“Toda enfermidade é intencional”. Com esta frase, o pai da Psicanálise, Sigmund Freud, quis dizer que, de uma forma ou de outra, as pessoas adquirem ganhos secundários quando manifestam alguma doença, principalmente quando a usam para chamar a atenção ou como forma de exteriorizar dificuldades emocionais. Isso acontece principalmente com crianças e adolescentes. As doenças psicossomáticas, ou seja, de fundo emocional, que hoje já atingem um terço da população mundial aparecem em qualquer pessoa, em qualquer idade e podem interferir na vida social e escolar das crianças e adolescentes.
Mas, o que são as doenças psicossomáticas? São manifestações orgânicas provocadas ou cujos sintomas podem ser agravados por problemas mentais ou emocionais. Seria uma transferência para o organismo, uma carga emocional decorrente de algum problema que está vivendo. Pode ser problemas em casa, com a família, na escola ou mesmo com amigos. Fato é, que a dificuldade em externar os problemas acaba dando uma sobrecarga ao organismo que acaba “explodindo” uma doença, como forma de denúncia de uma situação “às escuras”, escondida no inconsciente. Conflitos que não são resolvidos na mente são transferidos para o corpo. Por isso, devemos estar atentos aos sintomas e queixas de nossos filhos.
Cerca de 80% das doenças são de origem psicossomática. São doenças de foro psicológico com expressão física. Por exemplo: asma, eczemas, dores de cabeça, os problemas gástricos e abdominais, entre outros. Estudos comprovam que a relação negativa no seio da família contribui para que se instalem doenças psicossomáticas e defendem que quem é psiquicamente saudável e teve uma relação suficientemente boa com os pais, foi amado, tem menos propensão a desenvolver doenças .
Já na adolescência, os sintomas psicossomáticos frequentemente têm relação com o estágio de desenvolvimento. Na fase precoce (11 a 14 anos ), as mudanças do corpo, a definição de sexualidade são os principais fatores estressantes. Por isso, mais uma vez entra em cena a importância da família na contribuição positiva dos jovens adolescentes e seus conflitos. Respeitar o tempo deles é compreender. Deixá-los manifestar suas tendências de grupo é também apoiá-los. Aceitar as suas “manias” é amá-lo. Portanto, vamos apoiá-los com carinho.
O propósito deste meu artigo não é criar ansiedade no seio da família nem levar o leigo a procurar a clinicar os filhos. Longe disso! Relacionar um sintoma físico a um problema emocional requer cuidado, paciência e habilidade e competência especifica dos médicos. O que objetivo aqui, como sempre faço, é chamar todos os leitores amigos a uma reflexão de como nós, pais e educadores, somos importantes na vida de nossas crianças e adolescentes. Assim sendo, não canso de falar o quanto é importante estarmos atentos aos sinais de nossos filhos e alunos. Muitas vezes, estão nos tentando falar algo, utilizando suas múltiplas linguagens. O corpo é “um livro” onde escrevemos a nossa história e que pode ser lido facilmente.
Lembre-se sempre: Estamos juntos!
Referências:
1) Winnicott Dw. Natureza humana. Rio de janeiro. Ed. Imago, 1990.
2) Mello filho J. Concepção psicossomática. Rio de Janeiro. Ed. Visão atual, 1978.