Matéria publicada na edição 46 | Março 2009 – ver na matéria online
Qualidade e segurança no cuidado com bebês.
Por Rosali Figueiredo
A atenção com a alimentação, a higiene e a saúde é obrigatória quando o assunto é o trato com os bebês. Entretanto, cada momento com a criança, como a hora da frutinha ou a troca de fraldas, exige um profissional preparado não apenas para o cuidado básico em si, mas para entender suas particularidades e trabalhar a estimulação. “O movimento, a brincadeira, a linguagem e o pensamento deverão ser a base educacional de qualquer planejamento para o berçário”, afirma Divani Aparecida Albuquerque Nunes, pedagoga pós-graduada pela USP.
Divani coordena atualmente o Grupo de Apoio Pedagógico da Prefeitura de Taboão da Serra (SP) e irá ministrar no final de março uma oficina prática de berçários no SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo). Segundo ela, os berçários devem “estabelecer uma rotina com o profissional onde o cuidar e o educar sejam objeto de estudos entre as educadoras”. Também a psicóloga Silvana Mincovski Ussami, da Escola e Berçário Fazendo Arte, no Jardim da Saúde, defende que o aspecto educacional e do desenvolvimento seja o pano de fundo deste trabalho, o que demanda um treinamento constante dos profissionais.
Na verdade, ressalta Silvana, este preparo começa no próprio processo de seleção, que precisa buscar o perfil apropriado para a função. “O educador não pode ser rígido, deve ter flexibilidade, porque a criança é instável, está em formação, portanto, há circunstâncias novas a cada dia.” Por isso, ele deve ser “uma pessoa bem-humorada, alegre, acolhedora, sociável, lúdica e brincalhona”, diz. Mas, ao mesmo tempo, precisa ser calma e tranqüila.
A enfermeira Mary Kazumi Ikeda Monomi, pós-graduada em nível de mestrado na área e gerente de Enfermagem nas Unidades Pediátricas e Obstétricas do Hospital São Paulo, lembra que a faixa etária atendida pelos berçários (em geral dos 4 meses de vida a pouco mais de um ano) é “muito delicada, porque de adaptação da criança”. Em termos de alimentação, por exemplo, é importante dar atenção à posição de costume do bebê, aos seus horários habituais, ao gosto e ao ritmo alimentar em termos de deglutição e respiração. “É fundamental a interação do profissional com o bebê, porque cada criança está acostumada com uma maneira de ser alimentada.”
Quanto à higiene, a enfermeira afirma que o cuidador deve estar preparado para realizar movimentos suaves e não bruscos, “explicando à criança o que vai acontecer, esperando que se ajeite numa posição confortável, realizando tudo de maneira pausada e observando-a sempre de frente, atento à sua cor, à atividade, à respiração e às suas reações”, explica Mary.
Para que a família esteja segura quanto à qualificação dos educadores, a pedagoga Divani Nunes sugere aos pais “solicitar o planejamento proposto no ano pelo berçário e observar o desenvolvimento da criança, bem como se o profissional é uma pessoa calma, tranqüila e atenciosa”. “O bebê tem que ser feliz”, destaca a pedagoga.
O SIEEESP recomenda que os profissionais sejam professores formados e com qualificação de berçarista, afirma Marlene Schneider, chefe do Departamento Pedagógico do Sindicato. Segundo a Deliberação 53/2005 do Conselho Estadual de Educação, as escolas de Educação Infantil, nas quais se incluem os berçários, devem ter profissionais habilitados no Ensino Superior (curso Normal Superior ou Pedagogia), no Magistério ou Curso Normal de nível médio. Já a Indicação 04/1999 do mesmo órgão aconselha às escolas manter um professor responsável para cada seis crianças no máximo, em grupos com faixa etária até um ano. Segundo esta indicação, as escolas podem recorrer a profissionais auxiliares.