Ao longo dos anos em que tenho atuado com educação financeira, pude acompanhar de perto o impacto que projetos estruturados podem gerar dentro das escolas. Sempre defendi que ensinar a lidar com o dinheiro é muito mais do que falar sobre finanças — é educar para a vida. Trata-se de formar cidadãos conscientes, responsáveis e preparados para realizar seus sonhos de maneira sustentável.
Tenho visto, em várias instituições de ensino pelo país, resultados que comprovam que a educação financeira, quando aplicada de forma planejada e contínua, transforma não apenas os alunos e suas famílias, mas também a própria gestão das escolas. A seguir, compartilho três exemplos que refletem bem essa transformação.
Magiarte: um propósito que nasce junto com a escola
O Colégio Magiarte, no Rio de Janeiro, é um caso que sempre me inspira. Desde a sua fundação, em 2016, a escola foi concebida com a educação financeira como parte essencial do seu propósito. Tudo ali foi pensado para promover o desenvolvimento integral dos alunos — emocional, social e financeiro.
As atividades realizadas, como feiras de trocas, hortas sustentáveis e projetos de solidariedade, fazem com que as crianças e adolescentes compreendam o verdadeiro valor do dinheiro e das relações humanas. O resultado é uma comunidade escolar unida, onde famílias, professores e alunos compartilham os mesmos valores.
Essa coerência entre propósito e prática fortaleceu a identidade da escola e consolidou sua imagem como uma instituição que educa para além dos conteúdos tradicionais. O Magiarte se tornou uma referência de que é possível unir propósito educacional e sustentabilidade institucional.
Colégio A Seara: equilíbrio entre propósito e gestão
Outro exemplo marcante vem do Colégio A Seara, em Natal (RN). Quando iniciamos o trabalho com a Metodologia DSOP, em 2019, a escola buscava uma forma de unir o desenvolvimento humano à sustentabilidade financeira. A decisão de incluir a educação financeira no currículo transformou toda a comunidade escolar.
Com o passar do tempo, percebi como o aprendizado sobre planejamento e consumo consciente impactou não apenas os alunos, mas também as famílias, que passaram a lidar melhor com o dinheiro e a tomar decisões mais equilibradas. Essa mudança refletiu diretamente na gestão: houve uma redução significativa da inadimplência e um aumento na participação das famílias nas atividades escolares.
Além disso, os professores e colaboradores também se envolveram, aplicando os conceitos de educação financeira em suas vidas. Isso criou um ambiente mais harmônico, comprometido e colaborativo, mostrando que a educação financeira não é um tema isolado, mas um movimento de transformação coletiva.
Colégio Dimensão: protagonismo e engajamento que inspiram
Em Votorantim (SP), o Colégio Dimensão mostrou, de forma muito concreta, como a educação financeira pode despertar o protagonismo dos alunos e fortalecer a imagem da instituição.
Com a aplicação da metodologia DSOP, os estudantes passaram a desenvolver projetos que unem empreendedorismo e responsabilidade social. Um dos mais marcantes é a feira “Pequenos empreendedores, grandes pais”, em que os alunos criam e executam seus próprios negócios, aprendendo na prática o valor do trabalho, do planejamento e da colaboração.
Esse tipo de vivência gera entusiasmo e engajamento, tanto nos alunos quanto nas famílias. O Dimensão conseguiu, assim, algo que considero fundamental: transformar o aprendizado em experiência e fazer da escola um espaço onde o conhecimento se traduz em atitudes para a vida.
A verdadeira transformação que começa dentro da escola
Essas experiências reforçam minha convicção de que a educação financeira deve ser vista como um eixo estratégico da educação, e não apenas como um tema complementar. Quando trabalhada de forma estruturada, ela fortalece vínculos, melhora a gestão, aumenta a sustentabilidade e eleva a credibilidade das instituições.
A escola que educa financeiramente forma cidadãos mais conscientes e preparados para sonhar e realizar. E, ao mesmo tempo, torna-se mais sólida, coerente e capaz de crescer com propósito. É isso que tenho testemunhado ao longo da minha jornada — a educação financeira transformando vidas, famílias e instituições, começando sempre por onde toda transformação deve começar: pela educação.
