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ChatGPT: Implicações ou contribuições?

Lançado em novembro último, o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI (empresa fundada em 2015 nos EUA), se tornou de forma veloz um fenômeno na internet. Disponível em quase 100 idiomas, o sistema de Inteligência Artificial alcançou a marca de 1 milhão de usuários cinco dias após o seu lançamento. E segundo dados analisados pela Similar Web, em janeiro último a plataforma registrou 100 milhões de usuários ativos, tornando-se, assim, o aplicativo com crescimento mais rápido da história.

O chatbot, disponível em versão gratuita e paga, funciona como um sistema de chat, ou seja, o usuário digita alguma pergunta e logo após uma busca em sua base de dados (ainda limitada) o sistema elabora respostas ao questionamento do usuário. Há um potencial notório nesse chatbot, porém, há alguns pontos de reflexão que devem ser debatidos. As respostas elaboradas pelo ChatGPT apresentam falhas, e a própria OpenAI advertiu que “a plataforma pode ocasionalmente gerar informações incorretas ou enganosas” nessa etapa inicial de “teste e pesquisa”. Para além desses erros, sua utilização ascende problemáticas legais, éticas e de segurança.

Fabrício Garcia, sócio-fundador de uma plataforma de gestão de avaliações de estudantes, argumenta que, especificamente sobre a área educacional, ainda não há estudos, protocolos ou pesquisas que possam afirmar de maneira efetiva que o uso do ChatGPT em sala de aula – ou em outro procedimento de aprendizado – traga algum benefício para os estudantes. “Até porque quando falamos de inteligência artificial, por definição, estamos falando em processamento de informações da inteligência externa e não da inteligência humana. Então, ela se contrapõe um pouco ao objetivo educacional que é treinar mentes humanas”, diz.

De acordo com Garcia, a utilização das tecnologias pode acarretar benefícios e/ou preocupações em relação ao processo educacional. Dessa forma, a aplicação de novas tecnologias deve ser inserida respeitando as boas práticas pedagógicas. “Em contrapartida, o mau uso delas pode gerar problemas sérios de cunho pedagógico e até de aprendizado dos estudantes. Acredito muito que o ChatGPT e outras ferramentas como essa ajudarão demais os professores em suas atividades corriqueiras, mas o uso no processo de ensino-aprendizagem é bastante limitado – pelo menos no momento –, com as ferramentas e com os estudos que temos sobre essas tecnologias sendo aplicadas à educação”, reflete.

Apesar de notória evolução da Inteligência Artificial, os recursos de sua ferramenta suscitam debates que envolvem segurança, transparência em relação a sua utilização, ética e os direitos autorais das informações. “É muito séria a questão jurídica envolvendo os direitos autorais e o referenciamento de informações, já que essas ferramentas sintetizam processos e informações que, em muitos casos, contêm direitos intelectuais de outras pessoas, pessoas físicas”, reforça Garcia. Sobre a regulação da Inteligência Artificial no Brasil, entre março e dezembro de 2022 foi produzida uma proposta por uma comissão de juristas. O documento, com cerca de 900 páginas, foi encaminhado ao Senado Federal a fim de discutir a regulamentação da Inteligência Artificial no país. (RP)

 

Saiba mais:
Fabrício Garcia – fabriciomgarcia@gmail.com

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