Todo mundo ama dizer que o professor é o coração da escola. Bonito, né? Mas coração também cansa. Coração sobrecarregado dá pane. E é aí que entra você, gestor.
Se existe um dia no ano em que a escola precisa parar para olhar, reconhecer e valorizar quem carrega o piano todos os dias, esse dia é 15 de outubro. Mas sejamos francos: motivar professor não é só entregar uma caneca com a frase “melhor prof. do mundo” ou fazer um café da manhã. Isso é mimo. E mimo é bom, mas motivação vai muito além.
Professor motivado sente que sua voz é ouvida. Que sua formação é prioridade. Que seu tempo é respeitado. Que seu trabalho impacta e que alguém enxerga isso. Motivação real vem quando a gestão é parceira, quando há diálogo, escuta ativa e reconhecimento cotidiano, não apenas no dia 15/10. Vem quando há propósito, e esse propósito é compartilhado.
Neste Dia dos Professores, pergunte-se: o que minha equipe sente ao entrar na escola? Eles se sentem parte de algo maior ou apenas mais um número no quadro de horários?
A melhor homenagem não está no discurso. Está nas ações. Está em reduzir reuniões inúteis, dar espaço para inovação, confiar no olhar pedagógico de quem está na ponta. Está em lembrar que professores não são máquinas de entregar conteúdo, são gente que transforma outras “gentes”. E que ninguém motiva o outro se está desmotivado por dentro.
Neste 15 de outubro, celebre. Mas, acima de tudo, transforme. Porque motivar o professor não é tarefa do RH. É compromisso da liderança.
Os principais motivos do “apagão de professores” que vivemos atualmente são: sobrecarga, desvalorização e relacionamento com as famílias. Logo, a gestão precisa pensar em como melhorar essas questões. Algumas dicas práticas:
- Chamar as famílias para reuniões, encontros e eventos que as façam sentir parte da escola e da educação dos filhos. Quantos encontros realmente produtivos você promoveu na sua escola este ano que trouxeram resultado real?
- Formação continuada e motivadora: contrate profissionais capacitados e minimamente interessantes. Nada de “santo de casa”. Reuniões com a própria gestão podem e devem acontecer, mas ver gente nova e com novas ideias é ESSENCIAL para a motivação do time. Inclusive, essas pessoas podem motivar até você mesmo, gestor, se forem especialistas no assunto.
- Valorização financeira por meio de prêmios mensais, semestrais e anuais que observem assiduidade, comprometimento e outras qualidades. Reconhecer os bons é essencial!
- Tenha programas de benefícios que incluam saúde mental e física.
- Elogios, presença e escuta sempre. Quem se sente verdadeiramente ouvido é mais pertencente e tem mais chances de “vestir a camisa”.
Infelizmente, muitos gestores ainda encaram tudo isso como gasto. Mas, quando é bem feito, se torna investimento com retorno real, não só financeiro, mas de tempo economizado, redução de turnover, melhora da imagem da escola, entre tantos outros aspectos essenciais para um bom ambiente.
Existem diretores que pensam que treinar e capacitar uma equipe que talvez saia da escola em breve é gastar dinheiro à toa. Ledo engano. A falta desta formação é justamente um dos principais motivos para as pessoas não ficarem! Quem não conhece a cultura da empresa dificilmente se identifica e se sente pertencente à instituição.
O professor que se sente valorizado não apenas melhora seu desempenho, mas também se torna um agente multiplicador de boas práticas, motivando colegas e fortalecendo a cultura escolar. Esse é o tipo de ciclo positivo que toda liderança deveria buscar criar e manter.
Lembre-se: professores não são apenas parte da equipe, são a essência viva da escola. E se essa essência se apaga, não há estrutura, tecnologia ou marketing que sustente a qualidade do ensino. Valorizar é preservar o presente e o futuro da educação.