de tarefas, consequentemente, modificando as funções desempenhadas por cada genitor. Quando se fala em família, a configuração imaginada envolve pai, mãe e filho(s), tratando-se, portanto, de família nuclear e deixa-se de lado a família extensa (avós, tios e demais parentes). Embora em algumas famílias, devido à ausência dos pais, os avós venham a se tornar figuras mais presentes e acabam exercendo funções de educador, em substituição aos progenitores.

Afora, as informações não claras e contraditórias veiculadas nos meios de comunicação, como revistas, jornais, televisão (esta uma influência poderosa, pois muitas pessoas têm acesso apenas a ela), livros etc., muitas vezes geram dúvidas e confusão nos pais. A difusão de teorias psicológicas de forma distorcida, tais como a premissa “não devo traumatizar a criança”, vem também contribuindo para desorientar e confundir este caldo de dúvidas e confusões já estabelecidas. Afirmações como – “os pais devem atender às necessidades dos filhos”, “devem dar mais atenção e carinho aos filhos”, “devem respeitar as particularidades e individualidades de cada um” – parecem ser tão óbvias que se ouvem reiteradamente e tornaram-se banais e estereotipadas. O que dizer, então, da contribuição da Lei da Palmada, criada recentemente, neste panorama de insegurança, dúvidas, preocupações e indefinições no agir dos pais e educadores?

Em tempos mais remotos, havia uma delimitação clara do “certo” e do “errado” bem como do que cabia a cada um dos progenitores. Continua no Leia Mais Bons pais criam filho (s) normal (is): O que é ser bom pai?

Por Elena Etsuko Shirahige


Elena Etsuko Shirahige
é Psicóloga clínica e educacional, Profª Drª pela FEUSP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), membro do Núcleo de Atendimento ao Dependente Química (NADeQ).
Mais informações: elena_shirahige@yahoo.com

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