Há alguns anos, quando a minha filha ainda estava no colegial, em uma dessas conversas corriqueiras, perguntei para a ela como tinha sido a aula naquela manhã e, enquanto ela falava, podia ver seus olhos brilhando com o mesmo entusiasmo que embalava a sua fala. Não percebi nenhuma atividade fora do normal em tudo o que ela me contava e fiquei ainda mais intrigado com a animação daquelas poucas e simples palavras.
Então, curioso, perguntei a ela o que tinha sido tão especial para estar naquele entusiasmo todo e sua resposta foi mais intrigante ainda: “Nada pai, é que hoje foi o dia de termos aula com a professora mais legal do colégio.” E então perguntei o que essa professora fazia de tão bacana para ganhar esse título e, ao contrário de tudo o que pensei, a sua resposta foi mais simples ainda: “Ah pai, não sei… Ela é uma das únicas que em todas as manhãs nos fala bom dia e nos pergunta como estamos. Ela é uma das únicas que realmente conversa com a gente com o mesmo interesse em que passa a matéria”.
Neste exato momento, valorizei ainda mais a importância de se relacionar com o outro e pude perceber o quanto a qualidade da convivência pode influenciar e até transformar o dia, a semana ou a vida de alguém. Essa é a arte do conviver e aprender! Educamos e somos educados, ensinamos e aprendemos, influenciamos e também somos influenciados. Essas ações se dão por meio de falas, gestos, atitudes e da comunicação, seja verbal ou não verbal, intencional ou involuntária.
Como educadores, nos perguntamos quais as possibilidades de transmitir essa arte e desenvolver as dimensões fundamentais do indivíduo e do cidadão, no contexto familiar, escolar e social. Claro que o tema é complexo, mas temos alguns elementos importantes de reflexão quando pensamos em fortalecer o caminho do conhecimento, da convivência e da aprendizagem.
É importante pensar em um contexto educativo que possa misturar os aprendizados cognitivos e relacionais, além de ressaltar a centralidade da pessoa, no sentido de promover o desenvolvimento da valorização do ser humano por meio de um percurso de respeito à pessoa, à sua individualidade, cultura, etnia e às suas relações familiares e sociais. Assim, são fortalecidos os vínculos de solidariedade e a cooperação.
Estimular o respeito ao outro e a consciência de que pessoas diferentes podem caminhar juntas em um caminho brilhante, também é uma ação valiosa. Desta forma, promove-se o intercâmbio de ideias, a realização do trabalho em equipe e a valorização dos relacionamentos interpessoais e dos valores humanos.
A arte do conviver e aprender depende do comprometimento pessoal com a valorização da vida e do viver, orientada por princípios, valores, e posturas que reconheçam a nossa responsabilidade na criação da realidade, compreensão e entendimento de nós e do mundo, por meio das nossas crenças, paradigmas, opiniões e ações. Ao assumir esse compromisso, novas maneiras de encarar o mundo virão como consequência, refletindo em um pensamento mais flexível, criativo e inovador, que nos leva à realização pessoal e à possibilidade de sermos fiéis ao nosso potencial, qualidades e objetivos.
Quando compreendemos e aplicamos essa preciosa arte no dia a dia educacional, assumimos um novo paradigma, que nos permite exercer verdadeiramente a missão de ser um mestre de referência e excelência na educação!
Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional, conferencista nacional e internacional e especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança aplicadas à Administração e Educação. Mestre em neuropsicologia, Eduardo é presidente do Instituto Eduardo Shinyashiki e também escritor e autor de importantes livros como “Transforme seus Sonhos em Vida”, sua publicação mais recente. www.edushin.com.br.