A Educação é um dos mistérios mais instigantes do universo. Em sua etimologia, a palavra educação significa ação de criar, de nutrir, de cultivar.
E como usamos todos estes significados incansavelmente, não é mesmo?
Criamos todos os dias uma forma melhor, uma maneira mais assertiva, um outro jeito de apresentarmos uma mesma ideia.
Criamos inúmeras expectativas em relação ao desenvolvimento de nossos alunos, em relação a compreensão das famílias e, principalmente, em relação a nós mesmos, pela profundidade de nossa responsabilidade no fazer educacional.
Criamos planos estratégicos, planos de aula e planos de vida.
E como se não bastasse, hoje, recriamos, porque o mundo precisa de nós. De nossa força criadora, inventiva e investigativa.
Nos reinventamos para novas formas de aprender e ensinar e, quem não se adaptar às mudanças, em um curto espaço de tempo estará obsoleto, fora do mercado, já que a adaptação não é mais uma questão de flexibilidade, é uma questão de sobrevivência.
Nutrimos, sim, o tempo todo, porque alimentamos a alma, o espírito e tudo o que envolve a complexidade do ser humano divino, repleto de ciência e conhecimento.
Exigimos sermos saciados e embebidos de cultura e saber. Quanto mais somos preenchidos, mais insaciáveis nos tornamos, buscando o acalento em novos cursos, novas metodologias e novas ferramentas que levarão o tão sonhado pão nosso de cada dia nas mesas da sabedoria de cada lar que permita nossa humilde invasão.
E enquanto pensamos que nutrimos, nos surpreendemos – na verdade, nós somos nutridos. É este mistério que nos nutre, nos envolve e nos alimenta para continuarmos. Somos seres estranhos, alimentados pela saciedade alheia. Que bom! Que nobre! Que sentimento mais louvável de amor e afeto por nossa missão de educar.
Mas não paramos por aí, porque também além de criar e nutrir… cultivamos!
Cultivamos hábitos saudáveis, o interesse pelas disciplinas, o prazer pela leitura, por desvendar os mistérios da química e da física. Cultivamos as relações interpessoais, cultivamos o saber em sua mais pura essência. Cultivamos a semente da esperança em cada aluno que guiamos ao longo de nossa trajetória.
Cultivamos as famílias que nos chegam aflitas e inseguras esperando uma receita para esta jornada ser o mais bem-sucedida possível. Cultivamos o amor, o compartilhamento e enfrentamos bravamente todas as incertezas que nos acomete.
Somos super-heróis em busca de uma capa de invisibilidade para termos nossos próprios momentos, mesmo que seja por alguns segundos.
Mas se somos seres tão especiais, por que nos paira a incerteza? As aflições e as angústias de um tempo que sabemos que vai passar.
Temos tanta tecnologia, inteligência artificial, recursos infinitos, pensadores consagrados, filósofos renomados, materiais de apoio e, mesmo assim, a educação ainda é o maior mistério da humanidade.
Ela não tem receita na internet, porque funciona de maneira particular, respeitando nossa individualidade. Ela possui variáveis infinitas em relação ao tempo, ao espaço, as condições e aos privilégios. Ela é para todos e ao mesmo tempo para alguns.
Ela está em todos os espaços e cantos, aqui ou acolá, pronta para desabrochar.
Ela é o remédio ou o veneno – dependendo da forma que você a usar.
A única certeza que temos é que nada será como antes, e que bom, já era tempo de mudar.