Por Cesar Silva
Com a proximidade do início da implantação da Reforma do Ensino Médio, já no próximo ano, começam a ser construídas barreiras corporativistas, decorrentes da preocupação com a perda de certas condições estabelecidas, como atribuições de aulas e preservação de um currículo fixo.
Além dos elevados índices de evasão e reprovação do Ensino Médio, outros dados comprovam a falência do modelo atual, caso dos que comparam os conhecimentos dos estudantes brasileiros com os de outros países. Os principais vêm do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que mede o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de Leitura, Matemática e Ciências.
O exame é realizado a cada três anos pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Convidado pela terceira vez consecutiva, o Brasil ficou em 63º lugar em Ciências, 59º em leitura e 66º em Matemática, entre 70 países. Os jovens de elite (25% mais ricos do Brasil) apresentam resultado inferior aos 25% mais pobres da OCDE.
Fator importante que surge com a reforma é a terminalidade efetiva que propicia empregabilidade para os estudantes do Ensino Médio, que é, para a grande maioria, a última etapa da educação formal. Apenas 11,6% da população brasileira concluem o Ensino Superior a cada ano. Segundo o Censo da Educação de 2016, há somente 8 milhões de brasileiros no Ensino Médio. Para o ENEM de 2017, houve 7,6 milhões de inscritos, dos quais apenas 2,2 milhões ingressaram no ensino superior.
Dos 8 milhões de jovens matriculados no Ensino Médio, 1 milhão estão em escolas privadas. Destes, 80% se matriculam no Ensino Superior. Já entre os 7 milhões que frequentam a rede pública, apenas 20% chegam à universidade. Há a dificuldade em identificar a graduação como meio de se aproximar do mercado de trabalho, pois a educação formal mantém distantes “saber” e “fazer”.
As opções de trajetórias formativas previstas pela reforma do Ensino Médio trazem a opção de estimular os estudantes a buscar uma continuidade no desenvolvimento de saberes adequados. Para os milhões de brasileiros que concluem o Ensino Médio a cada ano e que não escolhem a graduação, a opção pela Educação Profissional ainda na formação integrada ao Ensino Médio é a garantia de se tornar capaz de produzir e gerar renda na vida adulta.
Cesar Silva é presidente da Fundação FAT