Matéria publicada na edição 109 | Junho-Julho 2015- ver na edição online
As oficinas pedagógicas são comprovadamente ferramentas que auxiliam muito o aprendizado das crianças, fazendo com que elas vivenciem experiências relacionadas aos conteúdos que estão sendo trabalhados na escola. Em relação à educação financeira, essas ferramentas de ensino são ainda mais imprescindíveis por ser o tema relacionado ao cotidiano de todos, até mesmo das crianças.
Muitos questionam que não é adequado expor as crianças ao dinheiro tão cedo; nesse ponto, é importante explicar a experiência que estamos tendo nas escolas em que inserimos o assunto. Essas crianças do Ensino Básico e do Fundamental I não só aprendem sobre finanças como também participam ativamen- te de oficinas que levam a elas a vivenciar mais intensamente o tema.
Essas oficinas são ações lúdicas, que envolvem ativamente o senso artístico das crianças e também consolidam os conceitos passados de forma teórica anteriormente. Exemplo que cito é a elaboração de cofrinhos por meio de garrafas PET; assim, as crianças aprendem arte e conceitos de reciclagem e montam uma peça que faz parte dos livros que utilizam na sala de aula.
O prosseguimento dessas ações podem complementar ainda mais a solidificação dos conceitos existentes nas aulas, pois os alunos utilizam esse cofrinho para poder poupar as moedas que sobram no lanche ou que passam por suas mãos diariamente e que, na maioria das vezes, são desperdiçadas nas compras de guloseimas ou coisas supérfluas. Só que essas moedas não são poupadas só por poupar, elas possuem um objetivo maior, que é um sonho material que a criança tem e que, ao final de um prazo pré-estabelecido, será realizado.
Mas esse é apenas um exemplo de como podem ser utilizadas oficinas pedagógicas na educação financeira. Várias outras formas podem ser utilizadas, como é o caso da árvore dos sonhos, com a qual se aprende a diferenciar os sonhos matérias dos sonhos não materiais, dentre outras Enfim, a utilização de oficinas é fundamental em relação a esse tema que é muito delicado, e a preocupação deve ser grande, pois é nessa fase que consolidamos muito a socialização da criança e das características que levarão por toda vida. Assim, o estabelecimento dessa vivência desde cedo, faz com que os impactos sejam muito menores no futuro.
Infelizmente, por falta desses conceitos, nossos jovens são jogados praticamente para “os leões”, quando começam a receber os seus primeiros ganhos e também se tornam alvos diretos do marketing e das ferramentas de crédito. O resultado são milhares de endividados, pode parecer drástico, mas, para muitos jovens, o endividamento vem sendo praticamente parte do rito de passa- gem para a vida adulta e o apren- dizado tem que ocorrer pelos erros.
Temos que ter em mente que é possível reverter essa situação, mas, para tanto, o início deve ser o mais cedo possível, lógico que respeitando as limitações da idade; assim, as oficinas pedagógicas de educação financeira são definitivamente fundamentais.
Reinaldo Domingos, educador financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Presidente da Abefin (Associação Brasileira dos Educadores Financeiros), autor dos livros Terapia Financeira, Eu Mereço Ter Dinheiro, Livre-se das Dívidas, Ter Dinheiro Não Tem Segredo, das coleções infantis O Menino do Dinheiro e O Menino e o Dinheiro, além da coleção didática de educação financeira para o Ensino Básico, adotada em diversas escolas do país.