Matéria publicada na edição 101 | Setembro 2014 – ver na edição online
Aula Prática: Uso do laboratório de Química como ferramenta pedagógica
Por Rafael Pinheiro
Atualmente, o processo metodológico utilizado na educação de base (e, futuramente, no ensino médio) baseia-se principalmente em aulas teóricas nas salas de aula. Dentro da relação ensino-aprendizagem, existem certos atributos relevantes para o conhecimento que ultrapassa o quadro negro, as carteiras e as teorias: a experimentação.
Os alunos costumam atribuir à experimentação um caráter motivador, lúdico, essencialmente vinculado aos sentidos, como também aprofundamento do conhecimento pela prática. Por outro lado, não é incomum ouvir de professores que a experimentação aumenta a capacidade de aprendizado, pois funciona como meio de envolver o aluno nos temas de pauta.
A Química, por exemplo, é uma área da ciência vista como uma disciplina que apresenta bastante dificuldade de aprendizagem do ponto de vista dos alunos. É, portanto, uma disciplina que não desperta o interesse das pessoas pela falta de compreensão devido à complexidade dos assuntos. Desse modo, torna-se necessário uma alternativa que contribua com a situação atual na educação. A utilização de laboratórios químicos especializados, que ofereça materiais, equipamentos e segurança, consegue contribuir de maneira qualitativa para o desenvolvimento do conhecimento através de aulas práticas.
Paulo Guilherme Campos, professor de Química do Colégio Vital Brazil, localizado na região oeste da capital, acredita que “as atividades promovidas no laboratório de Química são fundamentais para alcançar os três pilares propostos: Ver para crer, curiosidade e trabalho em grupo. O adolescente do século XXI necessita ser mais estimulado a ver, tocar, ou seja, trabalhar em laboratório transporta o aluno da realidade virtual em que vive para a realidade palpável, daí a necessidade desta forma de trabalho”.
A curiosidade, citada pelo professor, pode ser despertada a partir de propostas pedagógicas bem elaboradas e claras para que o aluno, efetiva e espontaneamente, se envolva com a proposta. O excesso de informações de todas as mídias modernas chega como uma avalanche, portanto nem sempre se constituem em algo construtivo. Então, a importância do trabalho do professor na proposta de atividades, que embora estejam conectadas com a realidade não são virtuais, mas sim palpáveis, consegue captar e difundir elementos instigantes. “Atualmente é comum, em qualquer ambiente, pessoas utilizando celulares e computadores para acessar as redes sociais. Essa atitude faz com que as pessoas deixem de se relacionar diretamente, portanto aparecem os individualismos. Cabe ao professor no laboratório de Química estimular o trabalho em grupos de tal forma que ele, o trabalho, também se configure como vivência”, afirma Campos.
A experiência obtida através das aulas práticas garante um retorno positivo. O ensino de química deve colaborar para uma visão mais abrangente do conhecimento, demonstrando, na sala de aula, ensinamentos que sejam relevantes e possam interagir no cotidiano do aluno. Os alunos, compreendendo isso desde cedo, descobrem que estudar essa disciplina pode ser fácil e divertido, principalmente quando esse ensino é feito de forma prática e atraente.
A Química é uma ciência experimental e, suas aulas práticas em laboratório são de suma importância, principalmente pela aproximação dos alunos com a disciplina. “O dia no laboratório não começa no próprio laboratório, mas sim na preparação dos alunos em sala de aula para atividade que irão realizar. Chegando ao laboratório os alunos se mostram interessados e curiosos em tornar concreta a teoria apreendida. Afinal, a ciência somente poderá se desenvolver através da curiosidade”, diz Campos. A abordagem metodológica acontece de duas formas no colégio: alguns experimentos são realizados sem que os alunos conheçam os conceitos teóricos; outros, após o estudo da teoria. “Então, ora a teoria antecipa a prática, ora a prática apresenta a teoria”, ressalta o professor de Química do Colégio Vital Brazil.
Criar um laboratório específico para as aulas de Química nas escolas compreende um desenvolvimento educacional absoluto, uma interação constante com o cotidiano dos alunos, uma alternativa para aliar a relação teoria-prática e um enorme diferencial na qualidade da preparação dos alunos para os vestibulares e para a vida.