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As instituições são as pessoas

 

Imaginem uma instituição de qualquer natureza sem as pessoas. Seria isso possível? Qual seria o significado? Como ficariam as relações? Vários questionamentos poderiam ser levantados, mas, certamente, não encontraríamos a melhor resposta.

 

As instituições em si não têm vida própria, não tomam decisões, não resolvem problemas, não compartilham nenhum conhecimento, não têm poder de ação. As instituições são as pessoas.

 

Vamos nos centrar nas instituições de ensino, que são o foco de minhas reflexões. Partirei de algumas pesquisas que serviram de motivação para salientar a responsabilidade que nós, educadores, temos com as crianças e os jovens que passam por nós. Como encaminhá-los para enfrentar as necessidades do mundo contemporâneo, globalizado, com avanços tecnológicos, de forma que possam ser autônomos intelectualmente e aptos a participar ativamente da sociedade sem perder de vista princípios e valores?

 

Linda Darling-Hammond – Universidade de Stanford

“No futuro, os alunos irão trabalhar com o conhecimento que ainda não foi inventado, para resolver problemas que mal podemos vislumbrar, usando tecnologias que ainda não existem.”

Frente a isso, os estudantes precisam:

 

PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (sigla em inglês)

Em sua última edição (2012), o PISAavaliou mais as habilidades cognitivas dos estudantes do que o conhecimento de conteúdo matemático – disciplina proposta na  avaliação. Os estudantes brasileiros marcaram 428 pontos, enquanto a média dos países participantes foi de 500. Para essa avaliação, é importante que os estudantes sejam capazes de dominar um conjunto de conhecimentos, transferi-los para situações do cotidiano e demonstrar habilidades que vão além das competências cognitivas.

 

Documento do Ministério da Educação de Cingapura (2010)

O país do Sudeste Asiático foi o segundo colocado no PISA 2012, em Matemática. Para se ter uma ideia do abismo que nos separa dos cingapurenses, vale ressaltar que o Brasil ficou apenas com a 58a colocação, dentre os 65 países participantes da avaliação.

 

Um documento do Ministério da Educação de Cingapura define os seguintes parâmetros para a Educação, orientando cada criança do país a se tornar:

 

“Uma pessoa confiante que tem um forte senso de certo e errado, é adaptável e resiliente, se conhece, é criteriosa no julgamento, pensa independentemente e de maneira crítica e se comunica de maneira eficaz.

Um aprendiz autodirigido que questiona, reflete, persevera e se responsabiliza por seu próprio aprendizado.

Um contribuinte ativo que consegue trabalhar eficientemente em equipe, é inovador, exercita a iniciativa, se arrisca de maneira calculada e busca a excelência.

Um cidadão preocupado que está enraizado em Cingapura, tem um forte senso de responsabilidade cívica, tem informações de Cingapura e do mundo e participa ativamente da melhoria das vidas de outros ao seu redor.”

 

O documento segue:

“Conhecimento e habilidades devem ser corroborados por valores. Valores definem o caráter de uma pessoa. Eles modelam as crenças, atitudes e ações de uma pessoa e, portanto, formam o núcleo da estrutura das competências do século 21.

Competências Social e Emocional são habilidades necessárias para as crianças reconhecerem e administrarem suas emoções, desenvolverem cuidado e preocupação pelos outros, tomarem decisões responsáveis, estabelecerem relacionamentos positivos, assim como lidarem com situações desafiadoras de modo efetivo”.

 

O sucesso acadêmico, profissional e pessoal é, em grande parte, determinado pelo conhecimento e pela sua aplicação. O Currículo, portanto, deve voltar-se para o cidadão. Assim, não deve ser entendido como um rol de matérias ou disciplinas, mas, em um sentido dinâmico, deve levar em consideração toda a ação educativa do Colégio. Esta ação educativa envolve o conjunto das decisões e ações que dão sentido a uma orientação que desenvolva competências cognitivas e socioemocionais, ou seja, reúne uma série de habilidades que se desenvolvem ao longo da vida, como extroversão, raciocínio crítico, autonomia e estabilidade emocional.

 

Aprender implica construir diferentes sentidos, novas proposições e ideias a partir daquilo que já se sabe, para relacionar tudo isso aoutras ideias, outros conceitos ou outras proposições relevantes.

 

A elevação dos padrões de ensino e o ato de propiciar formação continuada deve ser um hábito nas instituições. Família, escola e sociedade precisam trabalhar de mãos dadas para fortalecer nossos jovens academicamente e em valores morais e éticos. Vamos formar nossos jovens para que as instituições sejam as que ansiamos e, consequentemente, tenhamos o País que queremos. “Brasil, Pátria Educadora”!

 
Suely Nercessian Corradini é diretora pedagógica do Colégio Vital Brazil, na zona Oeste de São Paulo. Possui graduação em Letras e em Pedagogia, mestrado em Educação, Arte e História da Cultura e doutorado em Educação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, com o tema “Indicadores de qualidade em educação: um estudo a partir do PISA e da TALIS”.

Mais informações: www.vitalbrazilsp.com.br

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